sábado, 30 de abril de 2022

DA GARAGEM II

ontem cedo ao circular


Aonde devo ir

se já estou aqui

quiçá nem sair?


Se nesse ir e vir

dou que sou daqui

preso ao seu porvir?...


(desde que devir

sem haraquiri

do pavor por vir)


...


["urubu voa

sinto que à toa"

penso invejoso


eu saboroso

peru na roda

da pena ao osso]

quinta-feira, 28 de abril de 2022

DUPLA QUADRA DO MAURO II

do sonho dobrado em casa


Teu sol reflete

esse amarelo


porque deflete

o pesadelo


do meu castelo:


- teu palacete

que paralelo


dele é colchete.

DUPLA QUADRA DO MAURO

Belmiro ao volante


Um tal reflexo

um sol explode


mal circunflexo

pela Asa Norte:


- meio biflexo

(meio sem nexo)


no que me aporte

de rumo e sorte.

SEXTILHA DA GARAGEM III


[um mar de fragmentos

a vir por filamentos

escrevo de momentos

mermados que lamento;

rebento movimento

do bloco de cimento]

NA GARAGEM XI


[na gruta
do apego

se escuta
o ofego

da luta
de emprego

mais bruta
(mas surda)

de um ego
que turva

mais cego
sua purga]

quarta-feira, 27 de abril de 2022

terça-feira, 26 de abril de 2022

SEXTILHA COM MEU PAI

Joaquim


[meu velho

inflexo


parelho

reflexo


espelho

perplexo]

COMO A GARAGEM VEM À LUZ


A frente

amarela


o fundo

avermelha


e rente

àquela


o mundo

na grelha


apoquenta.


...


(essa luz

ao invés

de acordar


me seduz

ao revés

recordar)

domingo, 24 de abril de 2022

DA GARAGEM À MIRAGEM

como se me dá hoje essa poesia fragmentada



1. às sete

começo
topete

e teço
aulete

a letra
a frase
o verso

maquete.



(às duas

de sesta
passada

rumino
a massa

de louça
dormida

do almoço
da casa)



2. senoite
o esteta

à base
regressa

e mede

a letra
a frase
o verso

corpete
de poema

de fase
quimera:

- no tempo
cedido

de lento
acesso

perdido
converso.

sábado, 23 de abril de 2022

sexta-feira, 22 de abril de 2022

quinta-feira, 21 de abril de 2022

GAIA PERGUNTA

meio urgente


[emancipar
o humano

significará
de plano

emancipá-lo
de humanos

ou dos humanos?...]

quarta-feira, 20 de abril de 2022

terça-feira, 19 de abril de 2022

NA GARAGEM X


[a
cada
vinte

e
quatro
horas

conto
paralelo
aos
pilares
cogumelos

os
minutos
regulares
da
paragem]

SETILHA NA GARAGEM V


O dia acordou escuro

retesando todo o tudo

que alvacenta lusco-fusco:


- o arco do ventre ao túmulo

quitando-nos de acúmulos...


...


(meu dia acordou nublado

do escuro da noite em claro)

segunda-feira, 18 de abril de 2022

domingo, 17 de abril de 2022

RESSIGNIFICADA

Páscoa neste domingo


Melancolias

ensolaradas.


Monotonias

acalentadas.


Tapeçaria

acinzentada


desamparada

albergaria.


Desorbitadas

antinomias:


- acoelhado

apostólico

achocolatado


ajoelharias?...

sexta-feira, 15 de abril de 2022

À SOLTA

na mouta


[da volta
ao pó

envolta
cipó:

pernouta-
se mó

recolta-
me só]

NA GARAGEM IX

ontem cedo


O peso

rotineiro


obeso

sobranceiro


sopeso

por inteiro


coeso

no carreiro


de preso

ao roteiro:


- ileso

corriqueiro.

POEMA CHEGADO A MINIMALISTA II

esticado ao máximo


1.

O

bar

ao

ar


vem

dar

no

mar.


O

mar

do

bar


vem

dar

no

par.


2.

O

par

do

bar


é

par

do

mar:


a

par

do

ar


do

mar

so

far.


3.

O

par

do

bar


ao

ar

do

mar


a

dar

em

par


se

par

so

far:


foi

mar

de

ar


de

mar

no

bar


o

par

ao

dar


so

far

em

lar?...

segunda-feira, 11 de abril de 2022

PROMESSA DE SEMANA

amanhã santa


[que a terça

de segunda


resguarde

da quarta

longura


na quinta

a sexta

seguinte


vizinha

segura:


de um sabadeio

que domingue...]

POETANDO NO ESCURO


[na garagem


o tempo

de aragem

do verso-

miragem


defendo

bagagem

do tempo-

paragem


sedento

de viagem]

NA GARAGEM VIII


[o amarelo

que a seca

da chuva

remolha


lucivelo

relembra

paralelo


a sueca

viúva

que me olha:


maranduva

memória]

NA GARAGEM VII

hoje muito cedo


Segunda

estranha


da rua

dourando:


- alegre.


(contente


entranho

ligeiro


a cuja

que breve)

sexta-feira, 8 de abril de 2022

ESPESSO


No pessimista


artérias

dão veias


vereias

de férias


definitivas:


- do sangue

viscoso

exangue


matéria

lodosa

de mangue.

QUADRA NUM MAU TEMPO


[o cinza

me espinça

ranzinza

da pinça]

TEMPORÃ II


A chuva

checando

a seca

chegando


me pega

no sesmo

partido

do mesmo:


- saudoso

das águas

que vão


- caldoso

da lama

que dão...

quinta-feira, 7 de abril de 2022

CARPE DIEM III

liçãozinha


Tanto o bem viver

quanto o bom morrer


pedem não correr;


pedem ocorrer

decorrer


percorrer

transcorrer


socorrer


escorrer


(entre querer

poder

dever)


tudo que der

prazer.

CARPE DIEM II


Ontem

já foi.


Hoje

já é.


Amanhã

já fui...

CARPE DIEM

contra a vida tola


Por favor: deixe para amanhã

o que não precise fazer hoje.


Não deixe para hoje

o que precise algum dia fazer


antes de enfim morrer

depois de enfim viver.

quarta-feira, 6 de abril de 2022

QUADRA BUDISTA


Se pilar

coluna

pilastra


lacuna.

SEXTILHA NO PAPEL


[a cultura

da escritura


(ossatura

semeadura)


se costura

na rasura]

NA GARAGEM VI

às cegas


Na gruta

perscruto


o lusco

do claro


no fusco

do escuro


que penso

que sinto


tão caro

futuro


não raro

venturo.


...


(no entanto

do senso


maduro

do tempo


no espanto

pressinto

a escuta:


contudo

da gruta)

terça-feira, 5 de abril de 2022

DA RESSA


[cabeça

travessa

que desça


depressa

se lembra


(faunesa

dos membros)


tripeça

à beça]

DESSA POÉTICA CORRIDA


Caco

de palavra


saco

da deslavra


que me sobrar

desse meu vocabulário:


- disléxico

porque diário.


Laço

tal morfema


caço

qual esquema


for me livrar

de reconhecê-lo vário:


- do léxico

meu glossário.


...


(escrever correndo

quer dizer

morrendo?...)


[escrever morrendo

tem de ser

horrendo?...]


{escrever horrendo

vem de ser


correndo?...}

segunda-feira, 4 de abril de 2022

sexta-feira, 1 de abril de 2022

SENTENÇA QUASE ETERNA PÓS-CORONAVÍRUS

prosaico o argumento
tal o pensamento
qual o sentimento
ambos de momento


[tenho uma teoria para a exasperante
lentidão da mudança social: todos os
dias nascem pessoas que - porque
telas em branco - não se sabem
cinzentas de coisas de outras
que, nalgum momento e a
muito custo, talvez um dia
saberão ou perceberão
ou intuirão (ou mesmo
não) tarde demais]

SEXTILHA NA GARAGEM II

[o momento
sentimento
do cimento

eu, rebento
do argumento

o saliento]

SETILHA NA HORA DA AURORA


Nunca há tarde
que retarde

quando há manhã.


(mesmo noite

entrenoite
carapanã

para amanhã)