Novamente o calendário
é uma peça de vestuário
de efêmera qualidade
diante da publicidade;
adiante, outro itinerário
da mesma modalidade
promete-se necessário
(não obstante arbitrário)
como se anuário ao contrário!...
quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
OLINDA
Desde os quinhentos
pelos seiscentos
e setecentos
eram trocentos
de aventureiros
a açucareiros;
de portugueses
a brasileiros
desde os flamengos
foram trocentos
do seu mosteiro
ao seu convento;
dos oitocentos
aos novecentos
de bonecos mamulengos
aos bonecos gigantescos
sobre as casas centenárias
pelas ruas madrugadas
já são trocentos
mais de batuques coroados
e metais ensolarados...
Sempre aos trocentos:
- pois a história deste lugar
é proletária e popular.
pelos seiscentos
e setecentos
eram trocentos
de aventureiros
a açucareiros;
de portugueses
a brasileiros
desde os flamengos
foram trocentos
do seu mosteiro
ao seu convento;
dos oitocentos
aos novecentos
de bonecos mamulengos
aos bonecos gigantescos
sobre as casas centenárias
pelas ruas madrugadas
já são trocentos
mais de batuques coroados
e metais ensolarados...
Sempre aos trocentos:
- pois a história deste lugar
é proletária e popular.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
domingo, 28 de dezembro de 2014
QUADRA TSÉ-TSÉ
Sono à tarde, cedo ou tarde
vento contra, toma tempo
desde cedo, todo ou parte
deste sonho, desatento...
vento contra, toma tempo
desde cedo, todo ou parte
deste sonho, desatento...
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
CORRENDO EM BOA VIAGEM
Dia sim dia não
venho de Jaboatão;
dia sim dia não
estou no calçadão
quase em movimento
(impressão do vento?)
sob um certo peso
deste firmamento
(de Nordeste ao centro)
até que o momento
(de antemão presente)
imponha que eu pense
no que ressinto então:
- podia ser sempre...
venho de Jaboatão;
dia sim dia não
estou no calçadão
quase em movimento
(impressão do vento?)
sob um certo peso
deste firmamento
(de Nordeste ao centro)
até que o momento
(de antemão presente)
imponha que eu pense
no que ressinto então:
- podia ser sempre...
quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
TESE QUE DEFENDERIA
face a tanta maresia
A praia fatigaria
meu desejo de poesia.
O mar comprometeria
(embora estimule a liça)
mil ensejos de poesias.
A esmagadora maioria
das presenças naturais
- de homens a vela a peixes do cais
contra conspiraria:
- quando finco os pés na areia
a realidade impermeia
da natureza que brilha.
A praia fatigaria
meu desejo de poesia.
O mar comprometeria
(embora estimule a liça)
mil ensejos de poesias.
A esmagadora maioria
das presenças naturais
- de homens a vela a peixes do cais
contra conspiraria:
- quando finco os pés na areia
a realidade impermeia
da natureza que brilha.
quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
QUADRA ANÊMICA DA AREIA
... de praia que subtraia
dos sentidos a palavra
ou de melhor descrevê-la
(seria convalescença?)
dos sentidos a palavra
ou de melhor descrevê-la
(seria convalescença?)
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
QUADRA DA PRAIA
... a praia serpenteia
pela vontade alheia
que me invade - areia
aranha de sua teia...
pela vontade alheia
que me invade - areia
aranha de sua teia...
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
SEXTILHA ESTIVAL
Há uma brisa recifense
que parece que se sente
que aparece a toda gente
de um lugar independente
a vagar impunemente
do que se ache recifense.
que parece que se sente
que aparece a toda gente
de um lugar independente
a vagar impunemente
do que se ache recifense.
QUADRA ESTIVAL
Da quentura ensolarada
que acomete a madrugada
cedo sobra a passarada
a cagar toda a sacada!...
que acomete a madrugada
cedo sobra a passarada
a cagar toda a sacada!...
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
BACK TO MY AMERICAN WEST
while listening to Chris Rea's
A memória da grande pradaria
terminando nas Rochosas, seria
(porque de poética melancolia)
mais um sintoma de que poderia
ter sido outra a via - uma outra vista
então surpreendente quão indistinta
da vastidão transcendente e finita
do que ofereceria qualquer vida -
que todavia, paralela à minha
(como realidade imaginativa)
coexiste pacífica alternativa.
A memória da grande pradaria
terminando nas Rochosas, seria
(porque de poética melancolia)
mais um sintoma de que poderia
ter sido outra a via - uma outra vista
então surpreendente quão indistinta
da vastidão transcendente e finita
do que ofereceria qualquer vida -
que todavia, paralela à minha
(como realidade imaginativa)
coexiste pacífica alternativa.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
EM BRASÍLIA
última notícia
Do Gênesis, Noé
(sendo o nêmesis que é)
já desembarcou com seu dilúvio
autorizado de cima (o clima)
sobre a profecia que duvido.
Mas, em se tratando de Dom Bosco
é capaz de vir jantar conosco
sem que acabe o mundo num eflúvio
Noé, do Gênesis
(entre parênteses).
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
REVISITA 37: PRAÇA BATISTA CAMPOS
Belém do Pará
Sobram folhas caídas no banco da praça.
No cair das folhas
jaz o tempo inamovível
que passa-possante rápido-e-lépido
- o bólido do espaço indefinível
de velocidade inamovível.
Datas evocam imagens inalcançáveis
incansavelmente;
o passado é uma corda já roída
imprestável;
se quisermos sobrevergar o arco do destino
quais setas atingirão o alvo?
A saudade tapa a boca
de repente;
sons guardados na lembrança
animam o gramofone:
- a praça vazia testemunha
o que é de vida nenhuma.
O vento sibilante/balouçante/refrescante
ecoa inaudível
quando a paisagem foge à mente
(se morre o som
fantasmice)
A Batista Campos é o zoológico dos meus bichos interiores.
09/07/1984
Sobram folhas caídas no banco da praça.
No cair das folhas
jaz o tempo inamovível
que passa-possante rápido-e-lépido
- o bólido do espaço indefinível
de velocidade inamovível.
Datas evocam imagens inalcançáveis
incansavelmente;
o passado é uma corda já roída
imprestável;
se quisermos sobrevergar o arco do destino
quais setas atingirão o alvo?
A saudade tapa a boca
de repente;
sons guardados na lembrança
animam o gramofone:
- a praça vazia testemunha
o que é de vida nenhuma.
O vento sibilante/balouçante/refrescante
ecoa inaudível
quando a paisagem foge à mente
(se morre o som
fantasmice)
A Batista Campos é o zoológico dos meus bichos interiores.
09/07/1984
Um desassossego de Pessoa
"Tenho mais pena dos que sonham o provavel, o legitimo e o proximo, do que dos que devaneiam sobre o longinquo e o estranho. Os que sonham grandemente, ou são doidos e acreditam no que sonham e são felizes, ou são devaneadores simples, para quem o devaneio é uma música da alma, que os embala sem lhes dizer nada. Mas o que sonha o possivel tem a possibilidade real da verdadeira desillusão. Não me pode pesar muito o ter deixado de ser imperador romano, mas pode doer-me o nunca ter sequer fallado á costureira que, cerca das nove horas, volta sempre a esquina da direita. O sonho que nos promette o impossivel já nisso nos priva d'elle, mas o sonho que nos promette o possivel intromette-se com a propria vida e delega nella a sua solução. Um vive exclusivo e independente; o outro submisso das contingencias do que acontece."
Fernando Pessoa, "O livro do desassossego". In Obras de Fernando Pessoa, vol. X (prosa). Lisboa: Promoclube, p. 38.
Fernando Pessoa, "O livro do desassossego". In Obras de Fernando Pessoa, vol. X (prosa). Lisboa: Promoclube, p. 38.
MODESTA
Quero agora sair da gaiola
aprisionada desta poesia
toda oxidando em maresia
cerrada - sem vista para orlas
de tal modo/maneira que empola
enquadrada de forma irrestrita;
quero romper o canto das rimas
(de um gabola que se acha da hora)
ora a corromper sua assimetria;
quero partir agora do poeta
e travestir-me a vera do esteta
pateta que sou e soou poeta!...
....
(mas que autocrítica mais severa!)
[a quem convenci-me de véspera?...]
aprisionada desta poesia
toda oxidando em maresia
cerrada - sem vista para orlas
de tal modo/maneira que empola
enquadrada de forma irrestrita;
quero romper o canto das rimas
(de um gabola que se acha da hora)
ora a corromper sua assimetria;
quero partir agora do poeta
e travestir-me a vera do esteta
pateta que sou e soou poeta!...
....
(mas que autocrítica mais severa!)
[a quem convenci-me de véspera?...]
segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
QUADRA DA CORRIDA ENCAMINHADA
Aos cinquenta e cinco anos de idade
correr cinquenta e cinco minutos
é como andar de uma a outra cidade
sobre um par de joelhos resolutos.
correr cinquenta e cinco minutos
é como andar de uma a outra cidade
sobre um par de joelhos resolutos.
sábado, 13 de dezembro de 2014
DE FÉRIAS SEM FÉRIAS III
pré-litorânea
Elusiva ou ilusiva
sensação animaria
outro ser subjetivo:
- mas bloqueia adjetiva
o que então alegraria
íntimo e substantivo
de certo ponto de vista.
Ilusivo ou elusivo
retro ou retrospectivo
(decerto pontos de vista)
este estar que objetivo
mudar introspectivo
abunda por tal motivo
aparências todavia.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
DE FÉRIAS SEM FÉRIAS II
É tanto tempo livre
que livre o tempo oprime;
é tanto tempo livre
que livre o tempo exige
justo o que nunca tive
- tanto que quando o tenho
é como inexistisse
(como se me punisse)
que livre o tempo oprime;
é tanto tempo livre
que livre o tempo exige
justo o que nunca tive
- tanto que quando o tenho
é como inexistisse
(como se me punisse)
REVISITA 36: INTERROGAÇÃO
Os calos da imaginação
doem se calçados
com ideias pequenas.
Você lembra de um tempo
em que qualquer pensamento
era palavra
e esta a ação?
Não?
Deve ter sido antes de Cristo
antes da Criação
(inexistente, portanto
mas até quando?)
Deus nos deu o homem com preguiça
inacabado a quem coube a iniciativa
de completar-se
a ser feliz?
O que nos diz
a história da civilização
- dos percalços intransponíveis
aos quais pouco a adaptamos -
faz com que persista a questão:
- contemplar o completar-se, a ser feliz...
Os calos da imaginação
doem se calçados
com ideias pequenas.
03/05/1984
doem se calçados
com ideias pequenas.
Você lembra de um tempo
em que qualquer pensamento
era palavra
e esta a ação?
Não?
Deve ter sido antes de Cristo
antes da Criação
(inexistente, portanto
mas até quando?)
Deus nos deu o homem com preguiça
inacabado a quem coube a iniciativa
de completar-se
a ser feliz?
O que nos diz
a história da civilização
- dos percalços intransponíveis
aos quais pouco a adaptamos -
faz com que persista a questão:
- contemplar o completar-se, a ser feliz...
Os calos da imaginação
doem se calçados
com ideias pequenas.
03/05/1984
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
REVISITA 35: CLARIDADE
Pela claraboia passa a nova luz solar
luz solar nova porque manhã;
A manhã fresca, recente, luminosa
passa clara pela claraboia
Meus olhos namoram os flocos da luz solar
rastro de poeira da mobília sacudida;
Meu corpo transpassa o caminho para cima
solto fantasma na casa branquipálida
Passa a vida pela claraboia
vira o sótão um belo altar;
Oro sem querer, a vista para cima
à procura de um anjo no caminho luminoso
Na manhã clara boia branca a luz
de uma nova fresca a transpassar a idade;
Traz recente à mente a pálida fantasia
de um anjo nascente da poeira sacudida...
14/10/1983
luz solar nova porque manhã;
A manhã fresca, recente, luminosa
passa clara pela claraboia
Meus olhos namoram os flocos da luz solar
rastro de poeira da mobília sacudida;
Meu corpo transpassa o caminho para cima
solto fantasma na casa branquipálida
Passa a vida pela claraboia
vira o sótão um belo altar;
Oro sem querer, a vista para cima
à procura de um anjo no caminho luminoso
Na manhã clara boia branca a luz
de uma nova fresca a transpassar a idade;
Traz recente à mente a pálida fantasia
de um anjo nascente da poeira sacudida...
14/10/1983
BUTTON REVERSED
the trivial case of this Benjamin
(a Scott Fitzgerald)
A morrinha
se tem lugar
que aporrinha
de impacientar
seria no ar
que se aspira
e se expira
mais devagar
ao se espremer
(até me doer)
esta espinha
a adolescer
à tardinha
de envelhecer...
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
REVISITA 34: ALEGORIA DE UM SENTIMENTO
Meu amor
que as pedras te abandonem!...
As pedras que te tocaram
(tão frias e duras suas ásperas curvas)
terminaram te partindo em expansivos
fragmentos no tempo reincidindo
a dilatar o espaço
sideralizados.
E eu de tão triste
de precoce velhice
ansioso te acompanho acompanhável
interessado na trajetória dos teus pedaços no infinito.
Meu amor
por que cristal multifacetado
quebraste em milhares
de caquinhos irreconciliáveis?
Por acaso não teria eu forjado
para ti indivisível um aço inoxidável?
(bem sei do meu fracasso)
A chuva de estrelas cadentes
tangente ao firmamento
gera o sentimento inexplicável:
- por ti esfarelada
de mim angustiado...
Meu amor
(meu em vão sublime horror)
não escorra entre meus dedos
no vazio dos meneios;
cubra-me do teu pó divino;
deixe-me assim teu íntimo
(embora eu não possa mais ser teu amigo)
sol radiante entre belas negras nuvens!...
Depois cinza não ficaremos
faremos festa quando chover
- entrelaçados de longe
incontrastáveis atrás do horizonte...
25/07/1983
que as pedras te abandonem!...
As pedras que te tocaram
(tão frias e duras suas ásperas curvas)
terminaram te partindo em expansivos
fragmentos no tempo reincidindo
a dilatar o espaço
sideralizados.
E eu de tão triste
de precoce velhice
ansioso te acompanho acompanhável
interessado na trajetória dos teus pedaços no infinito.
Meu amor
por que cristal multifacetado
quebraste em milhares
de caquinhos irreconciliáveis?
Por acaso não teria eu forjado
para ti indivisível um aço inoxidável?
(bem sei do meu fracasso)
A chuva de estrelas cadentes
tangente ao firmamento
gera o sentimento inexplicável:
- por ti esfarelada
de mim angustiado...
Meu amor
(meu em vão sublime horror)
não escorra entre meus dedos
no vazio dos meneios;
cubra-me do teu pó divino;
deixe-me assim teu íntimo
(embora eu não possa mais ser teu amigo)
sol radiante entre belas negras nuvens!...
Depois cinza não ficaremos
faremos festa quando chover
- entrelaçados de longe
incontrastáveis atrás do horizonte...
25/07/1983
DE FÉRIAS SEM FÉRIAS
O muro sem trégua maciço das férias
- onde o corpo em repouso segrega a mente
até que esta o desregre impiedosamente -
elevou-se montanhoso à minha frente
sem régua a mil léguas de fato das férias...
... ... ...
... e por mais que eu alpinista decadente
despreocupe de escalá-lo noutra frente
(por saber que já não posso quem o enfrente)
do corpo e da mente preciso de férias...
- onde o corpo em repouso segrega a mente
até que esta o desregre impiedosamente -
elevou-se montanhoso à minha frente
sem régua a mil léguas de fato das férias...
... ... ...
... e por mais que eu alpinista decadente
despreocupe de escalá-lo noutra frente
(por saber que já não posso quem o enfrente)
do corpo e da mente preciso de férias...
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
REVISITA 33: DEDICATÓRIA
Quando em ti minhas mãos passeiam
alegres, soltas, agradáveis, febris
E tua pele arrepia; e a carne lateja
tesa e macia
Sorvemos cravados olhares do outro, dardos cadentes
dados do jogo incandescente
E nos tornamos cúmplices, verídicos
legitimamente cativos
da mesma emoção.
Paixão! A loucura senil dos velhos está na tua ausência!...
10/05/1983
domingo, 7 de dezembro de 2014
(RE)VIRANDO A (TREVA) CURVA
pistas
... da criatura apolítica
insatisfeita e acrítica
quando então conjectura
sua loucura política
travestida travessura:
- ver se estão ali na esquina
(se pregando uma doutrina)
[se golpistas na surdina]
{se um futuro que combina}
... da criatura apolítica
insatisfeita e acrítica
quando então conjectura
sua loucura política
travestida travessura:
- ver se estão ali na esquina
(se pregando uma doutrina)
[se golpistas na surdina]
{se um futuro que combina}
sábado, 6 de dezembro de 2014
NUBLADA IV
[agora chove
nos contrafortes
de alguma sorte
com epicentro
bem mais ao norte
(verão dezembro
então tropical
se parecendo
com outro Natal)]
nos contrafortes
de alguma sorte
com epicentro
bem mais ao norte
(verão dezembro
então tropical
se parecendo
com outro Natal)]
NUBLADA II
... este sfumato
chiaro cinzeiro
já ensolarando
tão brasileiro:
- por que Leonardo
não interveio
junto a São Pedro
(de Roma mesmo)
chover do afresco?...
NUBLADA
A cobertura
de baixa altura
tem curvatura
de ferradura
meio enterrada
de cavalgada
interrompida
da madrugada
amanhecida.
de baixa altura
tem curvatura
de ferradura
meio enterrada
de cavalgada
interrompida
da madrugada
amanhecida.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
(DES)SAZONAL
É todo interno
(nem sempre inverso)
o movimento
(decerto inverno)
que mal intento
agora mesmo.
Este dezembro
de veraneios
ainda não disse
ao que interveio
- por pouco triste
por pouco velho
tampouco quero
que seja menos.
Ainda que visse
no que me adentro
ainda que viesse
de outro novembro
talvez coubesse
dizer que acedo
se movimento
de outros momentos
[se primavera
de outonais eras
reconsidero]
(nem sempre inverso)
o movimento
(decerto inverno)
que mal intento
agora mesmo.
Este dezembro
de veraneios
ainda não disse
ao que interveio
- por pouco triste
por pouco velho
tampouco quero
que seja menos.
Ainda que visse
no que me adentro
ainda que viesse
de outro novembro
talvez coubesse
dizer que acedo
se movimento
de outros momentos
[se primavera
de outonais eras
reconsidero]
MANÍACO-DEPRESSIVA
Seu olhar e seu sorrir
e o que mais de você vir
(da superfície opulenta
de entranhas aos quarenta)
[eu, se olhar você sorrir
o que mais seu existir
para outro antes de vir...]
quando meus em harmonia
(da vontade que só minha)
[pois tão meus e minha, ó linda!]
são inteiros de utopia
(aos pedaços todo dia)
e o que mais de você vir
(da superfície opulenta
de entranhas aos quarenta)
[eu, se olhar você sorrir
o que mais seu existir
para outro antes de vir...]
quando meus em harmonia
(da vontade que só minha)
[pois tão meus e minha, ó linda!]
são inteiros de utopia
(aos pedaços todo dia)
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
REVISITA 32: VERBO II
Se tiveres em essência
Aquiescência
Tolerarás o absurdo
o obtuso
Dignamente farto...
11/03/1983
Aquiescência
Tolerarás o absurdo
o obtuso
Dignamente farto...
11/03/1983
REVISITA 31: VERBO
o primeiro
O vento não afaga sua pele como penso
nem perpassa seus cabelos como meus dedos.
Não há chance para nós.
Não há duas palavras para a mesma impressão.
Mas se insisto
em abraçar limitado o infinito
sou um ponto no deserto
que você vê.
19/01/1983
O vento não afaga sua pele como penso
nem perpassa seus cabelos como meus dedos.
Não há chance para nós.
Não há duas palavras para a mesma impressão.
Mas se insisto
em abraçar limitado o infinito
sou um ponto no deserto
que você vê.
19/01/1983
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
REVISITA 30: E. T.
Para além do úmido olhar
no alto negro azul, pó de estrelas
manto dos magos
gráfico do infinito
vive o amigo
perto e viajante
o menino
terno visitante
pomba da paz intergaláctica...
O êxtase extraterrestre.
03/01/1983
DUPLA QUADRA UNIPOLAR
de que me adianta tentar?
Amanheço da alegria
que alvorece dolorida
neste ensolarado dia
de estação interrompida
já que plúmbea deveria
pela quadra duplicida
mal escrita, bem chovida:
- pluviosa sensaboria...
Amanheço da alegria
que alvorece dolorida
neste ensolarado dia
de estação interrompida
já que plúmbea deveria
pela quadra duplicida
mal escrita, bem chovida:
- pluviosa sensaboria...
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
BENEFIT
Jethro Tull
... a paisagem de fora
e a de dentro, por ora
coincidem - o que acalma
minh'alma em sua vertigem
em sua sonora origem:
- a de imagem agora
daquela outrora virgem...
... a paisagem de fora
e a de dentro, por ora
coincidem - o que acalma
minh'alma em sua vertigem
em sua sonora origem:
- a de imagem agora
daquela outrora virgem...
MEU RECIFE
do alterego inclusive
Arrecifes
em que estive
- desististe
ô Euclides?
O Recife
em que estive
(indo a pique)
insististe
- porque nosso amor inclusive!...
Arrecifes
em que estive
- desististe
ô Euclides?
O Recife
em que estive
(indo a pique)
insististe
- porque nosso amor inclusive!...
ESQUECÍVEL
Em dezembro
eu me lembro
de dezembros
contratempos
de outro tempo:
- quando o vento
(que soprava
contraventos)
alentava
turbulento
desalentos
que eu levava
desatento
todo o tempo...
eu me lembro
de dezembros
contratempos
de outro tempo:
- quando o vento
(que soprava
contraventos)
alentava
turbulento
desalentos
que eu levava
desatento
todo o tempo...
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
DA CONSCIÊNCIA SEM
Jogar melhor o jogo das aparências
a fim de melhor refletir uma essência;
jogar melhor o jogo das aparências
a fim de melhor cultivar parecenças;
circular melhor pelas adjacências
na perspectiva afim de compreendê-las
(talvez melhor proteger as diferenças
e enfim administrá-las com prudência)
[ou] [ou] [ou]
... ou renunciar ao jogo das aparências
a fim de reconhecer sua impertinência
face à termodinâmica decadência;
ou mesmo argumentar pela inexistência
do jogo, das aparências, de uma essência
(talvez aquietar-se pela inexistência
de consequência alguma nessa existência)
a fim de melhor refletir uma essência;
jogar melhor o jogo das aparências
a fim de melhor cultivar parecenças;
circular melhor pelas adjacências
na perspectiva afim de compreendê-las
(talvez melhor proteger as diferenças
e enfim administrá-las com prudência)
[ou] [ou] [ou]
... ou renunciar ao jogo das aparências
a fim de reconhecer sua impertinência
face à termodinâmica decadência;
ou mesmo argumentar pela inexistência
do jogo, das aparências, de uma essência
(talvez aquietar-se pela inexistência
de consequência alguma nessa existência)
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