quinta-feira, 26 de maio de 2016

REVISITA 137: NO CHÃO TARDIO

A lua transcendente, já não mais
ilude o meu olhar, no solar da praça em frente;
gude lúdica suspensa, na sua graça hoje suspeita
jaça foi a riscar firme neste invólucro o tormento!...

Tal disco no firmamento, já não mais
desatina o meu sonhar, a rolar fora de órbita;
num flerte embasbacado, eu exorbitava surdo
de vãs virtudes órfãs, a negar de vez o mundo!...

Embaraçado dom casmurro, já não mais
parto-me indivíduos, dividindo o chão e o cimo;
e uno como um figo, e talvez convidativo

passo agora qualquer hora sobre a mesa colorida
sob a lâmpada da cozinha; com o luar de fora
embaçando a claraboia...

(a luz elétrica domestica)

31/07/2000

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