SEXTILHA QUE PICA

caseira

[numa mosca

quase aranha

há formiga

da que rosca

da que apanha

da que miga]

PROCTOLÓGICA

retórica eleitoral

O mesmo

penitente

tenesmo

renitente

do mesmo

ser nitente

torresmo

tão patente:

- o que na hora sente

utente agora prime

do que exprime

no que espreme?...

SETILHA POLÍTICA CONTEMPORÂNEA

metamorfoses de sempre o mesmo

No Brasil, qual liberal não parece

tal fascista de banho retomado

- ou justamente seria o contrário?

Fascista do rebanho reaparece

liberal que se tocou de tomá-lo:

- pois na noite que se estende aos javardos

são todos ratos e patos guepardos...

QUADRA DA GARAGEM II

[que pedra

clareia

que medra

cadeia?...]

QUADRA MESTRA

à defesa acadêmica de Vandecira

Hoje

é dia do meu bem:

- do que

celebrá-la obtém.

ESTOICISTA

[o mundo

injusto

cutelo

rotundo

venusto

é belo:

fecundo

procusto

singelo]

TRIDIMENSIONAL

(este momento

neste segundo

abre uma brecha

que passa flecha

pelo fecundo

lance do fundo:

pelo elemento

que tem na fecha

seu ferimento)

[este momento

neste segundo

porquanto lento

chega a minuto;

e avança agora

por sobre a hora

(por sobretudo

seu movimento

veloz embora)]

{neste momento

este segundo

eu curso adentro

como se tudo:

como se fado

de onde no mundo

corre um passado

meu todo o tempo

preposterado}

PENSAMENTO ESTACIONADO

num supermercado

[há garagens

de passagem

(sem vantagens

que lavagem)

e paragens

de hospedagem

estalagens:

que paisagens

numa viagem

mais selvagem

de roupagens

dão bagagem]

SEXTILHA NA GARAGEM III

bruta

[na paz

voraz

da gruta

serás

capaz

de truta]

SETILHA NA RUA

ambulando

No tráfico

do tráfego

em trânsito

edáfico

transito

trafego

trafico...

DA REAL CAVERNA

figuring out

A garagem

imperial

(sua imagem

pós-viral)

se paragem

principal

da carruagem

presencial

na miragem

material

da passagem

(patinagem

desigual)

- é virtual.

DOZE HORAS

A luz

que entra

aduz

que sai

arco

de si

largo

pra mim.

(extra

assim)

SEXTILHA DA GARAGEM IV

cedo luzidia

[a zebra

pilastra

de febra

dourada

requebra

parada]

QUADRA PATRONA

Calada

a pala

de bala

recala.

SEXTILHA DE QUATRO

[um chão

liso

molo

piso

solo

de mão]

DA ESTAÇÃO II

O dia

outonal

adia

invernal

que ardia

afinal

integral:

- um parcial

que urgia.

SEXTILHA DA CRISE

precípite

[o funil

mercantil

incivil

(todo vil

no Brasil)

me atingiu]

DO BREU DA GRUTA

amarelando

[ante

essa luz

retornando

entradamente

borbotão

algo

retiro

da escuridão

exatamente

porque não]

NOTA FUTEBOLÍSTICA

sobre o poder do dinheiro no esporte

Haaland

Mbappé

new men's land

en balompié:

- mas o velho

sobrevive

renovando

seu declive

(no cravelho

de patifes

retomando

seus cacifes)

DUPLA QUADRA PRA GARAGEM

cedo cedo

A gruta

de fora

traz frio

pra dentro

(comuta

agora

o estio

do centro)

QUADRA DA GARAGEM

[as pilastras

são colunas

capilares

eriçadas]

QUADRA QUIETA

[na garagem

o zumbido

da paragem

é comprido]

MANHÃ CEDO

Pois é

quem põe?

Café

apõe

aloé

opõe

laré

dispõe;

maré

despõe

pajé

depõe

que a fé

repõe...

EM CASA

[o frio

bravio

sadio

fatia

fastios

macios

(vadios

desvios

do estio)]

AO RELENTO

em casa

[automóvel

retangular

locomóvel

a disfarçar

hipomóvel

a cavalgar

frigomóvel

crepuscular:

intermóvel

a equilibrar

o que imóvel

exercitar]

NA TORRE V

varanda leste

O tempo

sentado

no vento

gelado

anterior

há tempo

tentado

no assento

selado

ulterior

foi tempo

estado

relento

velado

interior.

DO DOCENTE

autoestima contra a corrente

[entre portas

e paredes

pelas hortas

de afazeres

mudas tortas

outros seres

eu mão-morta

sem poderes

reconforto

meus quereres

com deveres]

DO DEBATE PEDAGÓGICO

premissa

[a vertente

que se assente

reluzente

é pendente

do docente

permanente]

ANDANDO PARA TRÁS

ao tolo professor, face

ao fracasso da educação

Ano a ano

na revira

entre o engano

e a mentira

pelo cano

que entraria

passo pano

curupira...

...

(o repto

do inepto

quem diria?...)

DOCENTE ANSEIO

[se estudantes

soubessem

o quanto antes

devessem;

se cressem

fumegantes

que dessem

dissonantes;

(saltitantes

vivessem

quisessem

trepidantes)

talvez o tal

professador

pudesse qual

reprofessor

mascarar mal

melhor pendor]

DA VIRTUAL POLÍTICA

minimalista

Não fui.

Não vou.

Não sou.

(mas ui!

eu mui

estou)

NA CAVERNA

Da garagem

vejo flores

amarelas.

(nas janelas

estão cores

de passagem

pela friagem

dos vapores

das tigelas

cabidelas

de sabores

em vantagem

para viagem

se tu fores

até elas)

DA CAVERNA

Na garagem

extintores

são vermelhos

estofados

de temores

(as imagens

do aparelho

fustigado

dão tremores)

TRAFFIC JAM

Nas vias

de acesso

em vias

de excesso

dão bias

de avesso

às raias:

- o espesso

que vias

expresso

dos dias

tem preço.

(sabias

que esqueço?...)

NA GARAGEM XII

[uns corriqueiros

estacionando

são sobranceiros

estacionários

o tempo inteiro

equacionando

seus companheiros:

"por que ordinários

se são fronteiros?..."]

SEXTILHA DOURADA II

na garagem

A manhã

infanta

do divã

levanta

no sedã

sua manta.

SEXTILHA DOURADA

A tarde

que deita

com arte

perfeita

mais arde

desfeita.

DA VERDADEIRA NATUREZA DO POEMA

repita até cansar

Poesia é forma

que não deforma.

Poesia é fôrma

que não enforna.

Poesia é orla

que não entorna.

Poesia é norma.

Poesia é arma

que não dispara.

Poesia adorna.

Poesia é carma

porque demarca.

Poesia amorna.

Poesia é jorna

porque mal forne.

Poesia é órfã.

SEXTILHA MIMADA

[um aixe

que enfaixe

e espiche

rebaixa

que encaixe

fetiche]

QUINTILHA GRISALHA

[eu passo

que peço

serviço

que posso

eu ruço]

PROFANO OFÍCIO

O cartório

onde arquivo

do castelo

seu registro

ordenado

merencório

não foi zelo

nem barato

paralelo

que de fato

incentiva

contrafeito

alheatório

contra a vida

imperfeita

que o revide.

CAVERNA NA TERÇA

Garagem

deserta

imagem

aberta

paragem

incerta

da aragem:

- miragem

na certa.

DUPLA QUADRA DA LANTERNA

docente Diógenes

O vento

alteia

o bento

da teia.

...

(meu vento

rasteia

um bento

que leia)

DOCÊNCIA II

[segue a pressão

entre um minuto

e outro

entre uma hora

e outra

sob a questão

entre uma escola

e outra

sem discussão]

DUPLA QUADRA NA GARAGEM V

O sol

que entra

em prol

do extra

estol

listra

pilar

my car.

DA GARAGEM IV

aurora criativa II

[um fragmento

do pensamento

(porque o atento

procedimento)

num movimento

com sentimento

eu trago e alento

como um assento

sobre o cimento]

DA GARAGEM III

aurora criativa

[no ermo

da mente

espremo

contente

um termo

mormente

supremo

repente

pendente]

CONSERVADORA

[o berto

coberto

a berta

coberta

soberbos

na oferta

do verbo

manceba

na verba]

SAIMENTO

A luz

amarela

o cinza.

(o sol

charamela

sua vinda)

[o céu

azuleja

tua ida]

QUADRA DOCENTE

promessa

[o que fiz ontem

eu disfarço hoje e

refaço amanhã:

eu traço manhãs]

DUPLA QUADRA SUJEITA A SUJEIRA

Na garagem

há viagens:

da paisagem

faz miragens.

(a garagem

jaz viagens

na miragem

de lavagens)

CAVERNA POLÍTICA

É duro

às vezes

acordar

no escuro

alfrezes

a topar

qual muro

a meses

de escalar

(conjuro

das reses

de apartar)

FLATIRONS

Boulder Colorado USA

[me lembro

descendo

o vento

esquiar

a pedra

suspensa

cortada

propensa

no ar]

OUTRA GARAGEM

mesma bagagem

[na caverna interior

cá um angiporto

sonho com meus mortos

mas antes sonhador

e deles anterior

eu que estou mais morto:

foi pelo derredor

que nos seus desportos

fui derrotado por

algo que transporto

ultrapassado mor

que se fez aborto]

SENOITE II

A luz

endurece:

- aduz

que emudeça

já luz

que escurece.

ODE MÍNIMA À GARAGEM

O dia vindo

que se deslinda

te deixa linda

aurora ainda;

e assim gracinda

de solar viço

me faz bem-vindo

nesse serviço...

...

...

...

Receptiva

és minha amiga;

objetivo

sou tua lombriga

nos intestinos

da pedra fria

que parasito

hospedaria.