João Vitor, Salomão, Cecília
e a quem vir ainda
Sistema solar
no segundo andar.
(o sistema solar
num segundo estelar
prometeu escalar
pelo céu descendo neste andar)
[bolas de tênis, papel, bilhar
espalham-se a espelhar
Mercúrio, Vênus, a Terra, o mar
e o resto do sistema solar]
{bolas de tênis, papel, bilhar
e o que mais constelar
(livros, mapas e um sofá, so far)
centrifugam o olhar...}
quarta-feira, 30 de janeiro de 2019
terça-feira, 29 de janeiro de 2019
MODO PROTEU
As condições
de produção
dos poemeus
nesta estação
entre serões
de maniqueus
dão na questão
do que sandeu:
- se é fariseu
ou apogeu
se não o invés
que prometeu
a contramão
ao rés do chão...
segunda-feira, 28 de janeiro de 2019
sábado, 26 de janeiro de 2019
VIRAGEM
Vento & chuva
lua baixa:
- bento à uva
já na caixa
mas rebaixa
catanduva
(rua & faixa
de saúva)
lua baixa:
- bento à uva
já na caixa
mas rebaixa
catanduva
(rua & faixa
de saúva)
quarta-feira, 23 de janeiro de 2019
NAUTILUS
... o barco
do dia
atraca
fadigas
no porto
da noite
que obriga...
... e aguarda
neblinas
de um sono
que oculte
o fardo
do sonho
na vida...
terça-feira, 22 de janeiro de 2019
TERRITORIAL IV
update
Fui uma criatura da Asa Norte.
O resto da cidade - segue sendo a morte...
(agora casa
não mais apê
embora rasa
segue a tevê)
[antes urbano
o desalento
é suburbano
depois que atento]
{no Jardim Botânico
futuro do passado
sou adubo orgânico
enfim reprocessado}
segunda-feira, 21 de janeiro de 2019
REVISITA 167: BOULDER BROKER
último poema da caderneta
Um bar
como o ar leve
de um breve par
é uma seve:
- pode se dar
junto à neve.
(longe do lar
deve)
1996
Um bar
como o ar leve
de um breve par
é uma seve:
- pode se dar
junto à neve.
(longe do lar
deve)
1996
domingo, 20 de janeiro de 2019
sábado, 19 de janeiro de 2019
sexta-feira, 18 de janeiro de 2019
ECOLÓGICA II
A massa verde
o que recolta
do que se perde
à minha volta
ondula ao vento
algo saudosa
daquele tempo
paleozoico:
- quando essa fauna
era da flora
e a nossa história
somente estória...
quinta-feira, 17 de janeiro de 2019
REVISITA 166: DESILUSÃO DE BAR
Como vejo a moça em fuga
pela esquina à direita?
A que menos fuma
ou a que aligeira
algo desatenta?
Não sei ainda. Deveria?
Nem promessa tenho
que assente
um sentido numa notícia...
Mas linda
alguém dali virá
ao cenho:
- na curva lógica da mesa
razão da cadeira
paixão cervejeira
numa ilusão de estar...
1991
quarta-feira, 16 de janeiro de 2019
terça-feira, 15 de janeiro de 2019
REVISITA 165: PLENO ÁCIDO
Há um vazio
mal preenchido
gente demais.
Faces profusas
dançando à frente
fátuas seduzem
pesadamente:
- cada uma
uma promessa
espuma, quimera
plúmbea.
O que de raso
ali no fundo
há no espetáculo
de figurante
não tão pardacento?
Demônios, personagens
inadministráveis;
gênios do conhecimento
contraditórios;
riqueza alheia
a qualquer certeza;
performances, vômitos
indômitos romances...
Vou navegado
disposto à mesa
dono de nada
entre as cadeiras;
entregue a desígnios
que ignoro
fado convicto:
- mal preenchido
gente demais...
26/11/1991
segunda-feira, 14 de janeiro de 2019
REVISITA 164: NÊMESIS
aos pedaços
Madrugada.
são agora da memória:
1991
Madrugada.
O sibilo do silêncio
desperta nele mesmo
uma impressão tua:
- em mim, como fica?
Ângulos do teu rosto
o rico sorriso, o todo gostoso
cruzam comigo a noite
avultando muito:
- perseguem o quê?
Detalhes menores, em suma
subvertem a minha causa
a sua pausa justa
a sua pausa justa
(deixá-los em suma paz).
Impulsiva, a caneta
deita sílabas, sentenças
deita sílabas, sentenças
sobre o branco que me deu
o teu gozo repetindo
uivos roucos nos ouvidos
comandando fibrilante
dedos noutros orifícios...
Fonemas, poemas
mãos dadas, tomadas
mãos dadas, tomadas
são agora da memória:
- mas um sonho bate à porta
diligente à nossa procura
desejoso de cura
alguma.
Dolorosamente
recorto do teu corpo
a juba, a pele, a vulva
o hálito dos pelos negros;
e curvas, dobras, a fenda rubra
por onde não mais estão
aonde não se descubra...
aonde não se descubra...
[tudo que escorre e pinga
dessa carne viva
cadafalso me tortura
o equilíbrio neste momento
sem o teu tempo]
1991
REVISITA 163: FOGUEIRA
O que é o bar
senão o exacerbar
de incertas expectativas?
O que é o bar
senão concertação
salivar especulativa?...
Nele, predomina a vaidade
reduzida à necessidade
premente de novos arranjos.
(enganos?)
E cada mesa, cartucheira passional
porta intimidades
exteriorizáveis
passíveis de explosão
se a cota do álcool engatilhar...
Grande divã, o bar.
1991
SUBSTANCIALISTA
A vida
é mais
do que
[não ter sorte
ganhar porte
fazer a corte
tratar o corte
perder o norte
tomar um forte...]
sobreviver à morte.
sábado, 12 de janeiro de 2019
REVISITA 162: HORA FELIZ
A luz oblíqua
na branca toalha
arruma a mesa às cinco.
A tarde ubíqua
já deita poalha
num bar qualquer do mundo.
A rua, afora
trepida seus calores;
adentro, chacoalha
ideias nas cervejas.
Turvas figuras
estacionando
abrem sorrisos;
aguardam delirantes
a tal mirada errante
que solamente as veja.
Na hora à toa
o ocaso voa
da espuma à boca;
na sua festa
toda amarela
cabe, ludo
tudo, quase:
- o acaso absurdo
desde que se esqueça;
desde que derreta
temores de amores...
31/10/1991
na branca toalha
arruma a mesa às cinco.
A tarde ubíqua
já deita poalha
num bar qualquer do mundo.
A rua, afora
trepida seus calores;
adentro, chacoalha
ideias nas cervejas.
Turvas figuras
estacionando
abrem sorrisos;
aguardam delirantes
a tal mirada errante
que solamente as veja.
Na hora à toa
o ocaso voa
da espuma à boca;
na sua festa
toda amarela
cabe, ludo
tudo, quase:
- o acaso absurdo
desde que se esqueça;
desde que derreta
temores de amores...
31/10/1991
sexta-feira, 11 de janeiro de 2019
REVISITA 161: ABSTÊMIO
Penso
num bar.
Atento ao ar
tento poetar.
Mau poeta.
Já sinto
há tempo
que o vácuo
no mar
por dentro
reclama
a seco:
- se me abstenho
mau declamar...
1996
num bar.
Atento ao ar
tento poetar.
Mau poeta.
Já sinto
há tempo
que o vácuo
no mar
por dentro
reclama
a seco:
- se me abstenho
mau declamar...
1996
quinta-feira, 10 de janeiro de 2019
REVISITA 160: LOLITA
poema de caderneta
A tua pouca idade
um pouco me assusta.
Seduz este rebelde
aquém daquela curva.
Será a tua idade?
Será porque és beldade?
Será porque se sabe
o que desestrutura?
Ou que por qual metade
verá tal impostura!...
...
(o que então resulte
dessa infantilidade
tampouco nos machuque
na hora da verdade)
1991
Nota relativamente importante
Ontem, encontrei uma caderneta de poesia, perdida na papelada transferida para a Torre Nova. Trata-se de alguns poemas que esbocei em 1991 e 1996, respectivamente, e que não foram concluídos. Correspondem a um período marcado por certa boemia, pela vida acadêmica doméstica e estrangeira, e por (des)ilusões amorosas.
Como no caso do material anterior ao Sol Reflexo, considero o conteúdo da caderneta bastante desigual - neste caso, imprestável na sua maior parte. Ainda assim - talvez mais por uma questão de registro -, decidi reaproveitar o que for possível nos termos do Projeto Revisitas, realizado aqui no blog entre julho de 2014 e outubro de 2016.
A numeração dos poemas seguirá a do Projeto.
Vamos ver no que dá.
M. B.
Como no caso do material anterior ao Sol Reflexo, considero o conteúdo da caderneta bastante desigual - neste caso, imprestável na sua maior parte. Ainda assim - talvez mais por uma questão de registro -, decidi reaproveitar o que for possível nos termos do Projeto Revisitas, realizado aqui no blog entre julho de 2014 e outubro de 2016.
A numeração dos poemas seguirá a do Projeto.
Vamos ver no que dá.
M. B.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2019
EM JANEIRO III
O tempo acordado
um tempo sonhado
é tempo dormindo
desapercebido.
(do tempo passando)
terça-feira, 8 de janeiro de 2019
DO CLIMA
A insistência
do tempo claro
no espaço limpo
pede chuva.
Uma que turve
a inconsciência
da fantasia
idílica
do que chuvisca.
SENTADO
O sol
dourado
me ignora.
Seu brilho lá fora
chorrilho
tem hora;
cá dentro me viro
se tenho paçoca
polvilho
pipoca
tevê
e você...
...
Translúcido
se lúcido vou
à disposição
(terçol se não)
prum banho de luz
moreno andaluz
que então me seduz
do filtro solar
qual o problema do tema
arisco do tempo a calhar?
O sol que existe
pelo chuvisco
segue o seu curso;
eu sigo triste
(contigo em riste)
o que consigo
do telecurso...
...
A lua minguante
na tela crescente
o bastante...
Ignoro?
segunda-feira, 7 de janeiro de 2019
EM JANEIRO II
O dia passa
(a manhã anda
a tarde corre
a noite voa
a madrugada)
e aqui à toa
no alto da torre
a mente nada
na linha d'água:
- entre uma banda
e alguma onda
nalguma frágua...
domingo, 6 de janeiro de 2019
SONETO MINEIRO
pedalada súbita
Belo horizonte
o de Brasília
da caminhada
ou da corrida;
belo horizonte
o de Brasília
sem ais defronte
nem mais homília:
- como se ponte
para as vigílias
detrás os montes
fosse uma fonte
de juvenílias
pelas Marílias...
sexta-feira, 4 de janeiro de 2019
QUADRA QUÁDRUPLA ARACNÍDEA
A teia
candeia
a ceia
maneia.
(a teia
bateia
a ceia
baleia)
.
.
.
[a teia
arreia
a ceia
de areia]
.
.
.
{a ceia
medeia
a teia
na veia}
quinta-feira, 3 de janeiro de 2019
CRUA
É isto:
a casa
(de vidro)
é este
espelho
ubíquo
de um ego
ampliado
que finge
resguardo.
[que penso
que vejo
às vezes
mais claro
mas sinto
que tenho
mais vezes
opaco]
{que faço
das pazes
meu revés
reflexo
das fezes
ao invés}
SOLIDÁRIA
Um morcego
apreensivo
voa cego
relativo
sem pespego
voo crivo
nem sossego
distintivo...
(intrusivo
dele ofego
meio esquivo
o alterego)
quarta-feira, 2 de janeiro de 2019
EM FRENTE À TEVÊ XXVII
férias sérias
Angular a tevê
regular o sofá
todo jabaculê
talvez seja quiçá.
(o que então se revê
de tão retangular
tanto enquadra você
como a sala de estar)
[não saber o porquê
de ver quadrangular
deixa mais a mercê
a preguiça assentar]
{angular o clichê
regular o acará
quando pagam cachê?
quanto nos levará?...}
Angular a tevê
regular o sofá
todo jabaculê
talvez seja quiçá.
(o que então se revê
de tão retangular
tanto enquadra você
como a sala de estar)
[não saber o porquê
de ver quadrangular
deixa mais a mercê
a preguiça assentar]
{angular o clichê
regular o acará
quando pagam cachê?
quanto nos levará?...}
terça-feira, 1 de janeiro de 2019
NA IDADE MÉDIA
inauguração
Ouço fogos
pelo charco
entre rogos
algo parcos
sem que o jogo
(seu navarco)
cesse o fogo
nesse barco.
Hidragogos
seus hiparcos?
Polemarcos
demagogos?
De outros narcos
desafogo?
Porta-fogo
de olhizarcos?...
...
(pedagogo
desembarco?)
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