virou o fio
Vosso simão bacamarte
(jabuticaba destarte
de uma Pindorama à parte)
ao sair porta-estandarte
de uma justiça à la carte
(seu caricato baluarte)
fez tantas e quantas artes
além das cinzas do aparte
(do devido a contrapartes)
[indevido a quem comparte]
que pensam enviá-lo a Marte
numa nave que o descarte.
...
Caro simão malasarte:
- quem irá enfim fritar-te?
sexta-feira, 31 de março de 2017
quinta-feira, 30 de março de 2017
NO GUICHÊ
Cacos, pedras, cascas
(ao escorregares)
são o que descascas
quando regulares
sobretudo as lascas
(nos mais populares)
do hábito, costume
(entre mil tapumes)
de próximo o estrume.
DESTA SUBESPÉCIE
mamamos
cagamos
crescemos.
Adolescemos
acreditamos
amotinamos
retrocedemos.
Adulteramos
correspondemos
readaptamos
reproduzimos.
Madurecemos
repaginamos
envelhecemos
tremeluzimos.
Apodreçamos.
domingo, 26 de março de 2017
NA PÓS-EDUCAÇÃO
contemplação
A sala
vazia
carcaça
sombria
desmembra
sozinha.
Deslembra
que havia
profundo
na guia
um mundo
de dias
que espaça
vizinho:
- são luzes
na noite
velando
seu norte
cuidando
de aportes
dicando
na treva
da sorte
que fosse.
A sala
vazia
carcaça
sombria
desmembra
sozinha.
Deslembra
que havia
profundo
na guia
um mundo
de dias
que espaça
vizinho:
- são luzes
na noite
velando
seu norte
cuidando
de aportes
dicando
na treva
da sorte
que fosse.
quarta-feira, 22 de março de 2017
DO ATUAL CONTADOR ANCESTRAL
contínuo
Sábados
segundos
das terças
(o normal);
domingos
quartados
das sextas
(o ideal);
feriados
à beira
dos quintos
(afinal)
consigo
fecundo
no ábaco
digital.
Sábados
segundos
das terças
(o normal);
domingos
quartados
das sextas
(o ideal);
feriados
à beira
dos quintos
(afinal)
consigo
fecundo
no ábaco
digital.
terça-feira, 21 de março de 2017
QUADRA GOLPISTA XXXVI
pequeno desagravo a Eduardo Guimarães
Nosso savonarola
hoje deu de papola
ao sacar sua pistola
resservida à corriola:
- dividindo de sola
outra perdida bola
vosso savonarola
(sobre o muito que viola)
muda mouco de escola...
Nosso savonarola
hoje deu de papola
ao sacar sua pistola
resservida à corriola:
- dividindo de sola
outra perdida bola
vosso savonarola
(sobre o muito que viola)
muda mouco de escola...
segunda-feira, 20 de março de 2017
QUADRA RESILIENTE
recordando Euclides da Cunha
Nós somos um país
de elites predatórias
e classes médias imbecis
renegando os múltiplos Brasis.
***
[nossas chances de história
(de virar essa estória)
virão da dita escória
corja/súcia/gentalha
malta/turba/escumalha
amassada argamassa:
- a plebe/o povo/a ralé
numa direção do pé]
Nós somos um país
de elites predatórias
e classes médias imbecis
renegando os múltiplos Brasis.
***
[nossas chances de história
(de virar essa estória)
virão da dita escória
corja/súcia/gentalha
malta/turba/escumalha
amassada argamassa:
- a plebe/o povo/a ralé
numa direção do pé]
domingo, 19 de março de 2017
Paraninfando em tempos sombrios
(na formatura do curso de Jornalismo do Centro Universitário de Brasília, anteontem)
"Senhoras e senhores aqui presentes,
Boa noite!
Fui convidado pela turma de Jornalismo desta formatura para ser seu paraninfo. Os dicionários, em geral, registram dois significados básicos para esta palavra.
No primeiro sentido, paraninfo significa o indivíduo escolhido pelos formandos para ser homenageado por eles na sua cerimônia de colação de grau. No segundo sentido, paraninfo significa o indivíduo capaz de defender ou apoiar uma ideia, uma tese, uma causa. Nos dois casos, o paraninfo tanto fala para os formandos quanto fala pelos formandos, nesta ocasião especial que é a sua formatura. Isto é o que pretendo fazer agora.
Começo pelo primeiro significado do ser paraninfo. Inicialmente, gostaria de agradecer aos formandos a honra que me concederam. Foram três anos e meio de convivência intensa, com os altos e baixos típicos das relações prolongadas, complexas e difíceis. Ao final, o que de fato importa é que vocês concluíram essa trajetória com sucesso, sendo esta a razão de estarmos aqui, celebrando juntos o triunfo de vocês.
Importa também reconhecer, e agradecer, o apoio inestimável que vocês tiveram dos familiares, dos amigos, e das demais pessoas que estiveram com vocês durante esse processo. Muitas vezes, falhamos em reconhecer devidamente o papel das pessoas que nos amam para o nosso sucesso; especialmente as pessoas que se fazem presentes nos momentos difíceis. Quando vencemos, tendemos a achar que o mérito é individual, diminuindo a importância do chamado 'entorno' para a nossa vitória. No entanto, as pessoas que bem nos cercam - na família, na escola, na vida - são fundamentais. Elas são sempre fundamentais.
Por isso, parabéns aos pais, familiares, amigos e amores destes formandos! Parabéns aos professores e funcionários do UniCEUB envolvidos com a formação desta turma! Parabéns a todos que participaram, de alguma maneira, deste processo bem-sucedido!
Pois bem. Passo agora ao segundo significado do ser paraninfo. Se nesta noite falo para os formandos e pelos formandos, a única ideia que neste momento me cabe defender é a do Jornalismo, a ideia do melhor jornalismo - aquele jornalismo que cumprirá aos formandos desta noite, a partir de amanhã, realizar. Este é o jornalismo que eles, em tese, aprenderam na faculdade. Também é o jornalismo afirmado e reafirmado nas centenas de códigos de ética jornalística que apareceram nos últimos 120 anos, em diferentes lugares do mundo.
Serei objetivo.
O melhor jornalismo é aquele que tem como base o direito fundamental do cidadão à informação de relevante interesse público. O exercício deste direito - e portanto, deste jornalismo - não pode ser impedido por nenhum interesse menor, particular ou privado.
O melhor jornalismo é aquele comprometido com a verdade factual, de relevante interesse público. Para que este compromisso seja realizado, as respectivas liberdades de expressão e de imprensa, direitos e pressupostos do exercício do jornalismo, implicam compromisso com a responsabilidade social do jornalista, inerente à profissão. Tais compromissos não podem ser impedidos por nenhum interesse menor, particular ou privado, corporativo ou partidário.
O melhor jornalismo é aquele comprometido com as condições estruturais e conjunturais que lhe dão sustentação, as quais, por sua vez, são sustentadas pelo melhor exercício deste jornalismo. Ética, liberdade, responsabilidade; compaixão, sensibilidade, humanidade; respeito à pluralidade das opiniões e perspectivas; respeito à diversidade dos modos de vida. Compromisso com direitos e deveres que só se realizam plenamente no âmbito da democracia.
O melhor jornalismo é aquele que defende a democracia, porque dela depende visceralmente. No nosso caso, o melhor jornalismo é aquele que defende a nossa democracia - seus valores, suas instituições, e as práticas democráticas da cidadania. Vivemos um período histórico no qual a nossa democracia, tão duramente conquistada, se encontra ameaçada por interesses menores, mas poderosos, neste exato momento empenhados na revogação dos nossos direitos civis, políticos e sociais. Como a história reiteradamente nos tem mostrado, quem acabará pagando mais por isso serão aqueles menos favorecidos, mais vulneráveis, e portanto com menos condições de se defenderem.
Num momento como este, o melhor jornalismo é aquele que defende os interesses mais importantes do conjunto da cidadania. O exercício deste jornalismo é o que, de coração, eu mais desejo a vocês, queridos formandos e formandas!
Porque dele muito precisamos.
Parabéns e muitas felicidades!
Obrigado."
segunda-feira, 13 de março de 2017
QUADRA GOLPISTA XXXV
dos medos de demos
Há um fantasma no palácio
de alvoradas no planalto
entre fantasmas à feição
dos ferecrácios de ocasião:
- ectoplasma cidadão
(o demo, dizem por alto)
que assombra outra assombração.
...
Mas o que é tal espectro
se mal rima com 'plectro'
face ao abantesma em versão
de carne, no osso, de plantão
(da sua laia silectro)
que insiste em morar onde não
- em demorar nossa aflição?...
domingo, 12 de março de 2017
DA GRATIDÃO
A velhice
chega logo
se arrastando
sobre o fogo
não tão brando
da crendice
de que o jogo
terminando
foi tolice.
sexta-feira, 10 de março de 2017
quinta-feira, 9 de março de 2017
terça-feira, 7 de março de 2017
segunda-feira, 6 de março de 2017
EPICURISTA VIII
Eu empurro para amanhã
o que posso fazer hoje
a fim de aprazer a manhã
ensolarada que foge.
(ele ocupa com presentes
imaginativamente
entrementes o presente
mas imaginariamente)
[desocupa o que é evidente
de heranças e esperanças vãs;
de hojes de ontens e de amanhãs
contratempos condicionais]
{alivia o que é pendente
porque fino fio tênue
dependura dores e elãs
contraventos adicionais}
Neste fino fio tênue
- onde a vida equilibrista
pede a mim que continue -
vivo a minha trapezista.
(talvez peixe que se deixe
que se deite numa rede)
RETRO ESPECTRO
Eu não sabia
que em vão sabia
se não queria;
porque seria
serões de dia
parques de noite
verão que eu via
verões que havia
e todavia
senões e açoites
filões e guias;
e agora à noite
tarde na vida
cedo curtida
(ora curtida)
sei que podia.
sábado, 4 de março de 2017
quinta-feira, 2 de março de 2017
COFFEA ARABICA
declaração de amor
Meu café
de preto, pobre, puta, ralé
faz com que eu tenha fé.
Meu néctar, a pé
anda, corre, nada, voa até
batoré.
Barnabé
meu café dispensa rapapés
porque de nascença
sua onipresença
na nossa potente consciência
das marés.
Capilé
meu café me pensa em canapés
porque de boa-fé
aquela que cheira
à cafeteira da minha sé:
- evoé!
Meu café
de preto, pobre, puta, ralé
faz com que eu tenha fé.
Meu néctar, a pé
anda, corre, nada, voa até
batoré.
Barnabé
meu café dispensa rapapés
porque de nascença
sua onipresença
na nossa potente consciência
das marés.
Capilé
meu café me pensa em canapés
porque de boa-fé
aquela que cheira
à cafeteira da minha sé:
- evoé!
quarta-feira, 1 de março de 2017
CINZEIRO
carnavalesco
[tumular
o avatar
devagar
a amuar
'de foder
o poder
do prazer
desfazer!'
ao nadir
coincidir
ir e vir
ao luzir
estertor
como o ardor
sem humor
do pudor
findo o tour
pelo alhur
mas adur:
- deleatur!...]
[tumular
o avatar
devagar
a amuar
'de foder
o poder
do prazer
desfazer!'
ao nadir
coincidir
ir e vir
ao luzir
estertor
como o ardor
sem humor
do pudor
findo o tour
pelo alhur
mas adur:
- deleatur!...]
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