sexta-feira, 30 de setembro de 2016

REVISITA 158: SONETO A DUAS FOTOS

Azul, azul, azul, azul...
Verde, verde, verde, verde...
Azul-verde, verde-azul
de luz, luz, luz - muita luz

deitando o horizonte do Recife
diante dos meus olhos brancos
de susto! E do branco imaculado
da tua silhueta explodindo

(toda um sorriso)

que tão generosa, arrisco
a dizer - amalucado de vez
que vou tentar tudo outra vez

reabrindo o abismo
a estação das quedas
das janelas abertas

(ao infinito)

16/04/2006

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

DO DUPLO NEGATIVO

sorteio positivo

O vazio por dentro
e o fastio por fora

(o fastio que adentro
e o vazio que sobra)

esvazio do espelho
cabeceira de outroras

sem receios agora
(custeio de epicentros).

Ao que cobra do evento
nessa bolha que aflora

menos ressentimentos
mais atenção às horas;

ao que dobra no tempo
depurado por ora

mais reverdejamentos
menos sonhos de auroras

além do apontamento
de passados, embora

e aquém, na incubadora
dos vãos que experimento...

[eu espelho, da obra
refletindo o que avento

do duplo negativo:

- vazios que esvazio
somando relativos...]

terça-feira, 27 de setembro de 2016

FIM DE FESTA

estrutura

A exaustão
de salão

animal
deste chão

é um sinal
gutural

que o piso

antemão
de arrimo

(que sai nos
repisos)

esvai mal.

domingo, 25 de setembro de 2016

Poética dura

na passarela subterrânea 115/215 Norte

"Existe melhor
remédio para a
memória que o
rancor?"

sábado, 24 de setembro de 2016

REVISITA 157: PRESUNTIVA

... ora, se a vida, perguntada
numa forçada de beira de estrada
sobre a vida, descansando a caminhada
do peso da estiva, suada

a vida, feita oráculo, depararia
consigo reflexiva, e conjunta pararia;

por ali, resistiria
pensativa, acabrunhada
desolada, súbito solidária
da comum ignorância das vidas

ciente que, tal ciência existisse
na vida de si constitutiva
algo saberia; e se se inteirasse da vida
a si tudo contaria...

12/03/2006

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

QUADRA SEM LUZ

A CEB

casebre

dá sede

à febre.

A CHUVA II

... é um temporal

mas espacial:

- de vertical

a horizontal

noventa graus...

A CHUVA

... para o bem, para o mal
somente um temporal

sobre o bom, sobre o mau
num mesmo temporal

animal, vegetal
particular, geral

apenas temporal:

- salutar e brutal
por ardor mineral...

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

ANTES DAS CHUVAS


A névoa seca

suspende poeiras

- e nada adensa;


sua cinza preta

pinta cadeiras

- mas nada assenta.


Brisa que sopre

de bananeiras

- nada acrescenta;


sombra que mostre

ser companheira

- tem companhias.


À bicharada

bicas rachadas

- pouco compensa;


o clima espera

outras sujeiras

- mais liquefeitas.


(o tempo apresa

o que percorre

sem tais parteiras;


o tempo apressa

o que decorra

das imperfeitas)

...

[no meio disso

há o que ressinto

porque mau cheira]

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

QUADRA RESISTENTE VIII

Curitiba

O ódio de classe
veste de preto

alguns fugaces
(piccolo fascio)

nalgum coreto
(piccolo fiasco)

em prima instância.
Sequer distância

do desenlace
mantêm direito

tal o rapace
desses rapazes

mal escorreito:

- o ódio de classe
mente ligeiro

tanto os falaces
quanto terceiros

quando sequazes.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

QUADRA RESISTENTE VII

à militante anônima das ruas

Estrangeira
companheira
de carreiro

a despeito
do receio
com que vejas

cavaleiros
brigadeiros
carniceiros

(de sujeitos
cavalheiros
pelos becos)

sobranceira
brasileira

és primeiro
candeeira:

- a porteira
a carteira
a parteira

arquiteta
engenheira
e pedreira

jardineira

do perfeito
jasmineiro!...

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

QUADRA RESISTENTE VI

lambendo as feridas

Quando o chão e o teto
se vão por completo

e o tal 'novo normal'
tão aquém conjuntural

além de concreto
se afirma estrutural

'natural' e velho
(mas mais piramidal)

nos creem agora objetos (de insetos)

animais putrefazendo obsoletos.

...

Frente a grã-notáveis monstros paradoxais

cidadãos (in)quietos

fomos arquitetos

de alguns meridionais
'projetos nacionais'

por ação e omissão

provectos e não.

[por razão de paixão
houve saída não]

...

{por paixão da razão
também haverá não}

domingo, 18 de setembro de 2016

REVISITA 156: SÁBADO GASTO II

O fato da linguagem
humilde no limite

é certo, não exime
teu olhar de me operar

(a mente triste em riste)

num dedo de linguagem.

11/03/2006

sábado, 17 de setembro de 2016

QUADRA ALCOÓLICA

Desmaia a tarde

de parte a parte:

- eu meio tarde

creio que parte...

REVISITA 155: SÁBADO GASTO

... abstrai(-se) tanto assim

se de método carece
(mais guias, margens, juízos)

e paragens abastece
(de larvas a mosquitos)

qual vencida maionese

que às tripas apodrece...

11/03/2006

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

terça-feira, 13 de setembro de 2016

QUADRA RESISTENTE IV

no país de Marcela

Brasil:

- abril
brasil

anil
brasil

civil
brasil

gentil
brasil

servil
brasil

gazil
brazil:

-- Plasil.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

QUADRA RESISTENTE III

urubuservando


O farsante

- como bom amante de um poder minguante -

sonhando

segue espiralando.


Contra a realidade

sua idade

- cronologia afã de um mesmo lodaçal -

é o pior sinal.


Desse divórcio, de certa propriedade

escaldante

(do fático afinal

penando)


resulta que açodado, repuxa adiante

sua verdade:

- truz degenerando

figadal.

domingo, 11 de setembro de 2016

DIANTE DE UM DEUS DAS PALAVRAS

pensamento segundos antes de iniciar mais uma releitura de Uma faca só lâmina, poema maior de João Cabral de Melo Neto

Aí vem o monstro

em tirambaços
de verso exato

me complexar
fígado e baço

ao acertá-los

(sem complexificar
o que precisar).

sábado, 10 de setembro de 2016

PARA MORRER E VIVER

autoajuda

Não há muito o que fazer
quando cansamos de ver

(quando cansamos de ler
interpretar e aprender).

Mas há muito o que trazer
quando cansamos de haver

terceirizado o dever
do acumulado poder

ao reconhecermos ter
sido alguém para esquecer:

- primeiramente o prazer
de ultimamente querer

[para em seguida querer
ultimamente o prazer]

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

REVISITA 154: ARCAICA

Pressinto do centro à beirada
(no limite do que é da minha alçada)
o abismo - o indefectível velho vento
frio ancestral que irrespiro

há muito; e que sempre quase toco
(palpável poeira irremovível)
quase sempre bloco intransponível
vindo raiz de cima em granito

com asas; levíssimo perseguidor
das minhas caçadas - do certeiro tiro
que atiro nunca porque serrador

da beirada; poleiro do centro
refrigerador semi-perpétuo

desse movimento
que presente incompleto.

12/12/2005

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

NOS COVIS DO CRÂNIO

com licença a Hegel (e Nietzsche)

Poemas livres, gostaria
de escrevê-los, todavia

na minha caixa craniana
demasiadamente humana

outra caixa, que a limita
de outra caixa, que a restringe

recompõe qualquer limite
que a segunda antes restrinja...

Poemas livres, eu queria
que soubessem o que rima

covardia (ousadia?)
com colina (sem esquinas)

para ver o que haveria
mais prosaico que poesias...

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

terça-feira, 6 de setembro de 2016

QUADRA RESISTENTE II

questão prática

No Dia da Pátria
que fazem de otária

marcharão seus párias

ou suas alimárias
desmancharão várias?...

...

[que tais diferenças
se não de nascença

sejam de presença

e não pituitárias!]

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

DO 'PROFESSOR (sic) SEM PARTIDO'

pedagogia do comprimido

Sou propedeuta
nada hermeneuta

do que conheça
que desconheça;

sou farmaceuta
e terapeuta

de uma só cesta
- tenho a receita!

Se és apedeuta
mais que cretino

- o grego 'idiota'
é apolítico -

na lida agiota
que atila o tipo

alguém deseja
que assim o veja:

- posso mantê-lo
como modelo

de um zero à esquerda
todo à direita

ao fim tão besta
(louvado seja!)

em tua inocência
dessa indecência!...

domingo, 4 de setembro de 2016

REVISITA 153: JÂNGAL II

No relvado
parado
em compasso
de espera.

Sinto a nuca rija
do resfolegar de suas narinas
enganadas

(o monstro imóvel tortura-me
errando expectativas).

O céu verde-escuro, o ar esquivo
papéis surdos espalhados;

os minutos sentados, os segundos
minúsculos alfinetes:

- a carreira bruta por começar.

Que palco triste que sou
de forças alheias, acerbas
apertando-me o pescoço;

quão opaca a vida
às vezes, e quanta estiva
obrigo-me sempre
a mover:

- para que o demônio interior encontre passagem.

05/04/2005

sábado, 3 de setembro de 2016

QUADRA RESISTENTE

contínua, continua

Temer o usurpador
(e outros da mesma flor)

pouco poderemos
face ao que devemos:

- nada a seu dispor
(e aos de mesma cor)

do muito que haveremos
contra a maré, nos remos

de vir e recompor
de luta, de labor

o que enfim faremos

(a mais e com menos)

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

NAVEGAÇÕES

1. A disciplina
da ferrovia

o trilho trilha?


2. Autonomia
em rodovia

é relativa?


3. O que caminha
por hidrovia

pisa e liquida?


4. Qual ousadia
aerovia

locomotiva?


5. E quanto à via
que virtualiza

que modifica?...

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

REVISITA 152: FELICIDADE EM GOYAZ

Eu queria que agora
parasse um tempo.

Hora de fresca colheita
contrária à seca semeadura.

Minuto resoluto de alegria
avesso a essa lenta angústia.

Segundo de brecha orgástica
sempre que ruptura.

Eu queria que o milagre herdado daqueles dias
passasse nunca:

- como a eterna lisura das pedras
de suas gastas ruas.

04/09/2004