... sangue /
murmurante /
espada /
flamejante: /
a memória /
tesa, flácida /
da refrega /
doce, áspera /
da espera /
encontrada...
25/02/08, às 13:59:06
***
... a consciência /
do que aspiro /
não é a mesma /
da que expiro: /
a diferença /
está contigo...
25/02/08, às 18:15:36
***
... teus olhos /
inda nebulosos /
e orvalhados /
(recém-acordados) /
residem rotineiros /
(da retina vizinhos) /
no meu dia ao meio...
26/02/08, às 11:30:49
***
... nas Casas Bahia /
junto à freguesia /
da sala, da cozinha /
da lavanderia /
morro em pé, nesta fila /
só por tua companhia...
26/02/08, às 15:35:15
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
domingo, 24 de fevereiro de 2008
TORPEDO XVII
... teu perfume /
(meu costume) /
alimenta /
a presente consciência /
dessa calma abstinência: /
a certeza /
enfim de resolvê-la...
22/02/08, às 10:33:37
(meu costume) /
alimenta /
a presente consciência /
dessa calma abstinência: /
a certeza /
enfim de resolvê-la...
22/02/08, às 10:33:37
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
TORPEDO ZEN
... hoje medi /
e meditei /
(e se vi /
aí não sei /
mas revivi) /
sentindo que /
por ser daqui /
a bem querer /
reconheci...
20/02/08, às 14:16:44
e meditei /
(e se vi /
aí não sei /
mas revivi) /
sentindo que /
por ser daqui /
a bem querer /
reconheci...
20/02/08, às 14:16:44
domingo, 17 de fevereiro de 2008
TOMADA DE POSIÇÃO
Sem televisão: contato mínimo com a conjuntura
Sem pressa - na superfície passadiça que perdura
As mãos nos ossos da estrutura
Yôga, descompressão, literatura
Conversação com quem me atura
Delicadeza, antevisão, compostura
Paciência:
- Desta vez, eu no comando
das exigências do que amo.
Sem pressa - na superfície passadiça que perdura
As mãos nos ossos da estrutura
Yôga, descompressão, literatura
Conversação com quem me atura
Delicadeza, antevisão, compostura
Paciência:
- Desta vez, eu no comando
das exigências do que amo.
LONGÍNQUA
Longínqua, és linda
Hipermetropia; nuvem
Cujo cinza esfria, algodão
(quando à mão convém)
Que baixo principia solidão;
Longínqua, dali turvas
Mil atenções das curvas
Untadas de neblina; os sãos
(os que desviam de antemão)
São teus fantasmas nesta via;
Longínqua, de lá secas
Minha língua paladina
Para coisas que se ditas
(inações correspondidas)
Pelas coxas trairias;
Longínqua, és olímpica
A quarteirões de vista:
- Se dura água-marinha
da razão mais cristalina
por que tanto quererias
tão errada companhia?
- E longínqua dos meus dedos
(da beleza dos momentos)
maldirias a rotina
da delícia dos folguedos
requebrando os brinquedos
redeixados ao relento?...
- E mais longe, indiferente
à coisa vária que altera
de remédios a comédias
que questões esquecerias
(quais senões recordarias)
da gravidade que encerras?
Longínqua, seda fina
Se quiseres, mais ainda
Ser pandorga pela vida
(tua turística ambrosia)
Solte a linha, solte a linha!...
(daqui, maravilhado
do teu poder multiplicá-lo
Dédalo enraizado
torcerei por um bom clima)
Hipermetropia; nuvem
Cujo cinza esfria, algodão
(quando à mão convém)
Que baixo principia solidão;
Longínqua, dali turvas
Mil atenções das curvas
Untadas de neblina; os sãos
(os que desviam de antemão)
São teus fantasmas nesta via;
Longínqua, de lá secas
Minha língua paladina
Para coisas que se ditas
(inações correspondidas)
Pelas coxas trairias;
Longínqua, és olímpica
A quarteirões de vista:
- Se dura água-marinha
da razão mais cristalina
por que tanto quererias
tão errada companhia?
- E longínqua dos meus dedos
(da beleza dos momentos)
maldirias a rotina
da delícia dos folguedos
requebrando os brinquedos
redeixados ao relento?...
- E mais longe, indiferente
à coisa vária que altera
de remédios a comédias
que questões esquecerias
(quais senões recordarias)
da gravidade que encerras?
Longínqua, seda fina
Se quiseres, mais ainda
Ser pandorga pela vida
(tua turística ambrosia)
Solte a linha, solte a linha!...
(daqui, maravilhado
do teu poder multiplicá-lo
Dédalo enraizado
torcerei por um bom clima)
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
GRAVIDADE ZERO
Enquanto, recoleto
Repasso, circunspecto
Os mínimos parvos gestos
Do trivial funcional no deserto
A menos de um centímetro
Do imenso inteligível
De um ângulo apreensível
Do âmbito hipodérmico insensível
Que anestésico sinto
Desmorono, suavezinho
Retroativo - retrospectivo
Sem empuxos, repuxos, muxoxos
Parco, solto - graniticamente disposto
Numa linha do destino, opaco
Vezes asno resoluto
Até o vácuo absoluto
Dos órgãos pulverizados
Dos acórdãos etéreos
De gravidade zero:
- Onde a casca-pólen que removo
de novo, menos leve que fútil
não é exatamente breve
(posto que útil)
para os fins a que serve.
Repasso, circunspecto
Os mínimos parvos gestos
Do trivial funcional no deserto
A menos de um centímetro
Do imenso inteligível
De um ângulo apreensível
Do âmbito hipodérmico insensível
Que anestésico sinto
Desmorono, suavezinho
Retroativo - retrospectivo
Sem empuxos, repuxos, muxoxos
Parco, solto - graniticamente disposto
Numa linha do destino, opaco
Vezes asno resoluto
Até o vácuo absoluto
Dos órgãos pulverizados
Dos acórdãos etéreos
De gravidade zero:
- Onde a casca-pólen que removo
de novo, menos leve que fútil
não é exatamente breve
(posto que útil)
para os fins a que serve.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Poema da hora
a arte de perder, na célebre apreensão de Elizabeth Bishop
"Uma arte
A arte de perder não é nenhum mistério;
tantas coisas contêm em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subseqüente
da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio da mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. E um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
- Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo
que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério
por muito que pareça (Escrevo!) muito sério."
Elizabeth Bishop, O iceberg imaginário e outros poemas. Tradução de Paulo Henriques Britto. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 309.
"Uma arte
A arte de perder não é nenhum mistério;
tantas coisas contêm em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subseqüente
da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio da mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. E um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
- Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo
que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério
por muito que pareça (Escrevo!) muito sério."
Elizabeth Bishop, O iceberg imaginário e outros poemas. Tradução de Paulo Henriques Britto. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 309.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
TRANQÜILO DESESPERO
Um silêncio
Inocêncio
Invertido.
O que tenho
Vertido
De um lago
Desconhecido
Por um lado
Invisível
Deseja
Irreprimível
Que nada aconteça
(além da presença
do indizível).
***
Demônios
(acredito)
Não assomam
Distraídos;
Demônios
Infernizam
Num suposto benefício
Da eternidade que aguarda
(os seus filhos)
Para depois do precipício.
***
Alguém
Sussurra
(comovido)
Uma surra
Do espírito.
Inocêncio
Invertido.
O que tenho
Vertido
De um lago
Desconhecido
Por um lado
Invisível
Deseja
Irreprimível
Que nada aconteça
(além da presença
do indizível).
***
Demônios
(acredito)
Não assomam
Distraídos;
Demônios
Infernizam
Num suposto benefício
Da eternidade que aguarda
(os seus filhos)
Para depois do precipício.
***
Alguém
Sussurra
(comovido)
Uma surra
Do espírito.
sábado, 9 de fevereiro de 2008
HIC ET NUNC
Achei que ia.
Achava que indo
Vinha - uma saída.
Vez saído
Resolveria?
Pois fico. E peço
Ajuda ao cafezinho:
- Inda vívido
o vivido.
Achava que indo
Vinha - uma saída.
Vez saído
Resolveria?
Pois fico. E peço
Ajuda ao cafezinho:
- Inda vívido
o vivido.
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
EXPOSTO II
O templo, imenso
Não tenho
Como guardá-lo, todo
A contento.
São uma, mil portas
Várias, as formas
Das frestas, fissuras
Janelas, aberturas
Por onde vem, soturno
O adubo
Da treva
Que opera:
- O cão negro de Churchill
(e branco, meu poodle).
Não tenho
Como guardá-lo, todo
A contento.
São uma, mil portas
Várias, as formas
Das frestas, fissuras
Janelas, aberturas
Por onde vem, soturno
O adubo
Da treva
Que opera:
- O cão negro de Churchill
(e branco, meu poodle).
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