terça-feira, 25 de dezembro de 2012

A título de encerramento

Este blogueiro finaliza suas atividades em 2012

(1) agradecendo às suas leitoras e leitores pela presença, estímulo e generosidade;

(2) desejando a todos um Feliz 2013; e

(3) comunicando que assim que possível disponibilizará neste blog os registros poéticos de sua agora iminente aventura rodoviário-antropológico-afetiva Brasília/Recife/João Pessoa/Recife/Brasília (plus everything in between), entre 26 de dezembro e 22 de janeiro próximos.

Se assim por enquanto, ficamos por aqui.

Inté!

M. B.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

NOTA SOBRE O FIM DO MUNDO

mais um

O mundo acaba pra quem morre.

O mundo acaba pra quem corre.
[muito]

O mundo acaba pra quem sorry!
[muito muito]

O mundo acaba pra quem fode!
[la petite mort...]

O mundo acaba pra quem acha
que o fim do mundo é uma tarrafa:

- da profecia dos arautos
(como consta em todos os autos)

a pescaria dos incautos...

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

EXTÁTICO DE ISOLADO

no mosteiro do mistério

Há um silêncio de ausências

que refresca a plateia

interna das ideias.

Um terço de presença

que rezo toda terça*

nos quartos sem janelas

dos quintos dessas férias...


*[de segunda a domingo
  (pra prender o ritmo)]

TRÊS BATIDAS

um vício

Não vi que corta.
Bateu na aorta

a mão desgraçada que preferi.

Não sei da horta.
Bateu à porta

a praga anunciada que destemi.

Não ouvi nada.
Bateu em casa

uma vontade danada de ir

pra Pasárgada.

(e perder de vir
cartear penúltimo da rodada)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

MODO DE FAZER

Rápido sujo ou lento limpo
- qual no escrever melhor ritmo?

Rápido limpo um texto sujo?
Lento bem sirvo o dito cujo?

Limpo o bendito o reescrevendo?
Sujo-me de novo o relendo?

Rápido sujo e lento limpo
- poder dizê-lo adiante de o ver

qual se vencer é transcendido...

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

DA DIFAMAÇÃO

nota virtual

Mau significado
assim - sede de rede

pespegado à parede
do significante

significa, adiante

um mudo envidraçado
à mercê dos passantes...

ACERCA DOS FINS DA ARTE

"o fim da arte inferior é agradar,
o fim da arte média é elevar,
o fim da arte superior é libertar"

(Fernando Pessoa)

Caro Fernando,

Como mau estripador da inculta e bela língua
que somos, vou por partes (à parte os alicates):

- inferior, não desagrado
(especialmente as mocinhas
de etárias faixas vizinhas);

- médio, não elevo - o braço
(vez que lotado o alambrado
são pardos todos os gajos);

- superior, liberto a todos
(gajos, vizinhas e brotos)
desta leitura - tortura

cara à pessoa...

Desse modo, realizá-los - os supracitados
cabe-me sim - mesmo no patíbulo cedido

aos bem-intencionados...

Com justa admiração,

M. B.

DAWN

Aquém dos rumores
de temores
e tumores -

aquém de terceiros
por trás dos primeiros -

dos segundos
(dois minutos)
que muito clareiam -

um disco amarelo
toca o mais negro blues
- de anil seguimento
but without any clues...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

AO SUBLIME

poeta de todas as eras
- e às Cecílias e Florbelas

A poesia só me afeta.

Irrelevante poesia
(como fios de ambrosia
costurando fantasias):

- justamente a que mais presta.

Quanto a isso, sou constante
(de antiga presença adiante)
na medida em que sensível

apreciador, insisto, do inexprimível
mau pedestal da inapetência criativa:

- nesta anorexia que me castiga
e move, tal qual pedante cavalheiro
a contrapelo do andante cavaleiro...

***

A poética mais moderna
mal sei o que me desperta.

[somente a vossa, deveras]

SENSÍVEL

encontro intestino com o exótico

Na quente tarde que cai
assassino o meu bonsai

imaginário que sai
pela culatra do thai

estilo que assumi, uai!...

(mais tarde, gente, pois vai

que o asinino distrai
besides you, the Masai

em filme que descontrai
o preconceito demais)

[no wonder a indigestão
trespassando diagonal
os pomares da razão
num incêndio sazonal]

NAS FÉRIAS

paradoxo

A quebra da rotina
requebra toda vida

próxima à ruptura
ótima da criatura;

vezes em desprazeres
(nesses que têm poderes)

um ralo temporário
no rato rompe o diário

correr do cotidiano
sofrer ao longo do ano

até a superfície
a pé da meninice:

- por mundano há no lazer
seu humano a desdizer...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

DIGO QUE...

... respiro (o)
caminho
que omito
destino

por sabê-lo
(quando feito)
tão afeito (a)

suar
no ar

fresco.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

PORQUE NÃO PUBLICO (sic)

virtual vantagem

Eu silencio
em benefício
(sinceramente)

deste artifício
do frontispício

do qual desvio
(prudentemente)

meu palavrório
inconsistente:

- porque mormente
(e anteriormente)

o acabamento
do destalento
do qual vitimo

é o ofertório
de que extravio

impunemente
Mauro Belmiro...

VIDA DE VIDRO III

finale?

o gerente
o funcionário
o querente

o salafrário

(e mais gente)

[ao fim e ao cabo
ossos do rabo]

VIDA DE VIDRO II

cacos

sabendo
de nada
oremos

***

madruga
o peito
em chamas

***

sabendo
do peito
em chamas

***

madruga
o nada

***

(oremos)

***

[e nós nos nós
vós nos vossos
a sós todos
tudo osso]

VIDA DE VIDRO

fragmento

Todos sabemos:
- basta um momento
(virando o vento)
e um pestilento
adoece espelhos.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

DE VÁCUO A HIATO, O C...!

falo deseducado

Qual o modo elegante
que seja preciso, exato

(do justo vocábulo
no devido formato)

de melhor dizê-lo ante
[este estado ofegante]

um léxico contrário?

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

NO ESPELHO

O estrangeiro de cá doutro lado
vezes de lado me olha, assombrado:
- vê diferença na parecença
e se vice-versa, desconversa;

seja no rosto limpo ou barbado
tristonho o semblante, refrescado
é interessante, varia menos
a comum impressão do que temos

ganho deste fulano, o Belmiro:
- de ambos alterego paulatino
a descascar a cebola do ego

de ambos íntimo sem patrocínio:
- ácido, lava o aço do cego
vínculo de que agora sou elo...

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

PORQUE NÃO MALHAREI HOJE

"as flores de plástico não morrem" (Titãs)

As dores do elástico
corpo que fui
não morreram a tempo

do très bien! cumprimento

do meu quase diário

esforço que flui...

DESJEJUM

Café ao lado, preparo
junto ao requeijão torrado
às oito da manhã deles fugidia
(daqueles que superfaturam seus dias)

minha dieta informativa.

[dito de maneira crítico-invertida:

a fim de melhor situar-nos
nesta vã complexidade seletiva
(entre fútil e venal) das construções jornalísticas

preparo, café ao lado
minha ração formativa]

Seu caleidoscópio inútil
- de uma perspectiva consútil (acho) -
impressiona, dado os dados
dispostos organizados

em especial, na marcação zagueira do tempo real
a serviço de anunciado benefício, concreto e atual
abstraído/extraído/traído? que não cheira!...

Desde cedo, o noticiário
(inteligível superfície de armário)
fragmenta a vontade, ininteligível
recurso manipulado

desconectado da vida das lidas
(do que o fardo do trabalho propicie)

por um número invariável de dedos engordurados
de vicários interesses moldurados:

- o que embrulha o processamento do estômago, e abaixo
do intestino termômetro...

(mas tal estar-mal, privilégio dos poucos
presunçosos infelizes que acreditam retroceder
solidários aos mochos sentidos moucos

dura o minuto da fritura do ovo um novo oferecer)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

CORPORAL II

Amasso (o)
cansaço

deitando
o dorso
no soalho.

(no caso)
O corpo
pesado

o espreme
e geme:

- gemido
não dele
(do torso
que acede)

mas sido (o)
regaço
retido
no abraço...

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

DA IDADE IV

sobre (in)conveniências

Esta pedra, agora, não faz sentido.
Não quando nada mais há para o antigo
- daqueles elementos distinguidos
que nos cercam (e a vida) ressentidos.

Este peso, agora, é desagradável.
Logo quando há espaços disponíveis
- àquelas oportunidades críveis
de administrarmos o degradável.

Assim sendo, essa pedra, com esse peso
carimba uma gravidade ao momento
perfeitamente dispensável aqui:

- como alguém com tal vontade de ceder
(por lhe faltar coragem de se atrever)
que assina contratos daqui por ali...

domingo, 2 de dezembro de 2012

TODA DOCÊNCIA

delírio crítico ante as férias

Enfim chegamos a um didático fim de etapa
- de mais uma, pedagógica, junto à tigrada
levemente hipnotizada - embora assustada
sobre como este mundo intenta socializá-la;

Diógenes nós, professores triplamente senis
- das virtudes às lanternas, esvaziados barris -
embora ultrapassados, precisam-nos uns Brasis
paralisados em dicotomias infantis;

será recente que esta geração no seu tempo
de anoréxicos valores e obesos temores
aprova a anomia geral do procedimento

tal qual a realidade das provas reprovada?
Será decente que professores - os atores
até sempre insistam encenar sua retirada?...