quinta-feira, 29 de novembro de 2018

QUADRA À NOITE

na Torre Nova


Ao ermitão


a imensidão

da escuridão


não diz que não.

NA TORRE II


(luz e
brisa

cedo
juntas

quebram
muitas

manhãs
frias)


[clara (a)
hora

limpa (a)
vista

quebram
rasas

manhas
fundas]

NA TORRE

[enquanto
a sombra

há tempo
avança

castiça
no piso

noviço
sou isto:

antigo]

SEGUNDO ANDAR II


No quadrado cristalino

entre sonhos bizantinos

acossados por vigílias


um desejo adamantino

de encontrar-me com destinos

distintos de juvenílias


imagina sóis a pino

luas cedo vespertinas

ruas tarde matutinas


e a quem tais sensibilize

para além desta marquise

onde pouco há que deslize...


...


(que o que então me descortina

masculino minimize

madrugando mais sabinas

livres desde pequeninas)

terça-feira, 27 de novembro de 2018

VÍNEA

Névoa
nívea

névoa
núvea

névoa
pínea

névoa
plúvea

névoa
fóvea

névoa
óvea...

Révoa
nóvea.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

OUTRA NOVIDADE

sobre a Torre Nova


Na espaciosidade

desta claridade

sem profundidade


a oportunidade

de perspicuidade


vem pela metade.


***


[minha opacidade

longe da cidade


tinha de ser quase;


certa do que evade

perto desta idade


vinha na metade]

domingo, 25 de novembro de 2018

DOMINGO VIZINHO


A hípica

olímpica


atípica

silencia


seus chinchos

pelinchos

capinchos


de guinchos

relinchos

ganinchos


sem pinchos

todavia...

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

MATERIAL


O ente

vegetal

em frente


apresenta


galhos

folhas

flores


vestimenta.


Diante


eu ente

cultural

vestido


entendo

que aos sessenta

despido


dou na mesma.

SUICIDA


Reto na curva

o carro cruza

a faixa escura


mas não dá pista

de onde desliza


(que rumo exista)

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

QUADRA DAS TREVAS IV

na Torre Nova

[tal circunstância
extravagante

(da rutilância
alucinante

de ignorâncias
estruturantes)

pede distância
da sua abundância

duplipensante

e a observância
de manigâncias

desopilantes]

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

QUADRA SEM TROVA


A chuva lampa & trovoa na Torre Nova

calando o espanto de quem a povoa.


(o canto de quem dela voa

sem desova)

domingo, 18 de novembro de 2018

SEGUNDO ANDAR

Escuto Marvin e Tammi

por esta caixa acústica
envidraçada e rústica

dançando com um colibri
(olhos nele postos daqui)

lançado ao céu da música...

sábado, 17 de novembro de 2018

DO BAÚ

Abrir caixas
perdidas e achadas

cortar faixas
há muito fechadas

desencaixa
(à vera as quimeras)

serras de chapadas
vales de baixadas

terras do que erras
marés de palmarés

e rebaixa

montes do que achavas...

CHUVOSA


Sob o peso

do azul crespo

alvadio


a tarde - num guincho

ao cair de um rio


vira o pio

de um relincho

indefeso:


- o passo

miado

de um bicho

latido.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Esclarecimento feliz

Leitoras e leitores deste blog:

A transição longa e penosa para a última das três casas deste alterego concluiu-se hoje. Finalmente, há internet na Torre Nova de Mauro Belmiro, conectando um corpo presencial à sua alma virtual.

A despeito do caos ao redor ainda reinante - o que exigirá muito trabalho braçal nos próximos tempos -, espera-se que alguma poesia retorne. Ou, quem sabe?, que uma outra, de forma, conteúdo e espírito inéditos, mostre a sua cara desconhecida, e já um tanto solicitada.

Sonhar quase sempre é bom. Mas neste momento, celebramos os fatos.

O fato é que a nossa inveja histórica - de Michel de Montaigne em sua torre - não existe mais. Contudo, continuamos não abrindo mão da inspiração do mais sábio dos franceses, em nada responsável pelas implicações desiguais neste que vos fala.

O fato é que, depois de quase 40 anos e mais de 2.300 poemas, estamos onde há muito desejávamos ardentemente estar - numa torre de marfim cercada de verde e azul, feita de espaço e claridade.

O fato é que o nosso ponto fixo neste universo encontra-se no segundo andar.

M. B.

QUADRA TRIDIMENSIONAL


[a largura

nesta altura

(com o tempo)

aprofunda]