QUADRA DIÁRIA

A tarde

esmaia

pra noite

espraiar.

SEXTILHA RENOVADA

Chegou

dezembro.

(não mais

me lembro

mais vão

novembro)

QUINTILHA DA GARAGEM II

num instante

Um sabiá

laranjeira

laranja

pousará

goiabeira.

TALVEZ EPIFANIA

[ontem durante atividade física

vigorosa (sim, este cardiopata

voltou a correr lépido e pimpão)

ocorreu-me parafrasear Platão:

creio que nos tornamos mais

sapiens (e menos homo) ao

exercitarmos a razão mais

próxima de experiências

corporais rotineiras pari

passu ao cultivo de uma

compaixão apreensiva

(quiçá tolerante) por

certas idéias, muitas

coisas e todas as pessoas]

SETILHA ANIMAL

Um sonho

gato

ressono

rato

(risonho

pato

de sono)

SEXTILHA RECONHECÍVEL

reconhecimento

A garagem

sempre mostra

o caminho

pela amostra

de um destino

na miragem.

SETILHA RELATIVA

pedagogia (auto)crítica

[é preciso

bendizer

o impreciso

redizer

do indeciso

desdizer

do saber]

SETILHA CHUVOSA

ontem

[ensopado

o tempo

encopado

o espaço

vem o aço

do vento

galopando]

OUTRA QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM XIV

ontem chuvosa

[cinza acima

cinza abaixo

eu ainda

meio caibo]

ANTE A CONDENAÇÃO

Um céu

de sol

arpéu

anzol

desceu

de estol

seu véu

farol

lençol

chapéu

em prol

do réu.

ENFADO

O passo

dos passos

compasso

dos passos

de escassos

repassos

é o lasso

dos lassos:

- fracasso

dos crassos

ralasso

devasso

relasso

dos grassos

traspasso

que passo...

SETILHA QUE ALERTA

sim é sim, não é não

Inerte

solerte

asserte

que ofertas

o flerte

que acertas

que aperte.

PARA SALVAÇÃO DE TUDO

quem sabe?

[o mundo

rotundo

(planeta

segundo

lunetas)

facundo

coneta

fecundo

venetas]

FELICIDADE TROPICAL

Num dia

que intensamente

radia

adio

expressamente

(gladio

anteriormente)

vadio

avidamente

medio

supostamente

sedio

remotamente

baldio

literalmente:

- um dia

que tão somente

radia

possivelmente

podia...

QUINTILHA DA QUADRA EM FRENTE À TEVÊ

questão última

Desmembras

novembro

dezembro

dos cembros

manembros?...

NA GARAGEM XLV

dias atrás

Esqueci

o café

esqueci

o leite

quilômetros atrás.

Esqueci meu café-com-leite

(seu copo metalicamente)

que juntos fazem da poesia

(notas de celular à escrita)

o meu deleite

do dia-a-dia.

...

[1. agora é

questão de fé:

atravessar todavia

de caneta o papel a pé]

[2. me esqueci

do que afeite

do que ajeite

do que asseita

no que aceite

até

má-fé

de mané que aleite

um café-com-leite!...]

INTUIÇÃO

[se eu não for logo

embora se eu não

pegar logo o beco

meu castelo inerente

desabará na hora

mais próxima que

antes o desprezar]

DUPLA QUADRA REVISIONISTA II

[há passado

repassado

se há memória

persuasória

do cassado

de vanglória

fracassado

pela história]

QUADRA ANIVERSARIANTE

hoje

[o dia

sem par

podia

num bar]

SEVEN YEARS IN THIS CASTLE

ontem

Um sonho

encíclico

risonho

acrítico

tristonho

é cíclico:

- temporalmente

geocíclico

espacialmente

neocíclico

(eternamente

incrítico)

DUPLA QUADRA AFOGANDO

Designado

estagnado.

Consignado

impugnado.

Indignado?

Resignado?

(expugnado

impregnando)

NA GARAGEM XLIV

das rodagens

Escrevo

poetagens:

- inscrevo

imagens

descrevo

miragens

transcrevo

passagens

prescrevo

paragens;

proscrevo

estiagens.

Rescrevo

(a viagem)

É OUTRA A QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM

ontem

[céu

mal

deu

sol]

LÔ BORGES

1952-2025

[resumo cardíaco:

um Lô quase antigo

recentemente partiu

para finalmente

retornar como

sempre inquieto

ao personagem

juvenil de suas

inesquecíveis

composições]

ANÍMICA

still

[o céu

parou

de dar

que vou

voar

ao léu

de grou

estar

ilhéu]

SETILHA DA HORA

turbulenta

Este vento

tão raivento

é o evento

espavento

sobrevento

de provento

do momento.

DUPLA QUADRA (AUTO)CRÍTICA

conclusiva

[da vida

docente

de lida

decente

medida

recente:

devida

lucente]

DUPLA QUADRA NA GARAGEM XIV

reminding Severance

Solar

está

o lar

de cá.

(o par

metá

polar

de lá)

SETILHA NA PAREDE DO MEU QUARTO

domingo à noite

[a esta altura

da conjuntura

melhor deitar

(a tristura)

e tentar

ao sonar

sonhar]

NA GARAGEM XLIII

a quem faxina

Lavar

o piso

secar

seu frio

visar

polido

provar

se limpo 

é dar

ao liso

tentar

teu brilho.

NO RIO DOS FATOS

jornalismo

Um pio

de gato

um mio

de rato

um chio

de pato

(o trio

no mato)

espio

exato

prum frio

relato

a fio

dos atos

que avio

sensatos?...

POEMA CARIOCA

esta semana

[gamos

vamos

vendo

ventos

vindo

e indo

de homos

fumos

como

de humos]

DUPLA QUADRA AO SAL

da terra em mim

Um quintal

ou jardim

magistral

ou chinfrim

faz do sol

trampolim

pra arrebol

carmesim.

A MINHA?...

Poesia

a tiracolo

que rima

de qualquer modo

seria

como um tijolo:

- de cima

cai bem ao tolo

(falésia

mal toca o solo)

[parrésia

não causa dolo]

DUPLA QUADRA PESSOAL

a romper

Entre este presente

e aquele futuro

há um cabo de guerra

que tensiona tudo:

- desde o insconsciente

plano motosserra

ao mais que evidente

dano a que se aferra.

ESCANDALOSA

O céu

caiu

o chão

ruiu

se não

sumiu:

- e um réu

saiu

pinéu

fugiu

dum vão

psiu...

SETILHA A CERTAS PREMIAÇÕES

O que da lenda

(de sua legenda)

está à venda

como prebenda

que então a prenda

aquém da fenda

de sua comenda?...

ANTEONTEM III

como se fosse a primeira vez

[nesta garagem há anos

sobretudo o que a vista

registra aparece imóvel:

o sol que sobe deitando

as flores que amarelam

goiabas que despencam

passarinhos em disputa

o piso espelhando o teto

pilastras que os espetam

veículos que estacionam...

já o professor seu carro

café caneta água celular

convivem há séculos

de cadernos poéticos:

"fundando miragens

de olhares na margem

a luz

a cor

o vão

eternamente estão"]

DUPLA QUADRA AO CÉU

dedicatória

[ao fundo

azul

da vida

marrom

exundo

taful

a lida

do tom]

OUTRA QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM XIII

aos jovens

[a língua

à míngua

a língua

amingua]

NA GARAGEM XLII

ao balançar

Há o silêncio

a quietude

do que pênsil

na amplitude

dá ao tênsil

plenitude:

- como erêncio

de atitude

que não pude.

QUINTILHA DEPOIS DA CHUVA

Do dia limpo

em poça rasa

um céu de olimpo

(porque extravasa)

no chão garimpo.

DUPLA QUADRA LONGE

a Vandecira

O sol

eita!

o céu

deita

no sal

do mar

o seu

olhar.

ÁGUA

Chuva

chegou

uva

regou

cuva

cegou;

peguei

luva

seguei

buva

leguei

puva...

VINDO PARA ENTÃO IR

[estive há pouco em

Goyaz - e a despeito

do curto tempo flanando

por suas ruas sob um sol

íntimo de tão próximo

- a cauda da transição

do lento cometa que

sou sobre aquele rio

aluviando vai benta

ficando para trás]

DUPLA QUADRA A ESTA ALTURA

Caminhar

na contramão

de tudo

que é inserção

descansa

a distinção

de caber

por adesão.

DUPLA QUADRA DESALENTADORA

dias atrás

Tanto sol

sem que chova

faz do céu

contraprova

do que sal

se promova

contra mal

que corcove.

PESTANA

caducada

[vem o sono

nem que sonhe

um outono

que bisonho

abandone

mais risonho

o que abone

enfadonho

do que clone]

HORA MORNA

[no calor

vem brisa

de se pôr

à guisa

dum ardor

mais lento:

um torpor

mas bento

por coisa

do tempo]

QUANTO AO CASTELO

depois de ir

Haverá

de fato

castelo?

Poderá

um trato

retê-lo?

Manterá

contato

modelo?...

...

(estarás

inato

donzelo?)

[cederás

cordato

teu zelo?]

{perderás

intato

o apelo?...}

...

(sofrerás

do hiato

flagelo?)

[rangerás

pacato

no gelo?]

{arderás

sensato

o anelo?...}

...

(valerá

exato?)

[venderás

barato?...]

...

(saberás

o extrato?...)

DUPLA QUADRA CONTRA ANGÚSTIA

gestão temporal

Meus dias

quando esticam

podia

que cobicem

estadas

que avalizem

parada

quando erizam.

QUADRA DE DENTRO DA GARAGEM

cedo ontem

[o chiaroscuro

da aurora

é oscurochiaro

agora]

OUTRA QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM XII

pedagógica

[enquanto houver

o que dizer

faz-se mister

contradizer]

VIDA NA GARAGEM

sempre

Formigas

mosquitos

aranhas

lombrigas

cabritos

intanhas

intrigas

gambitos

patranhas:

- não vejo

mas ouço

rastejos

balouços

arpejos

que rouço

manejo...

THE LIZARD KING

a Jim Morrison

Desde o infarto

(o anteparto)

há um lagarto

paquiderme

no que merme

do que é harto

na epiderme

do meu quarto:

- um catarto

nada farto

de catar-me

(eu inerme)

esses vermes

cujos germes

me apalermam

sem que partam.

OUTRA QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM XI

[eu sou

ao léu

my soul

no céu]

OUTRA QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM X

ontem

[o céu

azul

me deu

paul]

DUPLA QUADRA A RESPIRAR

[a poeira

sobre o ar

carvoeira

há de estar

na zoeira

de elevar

padroeira

pulmonar]

CONTRA SÍSIFO

para não morrer

Meu cansaço

físico

resultado

tísico

de exercícios

eu rechaço

crítico

de avultado

mítico...

OUTRA QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM IX

qual pedagogia?

[as provas

eidéticas

reprovas

poéticas]

DUPLA QUADRA ESTIMATIVA

Antes

preexisti.

Durante

coexisto.

Depois

existirei

inexistindo

num sono lindo.

TOMADA DE PERCUCIÊNCIA

really?

A consciência

deveria

sobreviver

a esta vida.

1. Poderia

sobrevinda

semivivê-la?

2. Quereria

ao revivê-la

entrevinda?

3. De convivê-la

mais bem-vinda

caberia?

(a consciência

tal seria

um desviver

qual sobrevida?...)

PEDINTE

Eu penso

que sinto

(propenso

pressinto)

porque ajo

suspenso:

- sou gajo

apenso

a andrajo

precinto

que trajo

distinto.

POR UM TEMPO

[este silêncio

já prolongando

vem de um fastio

multiplicando

tudo por termos

de modo enfermo

(seus mais sentidos

comprometidos)]

QUADRA QUARTA II

[o probo

de bobo

é o lobo

do globo]

QUADRA QUARTA

[desde ontem

não convém

o amanhã

a ninguém]

DUPLA QUADRA TRANSITÓRIA NA GARAGEM

[eu cuidoso

do elemento

paludoso

do momento

vou sedoso

movimento

duvidoso

do incremento]

QUADRA TRANSITÓRIA NA GARAGEM

[findo ali

vindo aqui

abati

o álibi]

A DESTEMPO

prioridades

Esta hora

num minuto

justo agora

em segundo

vem do tempo

diminuto

que o espaço

parafuso

cego aloca

tecelando

pouca roca

este plano:

- uma agulha

que sutura

a rotura

que borbulha...

EFÊMERA

O que

desfaz

porque

perfaz

marquei

assaz

baque

mordaz:

- fugaz

o quê?

- veraz

no quê?

- capaz

do quê?

- voraz

por quê?...

EM FRENTE À TEVÊ XLI

asiática

Sidarta

Gautama

lagarta

na grama

aparta

de Brama

pancartas

programas

que fartam

o drama

de sartas

e tramas

nas quartas

doramas...

ÁSCIA SETILHA

ao Silas

[canastras

de piastras

pilastras

em clastras

alastram

em astras

pulhastras]

ÁSCIA SEXTILHA

ao Alexandre

[o fáscio

macróscio

tão ínscio

é cônscio

do néscio

braquíscio]

ÁSCIA QUINTILHA

ao Eduardo

[a perfídia

quando mídia

dissidia

as insídias

que invidias]

EM DOZE HORAS

A tarde

quando arde

sujeita

à ereita

covarde

do dia

se deita

desfeita.

E tarde

da noite

maleita

da via

pernoite

madruga

refeita

da rusga.

DUPLA QUADRA A REMONTAR

não esqueça

O horizonte

mais estreito

bem defronte

parapeito

a despeito

faz a ponte

entre o afeito

e o remonte.

TERCETO DA HORA

Tudo que passa

ao repassar

trespassa.

QUADRA NA GARAGEM IX

a cochilar

[a luz que entra

a mim descentra

em sonolência

enfim cedente]

DA GARAGEM XX

Novas flores

amarelas

com as cores

anteriores

rebrotaram

caravelas

navegaram

radicelas

espalharam

parentelas

conquistaram

cidadelas;

e encerraram

tais novelas

animando

posteriores

impudores

tagarelas

(me lembraram

que não delas)

QUADRA ANTIFASCISTA NA PAREDE DA GARAGEM

advertência

[dos cantos

das sombras

vêm quantos

de alfombras?...]

RADIOTÁXI

teorizando cordas

Daí

viver

e aqui

morrer

para ali

renascer

rastafári

origâmi

beribéri

futevôlei:

- e então o descrever

em devanágari...

AOS TREZE ANOS

o fim e um começo

Vandecira tão querida

comovida poderia

deveria

(quereria?)

desdobrar-se em Vandeciras

e deixar-me uma só minha.

Vandecira

todavia

por ser toda uma outra via

(rodovia ferrovia

hidrovia a contornar)

retornou ao seu foguete

(um paquete de um lugar)

pra correr a navegar

dezessete o além-mar...

SETILHA JUSTO ANTES

[teus seios

se turvas

de curvas

meneios

anseios

recurvas

floreios]

QUADRA FORA DE FORMA

[tesão

tardio

lesão

ardia]

QUANTO AO TESÃO

fisiologia

Meus demônios

recrescentes

são hormônios

decrescentes

rarescentes

feromônios

dos neurônios

senescentes:

- pubescente

patrimônio

putrescente

do carbônio...

OUTRA QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM VIII

[instrução

virtual

perde o chão

do local]

QUADRA SOCIAL

a Emma Bovary e Anna Karenina

Do rumor

ao ruído

ao se expor

com pruído

vai o amor

arruído:

- quanto pior

destruído

vem melhor

instruído

(ou melhor:

instruindo?...)

SEXTILHA À HORA CERTA

O futuro

nascituro

me pertence.

(prematuro

perituro

vale pence)

DE UMA CERTA INÉRCIA

A transição

move-me as mãos

braços pernas

o coração;

mas a mente

das memórias

duras ternas

merencória

mal consente...

PROMESSA GOIANA

[se não puder

me apaixonar

pela mulher

deste lugar

(pelo que der

nos inquietar

e o que não der

nos manietar)

haverá a terra

dobrada em serras

junto da água

sobrada em jarras

pra quando a frágua

subindo aos ares

fizer os pares

veranearem]

NUNCA ESQUEÇAMOS

sempre lembremos

[já anotei anteriormente

e reiteradamente: pouco

importa o que embaixo

rola abaixo - acima ao léu

nos refresca o azul do céu]

QUADRA A PEDALAR

saúde noutro lugar

Afronto

o cíclico

à frente

bicíclico...

OUTRA QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM VII

[o tempo

a hora

aprazo

agora]

ADIANTE

O fim deste mundo

enfim bate fundo

nas etapas rotundas

do meu mapa jocundo:

- a primeira diz respeito

ao que sempre fui sujeito;

- a segunda nunca vista

por direito trabalhista;

- a terceira mais radical

 se renascer noutro local.

(haverá quarta quinta sexta

se lida houver mas que as pretexte...)

...

[do fim de vida amorosa

ao fim do tempo vendido

dali irei cor-de-rosa

daqui um tanto evadido]

SEXTILHA AO MALVIVER NESTE MUNDO

Há a luz fastidiosa

desta manhã radiosa

ao coração escuro.

(presumo desse apuro

pela sua insidiosa

ilusão de maduro)

DUPLA QUADRA AO COMPRIMENTO

do movimento

Sobre o momento

meu pensamento

do sentimento:

- constrangimento

do alongamento

ao valimento

do empreendimento

(seu cumprimento)

DA AGÊNCIA NA ESTRUTURA

polissemia

[temerário

corajoso

caudatário

ou medroso

funcionário

operoso

belisário

ou ditoso

sou o vário

enganoso

corolário

do exitoso

generoso

e ordinário

caprichoso

dicionário]

HORA DO CLIMA VIRAR

A seca

aguda

suplica

a chuva

eureca

parruda

que fica

na luva

caneca

bicuda

rubrica

de cuva

ao jeca

que acuda

botica

da puva...

QUADRA CÉLERE

(o que morre

pronto corre

a reviver

noutro correr)

SEXTILHA DE TRUZ

que ordem jejua?

[da rua

de lua

a luz

tatua

capuz

e cruz]

POR ACASO QUINTILHA

[de caso

pensado

descaso

prensado

de ocaso]

FERROVIÁRIA

[não

vão

nem

vêm

se

não

em

trem

de

grão]

DROPS

na parede da garagem

Se for

retorne.

(se dor

estorne)

(se expor

transtorne)

[se suor

entorne]

[se opor

contorne]

{se amor

se torne}

{se ator

me torne}

INTENTO RADIANTE

[ao mover

a vida

adiante

amover

da lida

vadiante

seu cover

de tida

mediante]

DA GARAGEM XIX

disso sentirei saudade

[eis um momento

prazeroso do dia:

tão cedo estacionar.

A garagem vazia

convida a goles

o café com leite

trazido de casa, e

a abrir tanto o

celular no dicionário

online quanto a

página seguinte

do caderno de notas

- para nela anotar o

que a musa do recinto

medita a princípio, e

me dita finalmente]

DUPLA QUADRA AO MAU CHURRASCO

[o passado

repassado

é um assado

fracassado:

dissecado

dessecado

ressecado

devassado]

AO MEU AMOR INCOMUM

no caso uma gata de nome No One

[eu chato

de olfato

barato

sou grato

ao fato

inato

do gato

sensato

no exato

contato

de trato

cordato

ao tato]

SETILHA AO TEMPO INCOMUM

Sábado

domingo

segunda:

- da terça

a quarta

requinta

bissexta...

BETTING

[o tudo

do nada

sortudo

de cada

tortudo

que fada

batudo

rabada

testudo

sacava

contudo

que dava

pontudo

avance

no estudo

do lance]

OUTRA QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM VI

[a sexta

da festa

pretexta

na testa]

NA GARAGEM XLI

Joga a luz

basquete

soga à luz

que pete:

- quica o céu

coquete

pelo vão

verbete

(quiçá seu

lembrete

do que chão

reflete)

QUE OJERIZE!

à moral digital

Um deslize

que agilize

que energize

que anarquize

precarize

vetorize

viralize

que oralize

e agudize

e amenize

e agonize

- me ostracize!...

EM FRENTE À TEVÊ XL

preguiça

O que há

pra fazer

acolá

não há

que dizer

no sofá

(nem há

que jazer

oxalá)

QUADRA PÓS-BARBA

diante do espelho

Se eu

sou factício

você

é fictício.

DUPLA QUADRA PROSPECTIVA

A saudade

vai atrás

da cidade

de Goyaz.

(na cidade

de Goyaz

na verdade

vem atrás)

DUPLA QUADRA PRORROGATIVA

O tempo

que espaço

há tempo

que esgarço.

(o tempo

que esgarço

atempo

que espaço)

DUPLA QUADRA PERSPECTIVA

O mundo

futuro

desaba

maduro.

(acaba

descuro

o mundo

futuro)

SETILHA PROSPECTIVA

A luz clara da manhã

dá vontade cidadã

dá vontade cortesã

(e vontade sacristã

que se aclara num divã)

da luz clara de amanhã

à vontade temporã...

SEXTILHA AQUI EM CASA

qual aratinga?

Dois pares

dumas asas

potiguares

alaram

goiabas

esta tarde.

DUPLA QUADRA DE SI MESMA

que horas são?

Ao entardecer

vem o alvorecer

contra anoitecer

essa consciência:

- de que a paciência

ao comparecer

pede sapiência

para envelhecer.

DUPLA QUADRA DIALÉTICA

O tempo

mesmo sem sobra

é aqui amigo:

- qual vento

arqui-inimigo

um contratempo

tal sopra

que obra comigo.

DA VIDA CONTEMPLATIVA

[ao contrário de picadas

efemérides por meses e

anos em domingos, e da

atividade relativamente

desatenta das semanas

úteis, o eterno rosário

dos dias toma plena

consciência de si

mesmo - como corda

trançada atemporal -

aos sábados]

OUTRA QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM V

[memória

de estórias

gloria

morias]

SETILHA DE MEMÓRIA III

[as trampas

em horas

marcadas

que arvoras

malgradas

trastempas

malgastas]

SETILHA DE MEMÓRIA II

[os beijos

nas golas

de roupas

que violas

desleixos

me poupas

ensejos]

SETILHA DE MEMÓRIA

[os dedos

nas pontas

de seios

que contas

alheios

remontas

folguedos]

SEXTILHA A RETARDAR

Meu tempo

acabou

de alugar

um vento

contra o grou

de migrar.

ROMÂNTICA

Laréu

a dar

um céu

de mar

chegou

meu par

pro léu

de achar

pitéu

provar

que sou

de amar.

QUADRA PEDAGÓGICA

O falar

é talar

se pouco ar

respirar.

OUTRA QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM IV

[o dia

lindo

podia

vindo]

DA BOA SAÍDA

pela luz

Ao dia

que chega

cabia

a entrega

da via

que mega

podia.

(colega

devia)

SEXTILHA NA BEIRADA DA GARAGEM

quântica

Este cantar

deste sabiá

revisita

no mesmo toar

lugar que está

e os que cita.

DA GARAGEM XVIII

[neste momento

há apenas uma

flor - amarela -

anunciando

as outras todas

que virão até

o verão (quando

então vencido

por sumido

as perderei)]

ANTE OUTRA MANHÃ

[que esta aurora

- de tanto repetir

sua promessa de

máxima plenitude -

aponte um tempo

que nunca houve

neste espaço que

sempre pôde]

A PERVAGAR

[bonança

calmaria

mormaço:

chegança

que traria

durança

que faria

do espaço

inchaço]

SEXTILHA A PERVAGAR

[o vento

devagar

é tempo

a vagar

que tento

divagar]

QUADRA CONTEMPLATIVA

[um sonho

na parede

dá sono

se houver rede]

PRESUMÍVEL

Na contramão

da multidão

por vocação

convicção

sou exceção

inspiração

sem adesão

ou inserção

(portanto em vão)

A GOSTO

[me espalho

no espelho

do brilho

que acolho

de julho...]

QUADRA PERFUMADA

O caminho

para cá

verãozinho

oxalá

é sozinho

manacá

igualzinho

acolá:

- pois vizinho

de apiacá...

OUTRA QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM III

[hora

extra

tora

besta]

NA GARAGEM XL

hora extra

O paço

vazio

espaço

de ofício

regaço

sombrio

que faço

de sítio

(agraço

tardio)

abraço

de frio.

SETILHA MESTRA

Hora

extra

ora

destra

(fora

besta)

esta.

SETILHA PARA QUANDO CHEGAR A HORA

da escalada medida do ser

Nem diamante

nem coríndon

nem topázio:

- ante o síndon

serei quartzo.

(porque parto

tido em quarto)

QUADRA RESSENTIDA

[as plantas

do meu quintal

gargantas

a secar mal

de tantas

não rego mais;

às tantas

ornamental

por quantas

ressecar mau

infantas

não quero mais]

ATENUANTE

para a alongada transição

Eu doravante

viro estudante

ignorante

do que no instante

é relevante

(e relutante

e redundante

reconfortante

não obstante)

OUTRA QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM II

[há mais vácuo

do recuo

- mas profícuo

se o acuo]

QUESTÃO ARQUEOLÓGICA

setilha afinal

Por onde

o bonde

do conde

esconde

cabonde

que fronda

avonde?...

QUADRA PONDERADA

Alguma coisa boa vem

do que adiamos.

(alguma coisa à toa nem

que odiemos)

CELESTINA MUNDANA

O sol

a lua

faróis

da rua

cada um a seu modo:

- anzóis

de aduas

lençóis

de puas

atóis

cafuas

paióis

de gruas;

crisóis

que suas

estóis

das tuas...

(cada um a seu modo)

QUADRA REVISADA

seus prazos

Segue à longa noite

este curto dia

que termina à tarde

sua rebeldia.

OUTRA QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM

[retornar

ao lugar

faz pensar

similar]

DA VOLTA À GARAGEM

calculei mal

Os tempos

do tempo

diriam

variam

no espaço

dos ventos.

Quando acho

que passo

repiso

o liso

do paço

de eventos.

Na gruta

dos carros

nas salas

da luta

docente

esbarro

em falas

sobrado

de dentes

no riso

de facho

dobrado...

QUADRA INTERMEDIÁRIA

entre Brasília e Goyaz

A transição

alargar-se-á

em gradação

a largar-se já.

QUADRA NOVA

O tempo

já dá

o espaço

lá e cá.

PRA PARIR FUTURO II

Escuto

à frente

o escuro

vigente.

Não vejo

o que ouço

andejo

ou rouço:

- só curo

prudente

se brejo

debouço...

PRA PARIR FUTURO

algo forçado

Agora entranho

o agora estranho

ao desconciliar

o antes familiar.

Agora ganho

ao desauxiliar

o agora antanho

para o exiliar:

- ora tacanho

ora tamanho

embora ranho

enfim por viliar.

De fato a transição

possivelmente a penúltima

Hoje, toda uma vida plural - pessoal, profissional, temporal, espacial - terminou.

Amanhã, uma outra vida - que espero singular - começará.

M. B.

QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM XIV

a última

[o mundo

quando terminar

no fundo

como este lugar]

25/06/25

APÓS JOÃO

treva matutina

Um tanto

do manto

no entanto

de espanto

levanto

porquanto

quebranto

(conquanto

do santo)

25/06/25

A QUESTÃO

da saudade

[morrer mesmo não é

nunca de fato sesmo foi

nem a esmo certamente será

o claro problema a enfrentar:

vivo, não vê-los mais amigos

vivo, não tê-las mais amantes

revivê-los só entre fronemas

memórias devaneios abstrações

- este, de um instante prazeroso

é o restante desgostoso problema]

DUPLA QUADRA GAÚCHA II

O tempo

nublou.

Pois blando

o vento

dublei

driblando

a lei

do show.

DUPLA QUADRA GAÚCHA

hoje bem que poderia

Minuano

soprano

em plano

praiano

vem lhano

sem dano

urbano

ao piano...

QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM XIII

contra o EaD

[vivido

vívido

devido

ao vivo]

QUADRA ELÍSIA NA PAREDE

a princípio

[para o tíbio

o colírio

do martírio

é o delírio]

ADVERTÊNCIA

Meus poemas

são noemas

eczemas

de dilemas

de problemas

no sistema;

os seus temas

seus teoremas

alfazemas

e diademas

são esquemas

de fonemas:

- pois não tema

saquarema

do que trema

sapopema

de suprema

nos grafemas!...

PLANÁLTICO

acima à frente ao lado atrás

Azul

imenso

azul

profundo

azul

suspenso

azul

ao fundo;

azul

extenso

azul

rotundo

azul

intenso

azul

jocundo;

azul

no senso

de azul

oriundo

de azul

propenso

a azul

fecundo:

- azul

que apenso

azul

segundo

do azul

que penso

azul

do mundo...

ENTREVIA

Um vazio

tal me apossa

tão tranquilo

de que eu possa

tê-lo frio

como aquilo

vê-lo fio

de algo fossa:

- um vacilo

seu resquício

um bacilo

coisa vossa...

QUADRA CREPUSCULAR

A luz

desceu.

(teu sol

é meu)

DE PARTIDA

Esta cidade

meu sonho urbano

saiu da cabeça de dois fulanos;

essa cidade

meu referente

veio da vontade de um presidente;

porque cidade

de eterno porvir

ressinto pensá-la de substituir;

porém cidade

desse horizonte

outros lugares são quase defrontes...

...

(o que em mim será

Brasília a passar

de contexto a texto em poesia vulgar?...)

NOSOTROS

Os passos

dos outros

compassos

vigentes

repassos

aos poldros

fracassos

fulgentes:

- da gente...

DA TERAPIA

perspectiva (fragmento)

... metamorfose

transfiguração

vez que a necrose

(talvez micose)

pede evolução

dessa neurose

desde outra dose

de preocupação

até uma pose

de cooperação...

QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM XII

ontem

[o sol brilha

sobre tudo

sobretudo

porque trilha]

DUPLA QUADRA À GARAGEM

um ontem a menos para o fim deste mundo

[na miragem

assertiva

da passagem

à deriva

a mensagem

progressiva

da contagem

regressiva]

QUADRA NA AURORA

[há caminho solar

horizontal

a caminho de estar

nasofrontal]

AO CASAMENTO

Ensombro

parceiro

teu ombro

poleiro

de assombros

caseiros

(escombros

coveiros

ligeiro

solteiros)

DUPLA QUADRA ANTIPOÉTICA

a Ben Lerner

[eu não canto

porra nenhuma

não encanto

camorra alguma:

antecanto

que jorra espuma

desencanto

desforra em suma]

QUADRA ANTE O FIM DESTE MUNDO

[a beleza

do que acaba

madureza

menoscaba]

SEXTILHA GOIANA

a 300 km

O céu dali

como será?

(o céu daqui

me lembrará

como viver

de céu por lá?...)

QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM XI

[o vapor

do frio

é calor

sem brio]

LOOPING

[já explorei

tanto essa

mesma forma

de escrever

quanto essa

mesma norma

prescrever]

QUADRA ILUSÓRIA

[qualquer hora dessas

não terei mais pressa

de cumprir promessas

que a verdade espessa]

EDIFÍCIO AYUB JK

da Protásio Alves à 412 Sul

[sonhei com a minha segunda morada

tornada a décima-quinta - uma e mesma

casa deslocando-se recolada entre Porto

Alegre e Brasília por uma Porto Alegre

convertida em Brasília pela memória

remodelada de um lugar de infância

vivida plenamente - mobiliado tanto

seis décadas atrás quanto três décadas

após - agora vívida referência para o

suposto futuro deste presente já de

pretérito mais que reconhecível]

QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM X

no dia da última aula regular

[o docente

condicente

senescente

sai decente]

06/06/25

DUPLA QUADRA CEDO NA GARAGEM II

ao dia da última aula regular

[amo

findo

vamos

indo

que atrás

fugente

não há

mais gente]

06/06/25

DUPLA QUADRA CEDO NA GARAGEM

ao dia da última aula regular

Quando o dever

comprido

emudecer

cumprido

professarei

sorrindo

que já passei

corrido.

06/06/25

PROMISSORA

Em setembro

em novembro

ou dezembro

serei membro

doutro centro:

- irei outro

neutro adentro

vindo noutro

o epicentro...

QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM IX

[vãos

vão

(sãos

são)]

QUESTÃO A (DUPLAMENTE) ENQUADRAR

Por que então

acreditar

que tudo isso

vai levar

o ermitão

a algum lugar

se não nisso

o agregar?...

DUPLA QUADRA COMPREENSIVA

prosaica razão

Por que eu curto

escrever curto?

Por que eu inciso

tudo conciso?

Porque preciso

tudo defronte:

- poema que todo afronte

o tempo todo horizonte.

NEVOEIRA II

[a luz

difusa

a nós

infusa

matiz

que pausa

talvez

a causa

fugaz

da cousa]

NEVOEIRA

[hoje cedo acordei

com imóveis do

mundo ao redor

cobertos por um

longo manto fusco

próximo e palpável

desta vez parecendo

que estamos mesmo

de mudança...]

DUPLA QUADRA PRESCRITA

[já fui

melhor

croqui

que for

aqui

menor

de mui

amor]

AO DESTEMPO

[o que passa

ao meu ego

entranhado

em dias que

repasso lidas

recordando

mais doídas

de revê-las

recortando?...]

QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM VIII

[apego

ao ego

eu nego

de cego]

DUPLA QUADRA À TARDE NUM CANTINHO

[esta

sexta

desta

sesta

nesta

cesta

gesta

pretexta]

À CONSEQUÊNCIA PIOR DA DOCÊNCIA

possibilidade

Lutar

o bom

combate

no estar

bem-bom

do embate

foi dar

bombom

ao vate:

- fadar

um dom

que late.

QUINTILHA CEDO NA GARAGEM

dia da penúltima aula

[ao vago guidão

do dia mencionado

contrapôs-se

breve escuridão

de via estacionada]

QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM VII

[o que faz

um sagaz

é capaz

por detrás]

BROQUEL

[hoje logo rubro

cedo após a ponte

o céu incendiado

lembrou Cruz e

Sousa e alguns

rinocerontes:

um sol aceso

de horizontes

abriu de algodões

vãs tapeçarias

a motoristas

brutamontes]

COMIGO MESMO

réu e juiz

Meu movimento

pelo momento

que se aproxima

porque lastima

é pavimento

sobre cimento

do que passando

me foi ficando

como incremento

de fundamento

do qual duvido

desiludido

do esquecimento

de cumprimento

que pus de lado

não demasiado...

QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM VI

e variação em parede da mente

[maior

de vez

menor

talvez]

[pior

de vez

melhor

talvez]

MINHA LIÇÃO ENFIM

último semestre

Sobre a essência

da docência:

- insistência

da aparência.

(existência

de sequência)

[iminência

de excelência]

{persistência

da paciência}

DUPLA QUADRA SOBRE RODAS

na garagem

[um carro

de coche

carruagem

a sege

de moto

piloto

viragem

consegue]

QUINTILHA NO HORÁRIO

cedo

Quando o sol

sobe a aurora

a sua luz

(vê-se agora)

apressa a hora.

DUPLA QUADRA CÚPIDA

de Cupido?

Neste amor

meu temor

é do amor

mal dispor.

(no gomor

desse amor

há rumor

de queimor)

DEFERENTE

Eu quero ser

diferente:

- amanhecer

eminente

entardecer

iminente

anoitecer

imanente

pra madrugar

emanente

referente

a este lugar.

À MESA DO CAFÉ

se a vida for outra

Algum

atum

algum

frescum

(nenhum

cheirum);

algum

adum

nalgum

quantum;

algum

cartum

algum

zunzum

for fun

comum;

e até

meu rum

prum zé

bebum

que dê

quorum

pro des-

jejum...

SEXTILHA DA ESTAÇÃO II

Teu frio

que desce

refece

meu calor:

- mal sobe

por sobre.

NENHUMA QUADRA DE GARAGEM

dia desses

Zero

nada

vácuo:

- hiato?

ASTROS POR VÓS

sapiens

Na rua

a lua

procura

minguante

a jura

dum sol

que aflua

estuante.

(conjura

pactuante

em prol

da cura

do escol

que sua

flutuante)

SIMPLES GARAGEM

cedo então

[vazia

do piso

ao teto

podia

do liso

ao reto

um dia

conciso

e neto]

DUPLA QUADRA SAUDOSA

de férias

[fino

este ar

rino

de mar:

dino

cantar

lino

no bar]

AO CREPÚSCULO DO MACHO

quão maduro?

A moça

tão linda

que passa

sozinha

não ligo mais:

- a velheira

que acomete

a maneira

do cacoete

(aqueles tais)

já é ademais

um lembrete...

QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM V

[o sol

reluz

farol

de cruz]

ÚLTIMO SEMESTRE

próximo enfim

Cada dia

um a menos

nesta garagem

de faculdade

na Asa Norte

em Brasília

neste planeta.

Cada manhã

em sociedade

uma mais cã

na costeleta

dessa miragem

sem homília

que a suporte:

- uns acenos

se poderia...

DUPLA QUADRA À RAPIDEZ

virtual

A cunhã

do menhã

tão louçã

neste ecrã

de manhã

meia-irmã

e amanhã

meio anciã...

DUPLA QUADRA À PRESENÇA

Antes das sete

viu dezessete

videocassetes

de mata-setes;

e ouviu falsetes

de audiocassetes

todos assentes

interessentes...

DUPLA QUADRA À FORTUNA

Andarilho

maltrapilho

peralvilho

trocadilho

é mais filho

de empecilho

que estribilho

sem gatilho...

QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM IV

[aurora

sem vento

(outrora

convento)]

DUPLA QUADRA OUTONAL

A estação

do véu

o vão

estreita

entre o céu

que espreita

e o chão

que empreita.

QUADRA LEVADA DA GARAGEM

último semestre

[a saudade

já na aragem

da cidade

dá friagem]

O TRABALHO NO TELHADO

desorganizado

No desmonte

radical

brutamonte

cervical

há defronte

sindical

horizonte

vertical:

- apical

sem que aponte

lexical

sem que afronte

logical

aqueronte.

QUINTILHA MUITO NUBLADA

pouco depressiva

[altibaixo

cabisbaixo

não rebaixo

o céu baixo

tão debaixo]

SEXTILHA DA GARAGEM IX

[nada nada

se compara

à chegada

madrugada

que antepara

da manada]

QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM III

indo ontem inda mais cedo

[nada nada

se compara

à chegada

madrugada]

SOBRE AURORAS

[todos os dias pontualmente

a natureza madruga seu maior

espetáculo - a chegada do dia.

Independentemente da nossa

estupidez coletiva - a despeito

do que façamos contra a vida

ao negarmos atenção tanto às

luzes cotidianas quanto às

sombras da nossa condição

- salta aos olhos naqueles

momentos de beleza espectral

a sua natural disponibilidade

de inexcedível generosidade]

SEXTILHA NA TEVÊ

talvez tarde

Extraoficial

o taful

augural

de tribul

do priul

pontificial.

SEXTILHA NA GARAGEM XII

último semestre

Beneficial

a luz

que autoral

reluz

seu truz

superficial.

SEXTILHA NA PONTE

muito cedo

Artificial

o brilho

auroral

andarilho

no trilho

sacrificial.

À FOZ

A noite

do rio

pernoita

na via

da ria:

- bacia

que acoita

sonoite

seu fio...

OPACA

A hora

do fim

que sim

demora

(outrora

confim)

enfim

agora

aurora

latim:

- se assim

ou piora

melhora

se afim

a mim

embora...

QUADRA NA PAREDE VIII

[amanhece

entardece

anoitece

o que resplandece]

DUPLA QUADRA COCHILADA

Deita

a tarde

cedo

invernal

(deito

à parte

ledo

estival)

ESQUECIMENTO

do aquecimento

O sol

derrama

sua luz

na grama

na rama

no ruz:

- mas lençol

em prol

da trama

que aduz

o drama

que induz.

SETILHA DESTEMPORAL

[o que guarda

meu sonho

aguarda

meu sono:

vanguarda

tardonha

do outono]

QUADRA NA PAREDE DA GARAGEM II

último semestre

[seu tempo

o vento

relevou

a tempo]

NESTE PONTO

o vácuo

[na transição

desolação:

há o espaço

esvaziado

(pois já morto)

sem o passo

protelado

do que novo

parece não]

QUADRA NA PAREDE VII

pedagógica

[projeta

primeiros

(proteja

terceiros)]

FLAGELAÇÕES

Procuro

no escuro

descuros

desdouros

parelhos

dos outros

espelhos

nosotros:

- parceiros

terceiros

no relho

primeiros...

(venturo

pioneiros

vindouros

de joelhos)

PANTAGRUÉLICA

Tanto

minto

quanto

tento

quinto

tinto:

- pronto

sento

tonto

lento

(conto

junto)

e unto

janto

munto!...

NA GARAGEM XXXIX

O brilho

do piso

eu trilho

gatilho

do riso

que aviso

sarilho

que viso

repiso...

SEXTILHA PARA UMA LÁPIDE

Fazia

razias

jazia

vazia

(prazia

de azias)