segunda-feira, 24 de novembro de 2014

REVISITA 27: A ESPERA

Bate a chuva
lenta, nula
atrás da porta:
agora, o lado claro de ser
pouco importa.

Pinga a mente
ressentidamente;
os pensamentos, vagam
semidirecionados
retros, menores
retroses de lã.

Dançam os dedos
multimeios
parecendo milhares:
"sê a seda, agulha relax
mostra-me a teia
tecida rarefeita
assim que se faz".

(antevista a carícia
a lembrança vicia;
quanto aos corpos, unidos
contorcidos de gemidos
resta a memória
da fé, sua pausa
o fim da retidão)

...

Se tola vem a mosca
à toa
pouco importa:
agora, clareia o ser
atrás da porta.

01/11/1982

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