fenda onírica, por onde luzidia
inadvertida, vieste mal bem-vinda
silenciosa, entre suores e zumbidos
(eu não quis acordar tais amores
numa realidade de mosquitos).
Ali me senti, contigo embevecido
como atado, numa bolha envelopado
àquele meio frágil, fino o tecido
entre o meu sono, este sonho e a vigília:
- o braço morno enlaçando o teu hálito
a mão solícita de outras se ocupando
nossos olhos e sorrisos entrançando
teias úmidas e tímidas de aranha
(muda arquitetura de palavras).
E passeávamos, as pernas tropeçando
na atenção que a nós somente dedicamos
(na verdade, todo o coito girávamos
seguindo uma valsa surda e torta
num torto círculo imaginário).
Ali fiquei, num varal dependurado
contigo por um fio, suspenso o tempo
um minuto sonho-bolha delicado
ligado àquela esperança desatada
(de tão vã de não ver
a chegar e a romper
dolorida a manhã).
08/01/2002
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