sexta-feira, 13 de abril de 2007

Paraninfando II

(na formatura dos Cursos de Comunicação Social e de Ciências Contábeis do Centro Universitário de Brasília, ontem)

Cronometrei dois minutos e trinta segundos para esta fala; menos que o tempo de um político candidato a cargo eletivo, sem interrupção, num debate televisivo. Portanto, atenção!...

"Boa noite! Em primeiro lugar, gostaria de agradecer aos formandos desta noite pela oportunidade de estar aqui, na condição de seu paraninfo. Talvez seja esta a maior das honras para um professor que aprendeu a amar a sala de aula - representar seus colegas junto aos estudantes neste momento de júbilo e reconhecimento. Definitivamente, sou privilegiado por estar aqui representando os professores e professoras dos Cursos de Comunicação Social e de Ciências Contábeis do Centro Universitário de Brasília, professores e professoras tão competentes no desejo de ensinar quanto no que lhes cabe ensinar. Considero-me privilegiado porque sei das dificuldades enfrentadas pelo trabalho docente num mundo que parece negar, reiteradamente, a importância da verdadeira educação na formação de seres humanos integrais - seres críticos, capazes de pensar e agir com independência, e autônomos na medida em que reconhecem o caráter interdependente da vida social, ou seja, a responsabilidade de cada um para com todos nesta vida.

Nesse sentido, gostaria de aproveitar esta hora de celebração retribuindo um pouco do convite que me foi feito. Convido os formandos desta noite para uma pequena reflexão sobre um pequeno aspecto do papel da escola neste mundo em que vivemos. Dizem por aí que a escola mal prepara para a vida; que a escola, ingênua e idealista, na melhor das hipóteses teoricamente impraticável, ignora ou subestima as asperezas e as contradições do mundo real. Que ela, ao defender a possibilidade de um mundo melhor, termina despreparando seus estudantes para o mundo que está aí - o único lugar, afinal, no qual todos temos de sobreviver.

Como professor - melhor dizendo, como professor sobrevivente neste mundo real -, gostaria de sugerir a vocês a inversão desse argumento, inversão que resumo na seguinte tese: nunca, nunca como agora, este mundo em que vivemos tem precisado tanto da escola! Se quisermos um dia superar os males que nos afligem, que nos fazem desacreditar na possibilidade de uma vida bem vivida - isto é, uma vida próspera tanto material quanto eticamente -, teremos não de simplesmente levar este mundo que está aí para dentro da escola, como muitos defendem, mas sim de proceder metódica e persistentemente o contrário: trazer os valores da escola para este mundo; contaminá-lo daquele idealismo algo ingênuo, mas que hoje parece tão necessário.

Enfim, é o que venho aqui desejar, de coração, aos formandos desta noite. Até agora, vocês estiveram na escola; daqui em diante, carreguem a escola consigo, dentro de vocês, para dentro do mundo! Porque, cedo ou tarde, todos nós terminamos descobrindo, invariavelmente, que meramente sobreviver não é suficiente. Portanto, desejo que todos possam desejar uma vida plena, plenamente humana - a única vida que, verdadeiramente, vale a pena!...

Muito obrigado!"

Nenhum comentário:

Postar um comentário