segunda-feira, 2 de maio de 2016

REVISITA 133: MAIO

A secura do ar intensifica
finíssima a seca interior
por tudo ter sob a areia.
O sol em branco cáustico
passa a rodo a alma presa
vaso encalhada, folha morta.

Todavia, vida alternativa
havia. Nota híbrida de expectativas
cortava o tempo lasso do estio
antes de estatelar, descompassadas
gotas em telhados imaginados
abrigos abraçados sob a chuva.

Entretanto, sobreveio a secura
à noite entre sonhos, loucura
assassina antes da luz bater-se.
Rasgado o oásis, de um veio escuro
sangrei cristais sobre a terra úmida
até rachá-la amarelada e dura.

...

Dura a estação enrijecida. Branco
cobre-se o dia, e vive-se maio ainda.
Ante a folha comida, pago, formiga
com grãos de areia a dívida descabida:

- querer muito o peito em descompasso
sua pena intensifica, encalhada a alma
cáustica por desejos dela acima.

15/05/2000

Nenhum comentário:

Postar um comentário