domingo, 18 de fevereiro de 2007

Movimentos

Para correr mundo, construí asas. Colei-as nas costas, marcadas pelas cicatrizes de todas as quedas, mas já não havia ventos que me soprassem para tão longe. As asas apodreceram e caíram junto aos meus pés, que ainda suportavam o peso do corpo, do cansaço, da falta de ventos.

Se hoje sigo meu caminho correndo mundo em terra firme, não é somente pela ausência de asas. É por entender que os ventos jamais soprarão com a intensidade exata de que necessito. Mas meus pés haverão de acelerar os passos e me lançar mais longe; de me fazer demorar, se assim a vida pedir; e, quando for chegada a hora, interromper essa difícil caminhada.

Ju

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