domingo, 7 de julho de 2013

LOUVOR AO RIGOR

do maior poeta da língua

João Cabral de Melo Neto.
Pernambucano adepto
del palo seco flamenco

faz o percurso concreto
(diz-se que pavimentado
sobre a água do relato)

do engenho ao Capibaribe
emborcando no Recife;
do Capibaribe à ilha
ida Recife a Sevilha

e dali vaza a retina
(descolada da lírica
por súbita ventania)

de quem lê a pedra gasta
mais de pontiaguda, afiada
no descaminho do passo

de quem medra ensolarado
fundo na lama; o bagaço
atrasado do passado

que mal lhe adocica a canga
refugo da cana; a dança
entre a gitana e o caboclo

de lança - de capa o louco
e lâmina na tourada
do galo, caranguejo, cão:

- mas quem está sujeito ao fio
da faca de uma aspirina?

Severa. Concisa. Exata
Meridianamente clara

a fala dos olhos do João
tão Cabral no palo seco

(a minha leitura que não).

Nenhum comentário:

Postar um comentário