quarta-feira, 4 de março de 2015

REVISITA 44: PROSA DO ACASO

no que era senão o Setor Comercial Sul

Renova a impressão somente: o olhar perseguiu uns passos
Graciosamente perversos.
Balançando ao vento, um corpo pareceu atentar ao pudor
Do breve comprometimento
(do vício do papel à corrente do escrevente).

No pátio dos tratados, entre os muitos desse pátio
O suor da fixação bancou a jogatina:
- seria ela (a) a musa da intempérie
ou a coxa à mostra (b) um acaso provável?
Há muitos vestidos colorindo as ruas, e algumas intenções ocultas.

Entre atônita e obcecada
A massa anônima contornou as leves linhas de mulher
Distraída?
Na prova dos nove, mãos fictícias
Especularam carícias inconsequentes.

Mas a reação não brotou da pele fêmea indiferente.
Uivaram os lobos do meio-dia a uníssona dor que mia
O canto dos esquecidos.
Assoviado o vento oscilando aquele corpo ao largo
Decidiu-se estranho e íntimo da vontade coletiva.

E as formas macias dobraram a esquina
Como em todo dia útil: elusivamente perversas.
E a massa suada de carnes dissolveu-se em individualidades
Condoídas
Como em toda jogatina:

- à espera da próxima, que reverteria...

09/07/1985

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