Que fingem trabalho, e os minutos do almoço
Que fogem rápidos no meio do dia
Para de novo empunhar o arco retesado
Ontem, e lançado infinito nas paredes do quarto
Em que pretendemos.
Onde, no pouco tempo que tivemos
Setas privilegiaram-nos como alvos convertidos
A prazeres lascivos, e ofensivos
Da alheia escassez de sua procura.
Perdidos na negra e comovida contorção
Da vertigem desmedida que alimenta a incerteza
Do outro, vimo-nos
Um no outro, e em buracos obscenos.
Mãos, pernas, termos e engasgos
Frustraram-se tão poucos para o vivido entre tanto.
Idas e vindas do desejo monolítico
Fundiram-se curvas de um quebra-cabeças enfim completo
Sem fissuras.
E se não gostamos destas crises do equilíbrio
Labirintites ciclópicas
Restou-nos líquido o alívio, ali vazado dos músculos
Derretidos.
[para o amor em questão
transfixar carnes de espírito, colher a fórceps gemidos
digerir dos sustos reticências
não houve maior estímulo]
28/09/1988
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