sábado, 21 de março de 2015

REVISITA 46: ADULTÉRIO

Jaz nos caracóis densos
Negra floresta
A mão de tantos cabelos.
Do frêmito da raiz ao pensamento
De um roçar milimetrado
Salta o rasgo insano.
Que faz a mente de um cálculo
Ao frio oportunista que aquece?
Sabem os dois, a rua sonolenta
Diária e suiçamente
Desfaz o plano perfeito:
Cortina cotidiana esticada até a esquina.
Que faz plástico o pente insurreto
Dos dedos da formosa dama?
Sob óculos vidrados
Varrida de toda impressão tola
Deita a angústia tesa de insatisfação.
Divide-se em duas, três mil fragmentos
De coerência comportamental sócio-exibida:
Querer um corpo para comer saciada
Uma alma para ter enganada
Um vetor do prazer consoante
Tutor do futuro
Escravocrata de plantão...
Que fazer do amor da eternidade em minutos
Gozo fátuo poderoso?
A infidelidade a ser
Consome muito mais.

10/01/1986

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