quinta-feira, 12 de novembro de 2015

REVISITA 106: AO DEUS DO AMOR

35º poema de À procura de Nefertari

Ah, indivisível parceiro, eu aceito.

Demorei-nos em delongas más
mas enfim te aceito.

Aceito a tua natureza
o teu ritmo
a tua lógica

as tuas condições
eivadas de contradições:

- ainda que tudo me arrebente
e por dentro me incendeie
num consumo que não compreendo.

Ah, meu amigo, por que além disso
tem isto assim de ser?

Por que faz a luz no fim sentido
violando reta a mais curva treva?

Tronco partido, sou forças dividindo
rumos por campos apartando-me Dela:

- Daquela Morada Oculta, que Ferida
descompassa, Retraída
piorando a minha procura...

Alienado, ainda semeio a tua busca
enfraquecido - as trilhas, quando floridas
transtornam-se oásis de espinhos;

folhas e plumas, ao prosperarem
formigam seu chão de operárias;

intransitáveis violetas coagulam
róseas veias entalhadas a faca!...

Com penhor elusivo, ambíguo te estimo
senhor redivivo Daquela Minha Alma:

- perdoai o amor e o ódio
o sentimental caleidoscópio
que visceralmente lhe devoto!

24/07/2005

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