35º poema de À procura de Nefertari
Ah, indivisível parceiro, eu aceito.
Demorei-nos em delongas más
mas enfim te aceito.
Aceito a tua natureza
o teu ritmo
a tua lógica
as tuas condições
eivadas de contradições:
- ainda que tudo me arrebente
e por dentro me incendeie
num consumo que não compreendo.
Ah, meu amigo, por que além disso
tem isto assim de ser?
Por que faz a luz no fim sentido
violando reta a mais curva treva?
Tronco partido, sou forças dividindo
rumos por campos apartando-me Dela:
- Daquela Morada Oculta, que Ferida
descompassa, Retraída
piorando a minha procura...
Alienado, ainda semeio a tua busca
enfraquecido - as trilhas, quando floridas
transtornam-se oásis de espinhos;
folhas e plumas, ao prosperarem
formigam seu chão de operárias;
intransitáveis violetas coagulam
róseas veias entalhadas a faca!...
Com penhor elusivo, ambíguo te estimo
senhor redivivo Daquela Minha Alma:
- perdoai o amor e o ódio
o sentimental caleidoscópio
que visceralmente lhe devoto!
24/07/2005
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