40º poema de À procura de Nefertari
Outro dia, caminhei contigo próxima
da respiração, os pés seguindo parvos
logicamente atrapalhados, esquivos
a tropeçar no vácuo dos teus passos...
Volta e meia, eu te puxava um braço
de atenção, as mãos buscando as tuas
num abraço de cinturas, a ver o teu olhar
negro mudar claro a direção...
Era tarde, e o descompasso deste aspirar
cercou cálido os teus ombros, sob os cabelos
como se lábios nos teus pêlos, a redesenhar
- a cada arfar - a dupla curva dos teus peitos...
E naquela hora, a lua crescentemente perfeita
entreabria a tua face num terrível sortilégio
de marfim... Mordida, sorridente mordia...
[ao fundo, preto o céu, tudo ruía
meu no franco gesto suicida]
04/09/2005
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