sábado, 26 de dezembro de 2015

REVISITA 112: FERRAJARIA

41º poema de À procura de Nefertari

Agasto a manhã cinza
- objeto simultâneo à lixa

na tua áspera ausência
- cega, decerto ferramenta...

Do atrito quase fumegante
- embora a frio, metálica a poeira

adenso a atmosfera, e paraliso
o tempo, o pensamento - a asfixia

em horas marmóreas
de um branco algo encardido

- e mal esculpida espessura...

Em minutos de chumbo lento
escorrendo, incandescentes

- derretendo à baixa temperatura

fixo, pétrea, a extensão infinda
dessas impressões descabidas...

[nas quais este cinzeiro começo
de dia-cinzeiro, opaco

agasta-me, definitivo
em passado]

27/09/2005

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