domingo, 5 de junho de 2016

REVISITA 138: O ABISMO

Do abismo, só um sopro
percebo ascender sob o rosto;
careço a coragem tal, fugidia
de medir-lhe a profundeza:

- no poço coração, infinita.

Do penhasco, evito a beira
a acrofóbica ventania;
a imensa atmosfera, rasteira
insidiando-se cobra espiral

enroscando o meu passo.

Da luz, esvaindo-se horizontal
lamento os dias, muito úteis
divagados perdidamente:

- lembrança do quanto o amor
me amou a si somente.

[na escarpa, é o nada
todo o medo da morte
descoberta de frio;

do fim, só temo, hirto
a sua demora gelada]

04/08/2000

Nenhum comentário:

Postar um comentário