terça-feira, 21 de junho de 2016

REVISITA 142: JÂNGAL

O búfalo do interior escuro, impaciente adolescente,
assedia-me; as cordas que o retém, no seu esgarço,
testemunham - tão pessoalmente - uma indisciplina
minha, familiarmente velhaca - e farta de cansaços.

Vem o monstro rápido à lisa superfície, cão negro
sem peso; da minha alma agastada, traz nenhum remorso;
resoluto, pisa os meus pruridos; se fraco lhe abro porteiras,
abala agradecido a carreira, como se me considerasse...

Esse búfalo do interior escuro, em largo movimento
amassa delicadezas de relva virgem; despedaça cores
de mimosas flores; mas, na minha dor aguda

que aos sentimentos anula, à passagem da fera,
pontua estreito o desejo - nela impulso, em mim desespero
- de abrir por dentro um caminho...

07/11/2001

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