domingo, 10 de setembro de 2006

Castelos

A saudade hoje chegou bem cedo, antes mesmo do café e do jornal. Pensei em você e senti nosso cheiro no ar. Sua voz, quase real, me chamou e repetiu, baixinho, palavras que me fizeram estremecer. O vazio gelado me trouxe, então, a vontade louca de correr para você.

Incitando minha agonia, as horas quase correram para trás. Dei mais corda no velho relógio da sala, na tentativa frustrada de fazer acelerar o dia. Por fim, venci o tempo, os contratempos, desintegrei minha decência, abri portas que não devia e destruí paredes para estar ao seu lado.

A intenção era surpreender e bati de frente com a realidade: você não me esperava. Então me dei conta de que sua vida segue sem mim. Voltei os quilômetros percorridos com um bolinho nas amídalas e a certeza de que os castelos imaginados são bem mais coloridos que os de verdade.

É! Talvez não deva mais construir castelos. Mas se um dia voltar a fazê-lo, cuidarei para usar menos lápis de cor.

Ju

Nenhum comentário:

Postar um comentário