sexta-feira, 29 de setembro de 2006

DO INESGOTÁVEL PODER DE ILUDIR-SE

Sempre houve um calmo dia
Macio que sonhei claro, de brisa
Morna, quase líquida carícia
Soprando aquém da via vivida

E nesse falso dia de eterna calmaria
(de superlativa falta de expectativa)
Noite a anoitecer havia, e não ver
Arrefecendo o que em seguida vinha

Despertava, da surpresa ira
(matéria escura que tortura a vista)
Esmagada certeza científica:

- Aquela ternura, infinita e obtusa
escorrendo onírica de tal pintura
evoca, no seu ocaso alaranjado
maior ternura ainda, inda obtusa...

Nenhum comentário:

Postar um comentário