quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Vigília

Prestes a assistir de muito perto o avesso preponderar, o gosto amargo na minha boca dita o sabor da saliva e do que mais eu venha a engolir. A dura sensação de estouro sobrepuja e faz com que eu não me preocupe com mais nada fora dos recentes acontecimentos. Sob meus pés, aos poucos, o chão vem-se rompendo, abrindo crateras que parecem ter vida e me querer lá dentro.

De longe, você acompanha o decorrer da história. Mas escolta, avalia, pondera e me dá a mão. E faz promessas de eterno e incondicional amparo. Essa vigília me conforta e faz de mim alguém quase capaz de impedir a ruína. Sim, apenas “quase”, porque me sinto sem forças para competir com a sorte.

Na esperança de que meu destino dê alguma trégua para que eu mesma o reescreva, corro ao seu encontro. Se eu não puder vencer, quero ao menos estar nos seus braços, no seu colo, quando meu solo se quebrar de vez. Permita que eu fique ali, quieta e distante de tudo, como mera testemunha do meu próprio desmoronamento.

Ju

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