quarta-feira, 27 de agosto de 2014

QUANDO REVISITO

pretérito necrotérios

Minha poesia passada

(a que mel com fel rimava
uma e outra veia cava)

causa-me certo embaraço:

- como presente, o passado
se acotovela barato...

Minha poesia era enxada
de lápis, papel, mais nada;

poesia agora enxadada
grátis do papel, por nada:

- mas quanta novela fiava
dores de que hoje desfaço

ontem sabores de inchaços
poéticos - de putrefatos!...

[se nela eu exagerava
o que existia de fato

(o que de fato pensava
que se eximia dos fados)

este meu olho enxergava
(se extemporâneo o palato)

contemporânea a palavra]

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