Meu amor
que as pedras te abandonem!...
As pedras que te tocaram
(tão frias e duras suas ásperas curvas)
terminaram te partindo em expansivos
fragmentos no tempo reincidindo
a dilatar o espaço
sideralizados.
E eu de tão triste
de precoce velhice
ansioso te acompanho acompanhável
interessado na trajetória dos teus pedaços no infinito.
Meu amor
por que cristal multifacetado
quebraste em milhares
de caquinhos irreconciliáveis?
Por acaso não teria eu forjado
para ti indivisível um aço inoxidável?
(bem sei do meu fracasso)
A chuva de estrelas cadentes
tangente ao firmamento
gera o sentimento inexplicável:
- por ti esfarelada
de mim angustiado...
Meu amor
(meu em vão sublime horror)
não escorra entre meus dedos
no vazio dos meneios;
cubra-me do teu pó divino;
deixe-me assim teu íntimo
(embora eu não possa mais ser teu amigo)
sol radiante entre belas negras nuvens!...
Depois cinza não ficaremos
faremos festa quando chover
- entrelaçados de longe
incontrastáveis atrás do horizonte...
25/07/1983
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