sábado, 24 de outubro de 2015

REVISITA 102: VÍCIO

30º poema de À procura de Nefertari

Já caminhei a eternidade. Sozinho
unindo as pedras e o infinito azul.
Da mente às idéias, delas aos passos
os sonhos gastos de sapatos. E andei

às vezes de soslaio, olhando para o lado
à tua procura: nas ásperas ruas, um desvio
contorno discreto; num fio de beco, o destino
de fazer juntos mil rumos ao paraíso.

A jornada fez-me em pedaços. Encontrei-te
enfim pedaço afiado, ferina defesa de nervos
pretensos de aço. Das fundas cicatrizes

que mal a tua alma oculta, retorna crua
a minha ferida nua - talhe ancestral
dor grossa em salmoura exposta.

19/05/2005

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