23º poema de À procura de Nefertari
Filha das noites brancas, a minha amiga
bruma esquina vira no meu encalço;
velha reconhecida, essa criatura
nem sei se é amiga; mas companheira
de eras priscas, é com certeza
filha das noites, dos dias, da próxima
ira; a companheira do meu tempo
neste planeta, deste lado preto
da láctea vida; a visita, quando
lembrando esqueço, da via precária
percorrida - na forma do sono
no meio do dia no corpo de chumbo;
na estreita busca do relógio
nunca à vista; na tarde-marquise
que desaba sem energia
no meu chão firme ainda...
Qual linda Cinderela, paradoxal
pedaço vestido, algemas à vista
ela dança, afinal, a perspectiva
de libertação (afinal)
da Pandora minha dos presídios
neste beco-espaço sideral...
30/04/2005
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