quinta-feira, 1 de outubro de 2015

REVISITA 97: O LADO ESCURO DA LUA CURVA

23º poema de À procura de Nefertari

Filha das noites brancas, a minha amiga
bruma esquina vira no meu encalço;
velha reconhecida, essa criatura
nem sei se é amiga; mas companheira
de eras priscas, é com certeza

filha das noites, dos dias, da próxima
ira; a companheira do meu tempo
neste planeta, deste lado preto
da láctea vida; a visita, quando
lembrando esqueço, da via precária

percorrida - na forma do sono
no meio do dia no corpo de chumbo;
na estreita busca do relógio
nunca à vista; na tarde-marquise
que desaba sem energia

no meu chão firme ainda...

Qual linda Cinderela, paradoxal
pedaço vestido, algemas à vista

ela dança, afinal, a perspectiva

de libertação (afinal)
da Pandora minha dos presídios

neste beco-espaço sideral...

30/04/2005

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