quinta-feira, 30 de julho de 2015

O INDESEJADO DA HORA

e suas formas: história, lembrança, memória

Adentro, agora mesmo
afora, neste momento

o passado, meio a esmo
perpassa, desenterrando

meu passado: vem por todo lado!

Um passado, de repente
repassando no presente

debruçado no meu poente
se convém pouco avistado;

ente de outro continente
embrulhado de presente

sobrevém de trás à frente:

- na vigília, no sono
na penúria do sonho;

na geleia que ponho
na peleja que colho

sem ideia de como;

sem que eu o passe a limpo
sem que eu o queira vindo

sem que cerveja ou vinho
sem que eu o inveje findo...

O passado me vaza
eu o vazo trespassado:

- ambos ultrapassados
datados, etiquetados

e eu tentando desabraçá-los!...

[o instante - enorme lá fora
o adiante - o que me resta por ora

nesta vida implorando por vida

(o bastante - a estante, a prosa
a poesia corrida, a corrida...)

- e vem o passado e sua tropa
assando o esvaziamento das tripas?!...]

Não bastasse eu estar lento
não bastasse desatento

(nem brancos meus pelos nem negros
nem peles castanhos crescendo

a boca, escurecendo
a mente, se espremendo

nenhum sentimento)

e me apagasse contra o vento

se é passado - vem desconvidado:

- demônio verdoengo
importuno legado!...

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