Ou este hiato é o abismo abrindo
Rachando o piso?
(pergunto, ruflando as asas)
As nossas coisas escuras
Embora às vezes pontiagudas
Amo sem arestas - de graça;
Embora contraditórias
(talvez porque delicadas)
Amo-as claras - paradoxalmente
Sem dores, pendores ou amarras.
Mas enquanto eu dormia, abraçado
Às certezas que o teu corpo trazia
Tais coisas se fizeram prisioneiras
De prozaques, efexores, aropaxes:
- a neurotransmissora guerrilha
promessas guarda datadas
qual dia das mães - o que delas não teríamos
da felicidade de branco vestida
laboratorialmente obtida
encapsulada?
Química da alma que vaza
Torpor que beijo algum desperta
De beleza adormecida...
27/08/2002
Nenhum comentário:
Postar um comentário