sexta-feira, 4 de setembro de 2015

REVISITA 89: DAS CELAS DE JANELAS

14º poema de À procura de Nefertari

Ali, outro domingo luminoso desidratando
a hora, e quase convidativo: um deserto silencioso
de sentidos. Aqui, um zoológico de pensamentos híbridos
errando deveras a jaula em que erras agora.

[toda vez que abro o dia azul na clara tela
das idéias, o teu par oblíquo, fitando-me janela
(moldura melancólica de um ébano poético)
quietamente ao búfalo arrasta, magnético
da minha mais funda, encerrada cela]

Servi café amargo a todos os bichos
aos pássaros endoidecidos; penados
seguirão pressurosos, solidariamente
a tua alma errante pelo ciberespaço

(embora acreditem, presunçosos e pios
que erras acerca da liberdade em questão
cyber-cerca, na verdade - a tua alada prisão)

17/04/2005

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