sexta-feira, 18 de setembro de 2015

REVISITA 93: NO CAMINHO DE NEFERTARI

18º poema de À procura de Nefertari

Sempre a um passo, rastro, toque de algo
vivo extático o sonho, a rósea iminência
do desabrochar perfeito; do instante dourado
das portas abertas do palácio; do cristalino
estado das coisas plenamente reconhecidas:

- triunfo iluminista nas profundezas do abismo.

Sempre estou metro atrás de medir o calado
a devida compreensão da quilha embaixo;
dos grilhões no fundo, guardo a vaga impressão
de hóspede eludindo a mente, uma rasa noção
do que vaza por dentro:

- talvez torturado da verticalidade
dos impulsos vulcânicos de felicidade.

No momento contínuo das sedas em movimento
desdobradas indefinidamente desde sempre
percorro cuidadoso o teu sacro espaço:

- mas não macular processo, tempo, colheita
(a comunhão na bacia imperfeita das almas deste mundo)
desaponta possível o nosso único futuro...

[pulsa contrito o cardíaco sentimento
de amor zeloso aos corvos afastando]

23/04/2005

Nenhum comentário:

Postar um comentário