A linha sinuosa do teu corpo ao lado
(cobra insinuante a quebrar o compasso
lenta descontinuando o instante lasso)
varre a minha mente de pretéritos cacos
e ocas previsões; envelopa-me parvo
ao preciso e ao sagrado, a sedas abraçado
num sossego conquistado duramente fátuo...
Respiras o silêncio, subindo em staccato
a leve pluma morna e agridoce do teu hálito;
sonhadora interrompida, dorminhoca entre atos
(quase toda espreguiçada, quase nada acordada)
reviras, quase tanto distraída, à procura do acaso
da minha boca - do beijo bojudo que findo roubas
num grande e gracioso e perfeito movimento...
E num segundo gordo, toda a hora se ilumina
quando índio nu acendo, apache a fogueira
teus sentidos nos tecidos finamente consentidos
de lícitos cuidados, e ilícitos - a ordem contrafeita;
e depois esfumaço púrpuro e rubro, amarelo e branco
quando ao mundo anuncio, descansada da refrega
a paz derretida das hordas satisfeitas...
[logo finda a alegria, pois desperta a rotina
da vida incontornável dividida ao meio-dia]
21/04/2005
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