domingo, 2 de agosto de 2015

REVISITA 77: MEDICINA PARA NÁUFRAGOS

primeiro poema de À procura de Nefertari, obra inédita

As vertigens do escolher são a paga
dos espíritos livres.

Embora acrófobo, sigo os teus passos
à procura das tuas mãos etéreas
(nervosas, ligeiras, elusivas: creio ainda firmes)
no fundo azul das telas;
fugaz, o teu ar rarefeito
sustenta nas alturas o granito pesado do meu medo.

As quelóides na alma são da saga
dos seres libertos.

Se virtual te rastreio o espaço
(hipertextualizando trilhas)
tropeço nos vestígios das batalhas
que travaste contra as fissuras
que te partem em duas, três, várias
doces criaturas.

A vida em pedaços vem da calha
do tempo repassando novidades.

Circunstancialmente atrasado
(ainda a relógios acorrentado)
contemplo o teu caminhar alto
fechando circular
(os dedos pelos pés, dos sonhos prenhe)
hic et nunc:

- o que cura neste lugar
e aos egos junta, agora
trago no descompasso
desta quase-hora.

27/03/2005

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