Acordei da névoa lusco-fusca
entre os olhos e a consciência;
e o véu anestésico dobrou escuro
o segundo gasto a ter certeza
afinal de tua existência.
O café, a música, a tela brilhosa
inseparáveis da manhã crepuscular
derramaram-se pelos cantos múltiplos
recontando, extáticos, as tuas estórias;
nestas antevi, sonolento embora, a tua vitória:
- a vitória óbvia do desejo sobre o medo
pelo teu horizonte inimigo dos cubículos;
- o predomínio das cores vivas sobre a cinza
dor recidiva; o triunfo dos afetos em flor
apenas por brotarem, testemunhas viças
do quão fértil és, em realidade e fantasias;
- a prevalência definitiva, sem mais idas
da inocência incontida dos propósitos
no espírito da tua herança adolescente;
- e na tua hora hoje adulta, algo retida
a escolha real dos impulsos, ora temperados
logo virá no molhar da camisa, a jogar a vida.
Por fim, a minha nobre, oportuna astrologia
dourando vespertina essa questão matutina
(no avançar inexorável deste lindo dia)
concedeu-me derradeiro o conhecimento
limpo - sem nuvens - do teu destino:
- nele um amor rendido, franco
plenamente correspondido
será coroado soberano.
09/04/2005
Nenhum comentário:
Postar um comentário