sexta-feira, 21 de agosto de 2015

REVISITA 84: DAS HORAS

oitavo poema de À procura de Nefertari

Esta manhã cedo amiga, ensolarada
antiga luz de arcos, flores de sacadas
clara coloriu crepúsculo pensamento:

- pintou de azul-puro o meu desejo
de andar contigo, as mãos dadas
bobas sorrindo pelas calçadas.

Quando o calor enfadou o dia, a tarde
encontrou-me contigo no interstício
do mais saudável, o quarto cochilo:

- quase acordados sonhando vagares
de largas asas levando-nos pelos ares
à insustentável jornada de que falaste.

Dali a noite invisível, opaca cegueira
introverteu-me cinestésico o espírito
para coisas mínimas que são tuas:

- finíssimas fraturas diminutas
dedilhando certeiras sílabas ligeiras
a varar agudas madrugada escura.

[quero-me seta e alvo, a escala do relógio
no espaço inteiro desse tempo a teu respeito]

08/04/2005

Nenhum comentário:

Postar um comentário