oitavo poema de À procura de Nefertari
Esta manhã cedo amiga, ensolarada
antiga luz de arcos, flores de sacadas
clara coloriu crepúsculo pensamento:
- pintou de azul-puro o meu desejo
de andar contigo, as mãos dadas
bobas sorrindo pelas calçadas.
Quando o calor enfadou o dia, a tarde
encontrou-me contigo no interstício
do mais saudável, o quarto cochilo:
- quase acordados sonhando vagares
de largas asas levando-nos pelos ares
à insustentável jornada de que falaste.
Dali a noite invisível, opaca cegueira
introverteu-me cinestésico o espírito
para coisas mínimas que são tuas:
- finíssimas fraturas diminutas
dedilhando certeiras sílabas ligeiras
a varar agudas madrugada escura.
[quero-me seta e alvo, a escala do relógio
no espaço inteiro desse tempo a teu respeito]
08/04/2005
Nenhum comentário:
Postar um comentário