feliz ano novo!
Convenção ou não
esta noite irá
pela translação
que nova será
em todo lugar
que a comemorar
entre as doze horas
e suas auroras.
Então, por que não
(mesmo se mesmo ar)
por que não tentar
outra inspiração?
[senão, por que não
(apesar desse ar)
por que não soprar
noutra direção?]
quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
DA MINHA PAISAGEM
Telhados abaixo
postes de pássaros
fios de macacos;
varandas abaixo
muretas de gatos
poleiros de galos;
janelas abaixo
cão encarcerado
pães recém-chegados
mármore quebrado
rotas de lagartos;
escadas abaixo
garagens, ramagens
portelas com mato
paragens, passagens
caminhos de ratos
poças de catarro
pontas de cigarro
selvagens, linguagens
árvores abaixo.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
MADRE DE DEUS
Madredeus
como os teus
tenho os meus:
- Zeus, Mateus
semideus, o antideus
seus plebeus, seus proteus
e os sem-deus (prometeus);
dipneus, pigmeus
jebuseus, fariseus
cadmeus dos egeus
europeus;
Pireneus, apogeus
ateneus, himeneus
perigeus
e o adeus (nos museus).
Madredeus
como meus
tento os teus...
como os teus
tenho os meus:
- Zeus, Mateus
semideus, o antideus
seus plebeus, seus proteus
e os sem-deus (prometeus);
dipneus, pigmeus
jebuseus, fariseus
cadmeus dos egeus
europeus;
Pireneus, apogeus
ateneus, himeneus
perigeus
e o adeus (nos museus).
Madredeus
como meus
tento os teus...
terça-feira, 29 de dezembro de 2015
RÉGULO
pelos séculos
Nos cubículos
mais ridículos
um estímulo
dois testículos
e montículos
de folículos
(tanto os pávulos
quanto os fâmulos)
têm seu vínculo
nos textículos
que vernaculo.
[meu currículo
em fascículos
sem estrídulo]
Nos cubículos
mais ridículos
um estímulo
dois testículos
e montículos
de folículos
(tanto os pávulos
quanto os fâmulos)
têm seu vínculo
nos textículos
que vernaculo.
[meu currículo
em fascículos
sem estrídulo]
segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
SOBRETUDO FERRÃO II
... pilhada
na quelha
ilhada
ovelha
cilhada
espelha
talhada
abelha
olhada
centelha
malhada
da relha
calhada
na telha
molhada
parelha!...
na quelha
ilhada
ovelha
cilhada
espelha
talhada
abelha
olhada
centelha
malhada
da relha
calhada
na telha
molhada
parelha!...
domingo, 27 de dezembro de 2015
NESTES TEMPOS DE CHIKUNGUNYA
Inquieto
inseto
pousou-me
sua fome.
E quieto
sensato
pousei-lhe
(sapato)
meu tato!
inseto
pousou-me
sua fome.
E quieto
sensato
pousei-lhe
(sapato)
meu tato!
SEXTILHA DOMINGAL
let's move, for god's sake!...
O dia básico
do ser astásico
(aquém de frásico)
[porém de afásico]
[porém de afásico]
porque ectásico
- queria fásico.
sábado, 26 de dezembro de 2015
DOIS MIL E QUINZE
balanço
Quinze por cento
do novo tempo
já se perderam
sob os escombros
do mundo velho.
...
[escaravelhos
de largos ombros:
- é o que desejo
que então sejamos]
sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
O VINTE E CINCO
o dezembrino
Dezessete
- é da confraria.
Dezenove
- avista a família.
Vinte e quatro
- requer romaria
vinte e cinco
- da sala à cozinha
vinte e sete
- ao que sobraria
vinte e nove
- pra quem der notícia
enfim do ano
- a quem de alegria...
Mas todavia
um vinte e cinco
- no vinho tinto
- na batatinha
bom solicita
mais compromisso
pois dia num quinto
de energia:
- quatro quintos
de inércia devida
comprometidos...
DIVINA
to the High Priestess of Soul
... eu o faria
Nina Simone:
- madrugaria
ouvir-te insone
outra menina
ao microfone
(outra Simone
ao telefone)
sem o teu dia
deixar-te insone
sem esta vida
living alone
anjo da noite
arte que some
amada Nina
minha Simone...
... eu o faria
Nina Simone:
- madrugaria
ouvir-te insone
outra menina
ao microfone
(outra Simone
ao telefone)
sem o teu dia
deixar-te insone
sem esta vida
living alone
anjo da noite
arte que some
amada Nina
minha Simone...
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
PROPOSTA DE NATAL
Na véspera do aniversário daquele
evocado diária, milenariamente
para a justificação de bem-quereres
bem-deveres, bem-poderes, bem-haveres
(boas ações, boas razões, boas paixões)
não seria o caso de, ao menos amanhã
deixá-lo descansar em paz naquela cruz?
evocado diária, milenariamente
para a justificação de bem-quereres
bem-deveres, bem-poderes, bem-haveres
(boas ações, boas razões, boas paixões)
não seria o caso de, ao menos amanhã
deixá-lo descansar em paz naquela cruz?
EPISTEMOLÓGICA
Te rever
e rever
e rever
e viver
conviver
com mister
forever
embota
desbota
sabota
rebota
(labora?)
(reforça?)
[retorna?]
{renova?}
cada ver
cada ser.
[cada ser
de um rever].
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
EPISTEMOLÓGICAS
fragmentos
Experiências pontuais
geram conhecimento pontual.
[podem gerá-lo
se limitá-lo (ao imitá-las)
particularizado].
***
Experiências contínuas
geram conhecimento - continuamente?
[não necessariamente
aquele necessário
que do modo exigente
é relativizado].
***
[familiaridade crescente:
- seu pavimentar mente
um enxergar decrescente
até olhar simplesmente].
Experiências pontuais
geram conhecimento pontual.
[podem gerá-lo
se limitá-lo (ao imitá-las)
particularizado].
***
Experiências contínuas
geram conhecimento - continuamente?
[não necessariamente
aquele necessário
que do modo exigente
é relativizado].
***
[familiaridade crescente:
- seu pavimentar mente
um enxergar decrescente
até olhar simplesmente].
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
NOTURNAL
A trevosa chuvarada
da chuvosa madrugada
quando penso se fechada
aconchega-me pausada
forte e fraca, forte e fraca
brava e calma, calma e brava
sincopada (a retomada)
na rotina ritmada
de cortina sanfonada
- uterina casa d'água
breve e opaca, sempre opaca
da trevosa madrugada...
segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
DA EXTINÇÃO DA ESPÉCIE
desta subespécie
A longo prazo
(quando tal prazo?)
o descompasso
(de qual compasso?)
entre o querer e o dever
(o dever de desquerer?)
[o prazer de bem-querer?]
1a. centralizará o poder
1b. fortalecerá o poder
1c. abusará do poder
1c. abusará do poder
1d. enfraquecerá o poder
1e. colapsará o poder
do sujeito refazer.
...
[quanto de prazo
a longo prazo?]
{nós neste passo
sós neste barco?}
domingo, 20 de dezembro de 2015
QUADRA (DA VOLTA À) CORRIDA
o meu tempo era melhor
Meus joelhos
de coelho
são coelhos
de joelhos!...
Meus joelhos
de coelho
são coelhos
de joelhos!...
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
REPTÍLIA
Um lagarto me sorri
do seu chão que percorri
[um passado socorri
num desvão aberto aqui].
Parece involuntário
- voltar-se solitário
tanto eu quanto o bastardo
no tempo deste espaço;
mas digo que os prefiro
reverberando antigos
já por demais extintos
naquilo que atribuímos
a animais: instinto
de espécie solidária.
...
{a lagartos recorri
pelo chão que me sorri}
do seu chão que percorri
[um passado socorri
num desvão aberto aqui].
Parece involuntário
- voltar-se solitário
tanto eu quanto o bastardo
no tempo deste espaço;
mas digo que os prefiro
reverberando antigos
já por demais extintos
naquilo que atribuímos
a animais: instinto
de espécie solidária.
...
{a lagartos recorri
pelo chão que me sorri}
OCULTAS
renovadas
A lua nova
da noite opaca
(a noite nova
da lua opaca)
nos argamassa
nos amassa
nos assa
a sós
só
...
[a rua nova
pernoita opaca]
{a rua opaca
pernoita a lua}
A lua nova
da noite opaca
(a noite nova
da lua opaca)
nos argamassa
nos amassa
nos assa
a sós
só
...
[a rua nova
pernoita opaca]
{a rua opaca
pernoita a lua}
quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
RASCUNHOS
Amarela
aquarela
esta manhã
é do amanhã.
[à janela
por sobre a chã]
***
Amarela manhã
aquarela amanhã.
[o que dela louçã]
***
Aquarelo
o amarelo
desta manhã
para amanhã.
***
Amanhã aquarelará
acaramelada manhã.
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
SE NÃO, POIS SIM
o caminho oposto
Nestas férias sem Nordeste
(ressentimento da peste!)
sem sua beleza celeste
sem seus prazeres terrestres
solicito ao Centro-Oeste
mais que nunca, esteja a oeste:
- bem longe dos caranguejos
daquele mar inconteste
porque invejoso o desejo
(o qual pragueja e praguejo!)
contraditório que almejo
guardado num lugarejo...
[inda que seja um bosquejo
tal de ter - mas sertanejo]
Nestas férias sem Nordeste
(ressentimento da peste!)
sem sua beleza celeste
sem seus prazeres terrestres
solicito ao Centro-Oeste
mais que nunca, esteja a oeste:
- bem longe dos caranguejos
daquele mar inconteste
porque invejoso o desejo
(o qual pragueja e praguejo!)
contraditório que almejo
guardado num lugarejo...
[inda que seja um bosquejo
tal de ter - mas sertanejo]
domingo, 13 de dezembro de 2015
QUADRA EXPLICATIVA
consultoria sem poesia
Em meio a três dias inúteis
a minha fé esteio nos fúteis:
- o dinheiro ganho naqueles
mais direito confere a estes.
Em meio a três dias inúteis
a minha fé esteio nos fúteis:
- o dinheiro ganho naqueles
mais direito confere a estes.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
NO PLANALTO VENTRAL
Raios, clarões vários
trovões de cenários:
- quase o fim do mundo
desfecho iracundo
pra quem treme muito
(ou que teme fundo)...
***
Meu amor pegunta
porque toda chuva
gosta de assustá-la:
- acho que por nada
dada a natureza
(natureza dada).
QUINTILHA DO QUE (SE) SUCEDE
Leves dias - quando empilham
à medida que nos ilham
(da vida de que precisam)
[das lidas que os justificam]
breve mais pesados ficam.
à medida que nos ilham
(da vida de que precisam)
[das lidas que os justificam]
breve mais pesados ficam.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
DESTE MOMENTO
usufrutuário
Estou recluso
e ensolarado
algo profuso
e continuado
nada confuso
desencontrado
do que desuso
abandonado
no que mais uso
desafinado...
Estou excluso
idealizado:
- um inconcluso
recuperado.
Estou recluso
e ensolarado
algo profuso
e continuado
nada confuso
desencontrado
do que desuso
abandonado
no que mais uso
desafinado...
Estou excluso
idealizado:
- um inconcluso
recuperado.
DRONE
While rolling the Stones
watching the Flintstones
the milestones
the tombstones
all the capones
(and their clones)
I must turn this cornerstone
alone
[with Nina Simone]
watching the Flintstones
the milestones
the tombstones
all the capones
(and their clones)
I must turn this cornerstone
alone
[with Nina Simone]
SEM SABÃO
a Pedro Sérgio, no seu aniversário
De manhã, São Pedro
bateu o cinzeiro
(todos os cinzeiros
do mundo carvoeiro)
sujando feio o ar:
- no alto o firmamento
e aqui o calçamento.
E o enxágue, Pedro?
Quem irá fazê-lo?
[ô santo fumante
pouco edificante!...]
...
{a natura veio
- e num só vareio
me lavou o Pedro
com tudo no meio}
De manhã, São Pedro
bateu o cinzeiro
(todos os cinzeiros
do mundo carvoeiro)
sujando feio o ar:
- no alto o firmamento
e aqui o calçamento.
E o enxágue, Pedro?
Quem irá fazê-lo?
[ô santo fumante
pouco edificante!...]
...
{a natura veio
- e num só vareio
me lavou o Pedro
com tudo no meio}
terça-feira, 8 de dezembro de 2015
TEMPORADA
Capa d'água
na sacada.
Empoçada.
Espelhada
- a moçada
nem molhada.
Festa n'água
que desagua
numa frágua...
na sacada.
Empoçada.
Espelhada
- a moçada
nem molhada.
Festa n'água
que desagua
numa frágua...
PECILOTÉRMICA
A via do lagarto
se percorre sob o sol:
- à noite, congelada
pernoita reparada.
Se vida de lagarto
(lida e sorte alternadas)
corre igual ao caracol
mas também ao rouxinol;
há cobras e lagartos
há sobras e catartos
e soçobras e infartos
- mas também um girassol
sombreando dez espartos
no vaivém de lua e sol.
...
[diga amém aos girassóis]
se percorre sob o sol:
- à noite, congelada
pernoita reparada.
Se vida de lagarto
(lida e sorte alternadas)
corre igual ao caracol
mas também ao rouxinol;
há cobras e lagartos
há sobras e catartos
e soçobras e infartos
- mas também um girassol
sombreando dez espartos
no vaivém de lua e sol.
...
[diga amém aos girassóis]
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
EU PROMETO
Amanhã voltarei a correr
porque cochilo após o almoço
cochilo tal que é chumbo grosso:
- entre os vivos, ressaltam-se outros.
Porque afundo depois do almoço
na treva de um sono absurdo
- do qual voltar eu quase anulo -
amanhã tratarei de correr.
Logo após o almoço de sonho
- sonho culinário que almoço -
sobrevém sono um poço surdo
num bloco de granito escuro
trafegando o rio mais bruto
- um que dá vontade de morrer...
Por isso, volverei a correr
entre os vivos - os outros - todos -
a fim deste estar fortalecer
no que os dias hão de suceder.
porque cochilo após o almoço
cochilo tal que é chumbo grosso:
- entre os vivos, ressaltam-se outros.
Porque afundo depois do almoço
na treva de um sono absurdo
- do qual voltar eu quase anulo -
amanhã tratarei de correr.
Logo após o almoço de sonho
- sonho culinário que almoço -
sobrevém sono um poço surdo
num bloco de granito escuro
trafegando o rio mais bruto
- um que dá vontade de morrer...
Por isso, volverei a correr
entre os vivos - os outros - todos -
a fim deste estar fortalecer
no que os dias hão de suceder.
ANÉIS
o negócio da nossa ciência política
Te dou alguns anéis
alguns contos de réis
pelos meus dedos fiéis.
Promessas em papéis
sentenças, aranzéis
em línguas de babéis
- ou fugas em batéis
(apesar dos parcéis) -
pelos meus dedos fiéis.
Te cedo alguns tonéis
desvios de farnéis
e sobras de cartéis
caça-níqueis, troféus
- festejos em hotéis
puteiros em apês
entregas de pastéis
em colchões de frouxéis -
pelos meus dedos fiéis.
Repassando chapéus
te cultivo plantéis
de chefes, barnabés
parlamentares rés
de juízes, coronéis
soldados em corcéis
convocando tropéis
(talvez até os quartéis)
pelos meus dedos fiéis.
Se necessário um viés
te envio alguns novéis
justiceiros cruéis
(rebeldes ou bedéis)
ou penas de aluguéis
(arautos de escarcéus)
pra afundar em marnéis
os que forem infiéis
a estes dedos - os dez!
E quando enfim os céus
pedirem mausoléus
escribas de cordéis
em torno dos incréus
operando cinzéis
brilhando fogaréus
encobrirão com véus
o quanto fomos réus
por nossos bons anéis...
Te dou alguns anéis
alguns contos de réis
pelos meus dedos fiéis.
Promessas em papéis
sentenças, aranzéis
em línguas de babéis
- ou fugas em batéis
(apesar dos parcéis) -
pelos meus dedos fiéis.
Te cedo alguns tonéis
desvios de farnéis
e sobras de cartéis
caça-níqueis, troféus
- festejos em hotéis
puteiros em apês
entregas de pastéis
em colchões de frouxéis -
pelos meus dedos fiéis.
Repassando chapéus
te cultivo plantéis
de chefes, barnabés
parlamentares rés
de juízes, coronéis
soldados em corcéis
convocando tropéis
(talvez até os quartéis)
pelos meus dedos fiéis.
Se necessário um viés
te envio alguns novéis
justiceiros cruéis
(rebeldes ou bedéis)
ou penas de aluguéis
(arautos de escarcéus)
pra afundar em marnéis
os que forem infiéis
a estes dedos - os dez!
E quando enfim os céus
pedirem mausoléus
escribas de cordéis
em torno dos incréus
operando cinzéis
brilhando fogaréus
encobrirão com véus
o quanto fomos réus
por nossos bons anéis...
domingo, 6 de dezembro de 2015
CULTIVO
Entre o fim do domingo
e a manhã da segunda
anoiteço um sentido
que depois me madruga
para as coisas bem-vindo
a partir da segunda
repartir no domingo.
DAS PRECIPITAÇÕES
de auroras
O domingo encoberto
pelas águas voadoras
descobre as maritacas
junto das mariposas!
Do silêncio soberbo
das últimas pessoas
elas vêm, às carradas
(falo das maritacas)
perturbando, espaçosas
o tempo de um acerto:
- entre esta madrugada
(fado das mariposas)
e agora a chuvarada
há pouco sossegada...
O domingo encoberto
pelas águas voadoras
descobre as maritacas
junto das mariposas!
Do silêncio soberbo
das últimas pessoas
elas vêm, às carradas
(falo das maritacas)
perturbando, espaçosas
o tempo de um acerto:
- entre esta madrugada
(fado das mariposas)
e agora a chuvarada
há pouco sossegada...
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
MÉTODO
escorço
Objetivo
subjetivo
qualitativo
quantitativo
contemplativo
é o meu motivo.
Daí assisto
a isso e aquilo
a esta e aquele
com alma leve
e atentamente
sem que um estorço
torça o esforço
pelos sentidos
comprometidos:
- tais fenômenos
como são mesmos
nem mais nem menos.
Objetivo
subjetivo
qualitativo
quantitativo
contemplativo
é o meu motivo.
Daí assisto
a isso e aquilo
a esta e aquele
com alma leve
e atentamente
sem que um estorço
torça o esforço
pelos sentidos
comprometidos:
- tais fenômenos
como são mesmos
nem mais nem menos.
AFEITO
Um beijo
(teu queixo)
um queijo
(queijeiro)
trejeitos
respeitos
proveitos
- mas feitos
com jeito
suspeito -
aceito
(o efeito)
[defeitos
perfeitos]
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
SOBRE IR
possibilidades perfeitas
Ontem, vou hoje.
Hoje, irei amanhã.
Amanhã, fui ontem.
Ontem, fui hoje.
Hoje, vou amanhã.
Amanhã, irei ontem.
Ontem, irei amanhã.
Amanhã, vou hoje.
Hoje, fui ontem.
Ontem, fui amanhã.
Amanhã, irei hoje.
Hoje, vou ontem.
Ontem, vou amanhã.
Amanhã, fui hoje.
Hoje, irei ontem.
Ontem, irei hoje.
Hoje, fui amanhã.
Amanhã, vou ontem...
Ontem, fui ontem.
Hoje, vou hoje.
Amanhã, irei amanhã.
Ontem, vou hoje.
Hoje, irei amanhã.
Amanhã, fui ontem.
Ontem, fui hoje.
Hoje, vou amanhã.
Amanhã, irei ontem.
Ontem, irei amanhã.
Amanhã, vou hoje.
Hoje, fui ontem.
Ontem, fui amanhã.
Amanhã, irei hoje.
Hoje, vou ontem.
Ontem, vou amanhã.
Amanhã, fui hoje.
Hoje, irei ontem.
Ontem, irei hoje.
Hoje, fui amanhã.
Amanhã, vou ontem...
Ontem, fui ontem.
Hoje, vou hoje.
Amanhã, irei amanhã.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2015
DE UM BEI PERTO DO REI
Chegaram as férias
para as quais estarei
- de férias, não serei.
[férias de sequelas
folgo nas falésias]
Um dia, outras férias
serão amnésias
deste tempo destas;
chegarão aquelas
paramnésicas
nas quais florescerei.
[um frei longe da grei]
terça-feira, 1 de dezembro de 2015
POETA
Enquanto sorvo
meu café lento
enfrento o estorvo
da fé que tenho:
- por qual talento
(ou desalento)
paro rebentos
torvos de feios
e os absorvo
filhos de corvos?
Vêm de terceiros
(dos controversos?)
primeiro os termos
segundo os versos
conspirem presos
formar quadrilhas?
Juntar tercetos
quadras, quintilhas
sextilhas mesmo
alexandrinas?
Quadro dantesco
quintos do inferno
se uma vez eco
de outra vasilha...
[se má poesia
a filha é minha!]
...
{enquanto sorvo
a fé que tenho
meu café bento
frente ao estorvo
esfria lento}
meu café lento
enfrento o estorvo
da fé que tenho:
- por qual talento
(ou desalento)
paro rebentos
torvos de feios
e os absorvo
filhos de corvos?
Vêm de terceiros
(dos controversos?)
primeiro os termos
segundo os versos
conspirem presos
formar quadrilhas?
Juntar tercetos
quadras, quintilhas
sextilhas mesmo
alexandrinas?
Quadro dantesco
quintos do inferno
se uma vez eco
de outra vasilha...
[se má poesia
a filha é minha!]
...
{enquanto sorvo
a fé que tenho
meu café bento
frente ao estorvo
esfria lento}
segunda-feira, 30 de novembro de 2015
PESCOÇO
torcicolo eu forço
torcicolo eu torço
torcicolo eu drogo
Neste dia morno
um feriado morto
jaz em frente ao sono.
Exponho o seu corpo
(em recomposição)
a um romance insosso
a um jazz inodoro
a um filme de ocasião.
...
[o que lazer então?...]
domingo, 29 de novembro de 2015
QUINTILHA (ANTECIPÁVEL) DE FÉRIAS
Quando dezembro
chega em novembro
(lá por setembro)
eu me desmembro
de estados-membros...
chega em novembro
(lá por setembro)
eu me desmembro
de estados-membros...
sábado, 28 de novembro de 2015
sexta-feira, 27 de novembro de 2015
INCRÉU
Quando soberbo o véu
que azul dá cor ao céu
(e ilhéu o contemplo)
me vejo um tabaréu
ao léu matutando...
[por que este belo véu
cobrindo o vasto céu
(me ocorre incréu pensar)
meu mausoléu será?...]
terça-feira, 24 de novembro de 2015
À MAIS DESEJADA DE TODAS
por bem e por mal, afinal
Férias batendo à porta...
Férias regando a horta...
Férias curando a aorta...
Férias pulsando em forma...
Férias cruzando a borda...
Férias comendo à porca...
Férias bebendo as boas
- loas somente às boas!
Férias curtindo a engorda...
Férias de peles negras
azuis, roxas, vermelhas...
Férias de aranhas vivas
férias de moscas mortas
enredando armadilhas:
- quando a estação entorta
o que afinal importa?
(o ponto da translação
em que nos encontramos?)
[o planeta em rotação
do qual desencontramos?]
...
{férias nos dando corda
de férias roendo a corda}
Férias batendo à porta...
Férias regando a horta...
Férias curando a aorta...
Férias pulsando em forma...
Férias cruzando a borda...
Férias comendo à porca...
Férias bebendo as boas
- loas somente às boas!
Férias curtindo a engorda...
Férias de peles negras
azuis, roxas, vermelhas...
Férias de aranhas vivas
férias de moscas mortas
enredando armadilhas:
- quando a estação entorta
o que afinal importa?
(o ponto da translação
em que nos encontramos?)
[o planeta em rotação
do qual desencontramos?]
...
{férias nos dando corda
de férias roendo a corda}
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
domingo, 22 de novembro de 2015
sábado, 21 de novembro de 2015
PRESENTE ABSOLUTO
ironias à parte
Hoje tem Barça e Real
hoje o melhor futebol.
Hoje é bem vário o canal
que hoje centraliza o escol
hoje cobrando global
(hoje um por todo arrebol)
concentrado hoje em prol
de estar bem estando atual:
- hoje com Barça e Real.
Hoje tem Barça e Real
hoje o melhor futebol.
Hoje é bem vário o canal
que hoje centraliza o escol
hoje cobrando global
(hoje um por todo arrebol)
concentrado hoje em prol
de estar bem estando atual:
- hoje com Barça e Real.
sexta-feira, 20 de novembro de 2015
DO ARCO DE UM VELHO
Do ponto de chegada
(nos braços de uma toalha)
ao ponto de partida
(no abraço da mortalha)
meus dias indo e vindo
(seu brilho vindo e indo)
embora renovados
embora repetidos
urdidos e perdidos
parecem despedidas:
- são dias esvaindo
(porfias sem sentido)
no vão da noite infinda...
(nos braços de uma toalha)
ao ponto de partida
(no abraço da mortalha)
meus dias indo e vindo
(seu brilho vindo e indo)
embora renovados
embora repetidos
urdidos e perdidos
parecem despedidas:
- são dias esvaindo
(porfias sem sentido)
no vão da noite infinda...
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
DO CAMINHAR
Teu convite
nos permite
que eu insista
(e desista
em seguida
caso mingue)
no seguinte:
- leite, café
chá, samovar
chá, samovar
e boa-fé.
[são quatro pés
a encaminhar
num canapé
à beira-mar]
terça-feira, 17 de novembro de 2015
GLIMPSE III
... a incidência
(reincidente)
de tua ciência
coincidente
traz ao olhar
ver e enxergar
...
[fez (de te olhar)
imaginar]
(reincidente)
de tua ciência
coincidente
traz ao olhar
ver e enxergar
...
[fez (de te olhar)
imaginar]
GLIMPSE II
... borboleta
(cançoneta)
flor violeta
recoleta?
- que olhadela
(ao revê-la)
ia austera
percebê-la?...
(cançoneta)
flor violeta
recoleta?
- que olhadela
(ao revê-la)
ia austera
percebê-la?...
GLIMPSE
... a silhueta
de ampulheta
que sua areia
aligeira
na verdade
reverdeja
a vontade
de revê-la ...
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
domingo, 15 de novembro de 2015
SIGNUM VIRTUALIS II
Enquanto eu lia
(lia Cecília)
tocou um sino
(talvez um sino).
Porquanto ouvia
(que parecia)
também o via
(um tanto antigo)
que padecia
que era poesia:
- coisa longínqua
da mesma língua.
sábado, 14 de novembro de 2015
GUARDA BAIXA
A tristeza que me abate
do tipo que vem à tarde
[um tipo senão mais tarde
triste nem foi de verdade]
é uma que vem sem alarde:
- uma que não tenho alarme
como se um cão que em vão late.
do tipo que vem à tarde
[um tipo senão mais tarde
triste nem foi de verdade]
é uma que vem sem alarde:
- uma que não tenho alarme
como se um cão que em vão late.
POR QUE ESTA LUZ NA VIDRAÇA?
por que estás ensolarada?...
Dispersou a tempestade
que inundaria a cidade.
Teria sido espontâneo
(dado que foi subitâneo)
ou imprevisão do clima
(dado o que superestima)
ou talvez coisa de Pedro
(pro católico santeiro):
- fato é que a tempestade
(seu arsenal, na verdade)
debandou sobre a cidade.
...
Dada a mudança contrária
- sua refratária bonança
coube a uma criança explicá-la:
- o que move a natureza
é a vontade de cereja!...
...
...
[o que deseja a vontade
à vontade no que seja?...]
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
SIGNUM VIRTUALIS
Alguém tocou um sino
há pouco algo longínquo
ao parecer ouvido.
Há poucos sinos aqui
- nenhum que nos lembre ali
de lá, do além, de acolá
de acordar noutro lugar.
Neste mundo secular
se há tecnologia
não há coisa longínqua:
- alguém tangeu um sino
tão pouco ouvido daqui
mas ubiquamente acá
hic, here, zhèli, cá...
terça-feira, 10 de novembro de 2015
QUANDO ENFIM BATER NA BUNDA
a água do efeito estufa
A temperatura sobe
dentro, fora, sob, sobre
acima, abaixo, por entre
detrás, ao lado - na frente
dos que pelas costas mentem
(entre aqueles que o desmentem).
...
A temperatura sobe
sobe, coze, sobe, fode:
- quando derreterá uns cofres
após derreter seus cobres?...
A temperatura sobe
dentro, fora, sob, sobre
acima, abaixo, por entre
detrás, ao lado - na frente
dos que pelas costas mentem
(entre aqueles que o desmentem).
...
A temperatura sobe
sobe, coze, sobe, fode:
- quando derreterá uns cofres
após derreter seus cobres?...
segunda-feira, 9 de novembro de 2015
UM DOM QUE (MAL) CULTIVO
meu soneto vesperal
O tempo convertido
no espaço do seu ruído
(e assim reconstituído
pelo som que imagino)
avisa os meus ouvidos
(que vezes têm olvido)
que passa o seu trenzinho
na instância que imagino:
- o trem do tempo vindo
(a outrem, tempo bem-vindo)
sozinho desde a infância
até aonde adivinho
[pelo eco que imagino
ser tom do seu destino]
domingo, 8 de novembro de 2015
AO INVÉS DE TRÊS CHINGOS
que venha mil domingos!...
...
(no domingo, a preguiça
da liça que respingo
eu xingo sem derriça
ou justiça de gringo)
...
[no domingo, eu enguiço
carniça na caatinga
catinga que enfeitiço
cediça, não distingo]
...
{cobiça, no domingo
dominga, de postiço
noviça, da qual gingo
zuninga de serviço}
...
[ao invés de hortaliças
que venha só linguiças!...]
sábado, 7 de novembro de 2015
QUADRA DA REVOLUÇÃO
Num sete de novembro
sonhamos que seremos
um dia, noite adentro
melhores que podemos.
LABORAL
atemporal
O meu dia é picado
em tarefas inúteis
(trabalho que retalho
retalho a rebotalho
até o fim da picada!)
ou é dia ocupado
por repetições febris
de atuações nada sutis
dada a rotina estéril.
Porque lida escamada
(porque viva e estancada!)
um tanto exacerbada
por elementos fúteis
por interesses hostis
(e desinteresses vis)
- de que dias passados
(quando enfim repassá-los)
eu me lembro inconsútil?...
quarta-feira, 4 de novembro de 2015
XEQUE-MATE
Um silêncio afora
embarulha adentro
(certo movimento)
ao multiplicar-se
encoberto agora
antes de vencer-me
descoberto sempre.
terça-feira, 3 de novembro de 2015
BUROCRATA
Suspenso entre tarefas
urgidas entre esferas
de aptidões diversas
(e vocações quem sabe?)
aguardo o telefone
(aquém do que me cabe)
autorizar em nome
(que me não menoscabe!)
do quê negligenciarei
quem jamais conhecerei...
domingo, 1 de novembro de 2015
NÓS E O PÓ(S)
situação
A idade da poeira
(que a gente ressente
soprando o presente)
é a idade inteira
da vida ligeira
sem convalescença
teologicamente:
- mas vento premente
enquanto licença
das gentes que existem
segundo suas crenças
[desde a cabeceira
nos mitos de origem]
{até que a vertigem
daquilo que abeiram
converta a fuligem
naquilo que queiram}
A idade da poeira
(que a gente ressente
soprando o presente)
é a idade inteira
da vida ligeira
sem convalescença
teologicamente:
- mas vento premente
enquanto licença
das gentes que existem
segundo suas crenças
[desde a cabeceira
nos mitos de origem]
{até que a vertigem
daquilo que abeiram
converta a fuligem
naquilo que queiram}
sábado, 31 de outubro de 2015
SÉTIMO
quadra quádrupla do descanso
Sábado
cágado
sábado
láparo;
sábado
cânhamo
sábado
pássaro!...
Sábado
tálamo
sábado
bálsamo;
sábado
cântaro
sábado
bárbaro!...
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
A INVENÇÃO DA VIDA
A vida é uma invenção
(vez brotado o seu grão)
por ação e omissão.
O seria?
Poderia?
Deveria?
[a teria?]
- tais as questões da poesia
(aquela especulativa)
de sua filosofia.
A sua precariedade
(ontológica)
a sua impessoalidade
(estatística)
a sua amoralidade
(antisséptica)
não dizem que sim, nem que não
(não falam por si, nem que o são).
...
[vez brotada a invenção
da omissão como ação
toda vida é viva?]
...
{se eu inventei a minha
e por aí caminha
que distração a minha!...}
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
terça-feira, 27 de outubro de 2015
VOSSO CRIME (ENFIM) COMPENSA
apesar das aparências
Avança a bestialidade
por sobre a civilidade
- sobre as oportunidades
(reais) da virtualidade
por mais sociabilidade.
Inimputabilidade?
[responderão os herdeiros
de segundos, de terceiros
(e por último, os primeiros)]
VIDA COM SAÚDE
questão aos meus queridos alternativos
... o meu plexo solar
irá me ensolarar
caso eu 'manipurar'
quando vier operar
(de complexo a polar)
o convexo ventral
mais latitudinal
(porque crepuscular)
que herdarei afinal?...
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
SOBRE A EDUCAÇÃO
state of the art
Tudo derrete
(senão liquefaz)
ou aborrece
(senão contumaz).
Se se arremete
com paixão audaz
(ou razão assaz)
nada acontece.
[se com confete
então suspicaz]
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
AMNÉSICA
Onde foi que fui
ontem, onde fui
que pôs talheres
comes e bebes
(corpos, mulheres)
e foi dito algo
(ad hominem?)
não mui fidalgo
[pois acordaram
desacordarem]
que esqueci hoje
de lembrar onde
fui - e foi ontem...
{será anteontem?}
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
QUADRA DA SENSATA INSIGNIFICÂNCIA
Penso o tempo numa escala geológica.
Penso o espaço numa escala astronômica.
No entanto, nesta lida microscópica
são apensos de uma vida econômica.
terça-feira, 20 de outubro de 2015
O QUE FICA DE CECÍLIA
a Cecília Meireles
O que ficou de Cecília?...
Da pessoa lírica
a quem eu amaria
(a que eu procuraria
saber se existiria)
se nos emparelhasse
a época devida?
O que ficou de Cecília
que desemparedasse
a pessoa física
(a que eu procuraria
saber se me amaria)
que atravessou a vida
ao lado da poetisa?
...
O que fica de Cecília
cerzida na poesia
que sonho à revelia
de sonos e vigílias?...
domingo, 18 de outubro de 2015
DOMINGO OPOSTO
e justaposto
Ah, o meu domingo
Ah, o meu domingo
quando moroso
quando corrido
enquanto ocioso
enquanto ativo
(e remoroso
até que findo)
é delicioso
é deleitoso
apolínico
dionisíaco
cafeínico:
- como um amigo
que espirituoso
materializo!...
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
QUANDO QUATRO SÃO CINCO
ritual significante
Para que algo faça sentido
além de pensá-lo preciso
contemplá-lo perspectivo
noutros quadros sem ressenti-lo:
1. o interior e constitutivo;
2. o anterior e substituível;
3. o posterior (re)constituído;
4. o exterior (in)cognoscível.
...
[mas se quatro são cinco, o digo?...]
Para que algo faça sentido
além de pensá-lo preciso
contemplá-lo perspectivo
noutros quadros sem ressenti-lo:
1. o interior e constitutivo;
2. o anterior e substituível;
3. o posterior (re)constituído;
4. o exterior (in)cognoscível.
...
[mas se quatro são cinco, o digo?...]
TOMARA QUE GAIA
Um vento de praia
avoando jandaias
a tempo se espraia
maturando uvaias...
Como se cabaia
tomara-que-caia
desarma atalaias
perfumando as aias
rearmando tocaias
antes que o sol saia
se da mesma laia...
[por baixo de saias
sua viva azagaia
convida à gandaia]
avoando jandaias
a tempo se espraia
maturando uvaias...
Como se cabaia
tomara-que-caia
desarma atalaias
perfumando as aias
rearmando tocaias
antes que o sol saia
se da mesma laia...
[por baixo de saias
sua viva azagaia
convida à gandaia]
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
terça-feira, 13 de outubro de 2015
CONSTRUCIONISTA
As coisas não são o que acontece.
As coisas mais são o que parece
que em vão editamos mentalmente
- pois mal publicamos entre a gente.
[é coisa que objetivamente
subjetiva o que então percebe]
...
As coisas são mais o que aparece
pelas fendas (convenientemente)
dessa precariedade consciente
que fragmentariamente tece.
As coisas mais são o que parece
que em vão editamos mentalmente
- pois mal publicamos entre a gente.
[é coisa que objetivamente
subjetiva o que então percebe]
...
As coisas são mais o que aparece
pelas fendas (convenientemente)
dessa precariedade consciente
que fragmentariamente tece.
domingo, 11 de outubro de 2015
CIÇA
um mês
Mama, peida, caga
dorme, acorda, baba
- e o avô, a cada
coisa feita, nada
nada, nada, nada
muda sua fortuna
bem-aventurada
[rediviva a graça
pequenina o abraça]
Mama, peida, caga
dorme, acorda, baba
- e o avô, a cada
coisa feita, nada
nada, nada, nada
muda sua fortuna
bem-aventurada
[rediviva a graça
pequenina o abraça]
sábado, 10 de outubro de 2015
SOLIDARIEDADE
1. Faço minhas tuas palavras
teu esforço de enunciá-las:
- o verbo, desde o princípio
(se junto dele um princípio)
distingue, quando explícito
as valas dos precipícios...
2. Faço minhas tuas palavras
difíceis por necessárias:
- mesmo instrumentalizadas
contrastando as palatáveis
nos discursos aceitáveis
(sobretudo os detestáveis).
3. Faço minhas tuas palavras
mormente as encalacradas:
- aquelas assujeitadas
a nada significar
além do que é protocolar
segundo os mestres do lugar.
4. Faço minhas tuas palavras
se forem esculachadas:
- se quando o que se apalavra
de manhã, à tarde lavra
enfático o duplipensar
como prática regular.
5. Faço minhas tuas palavras
as poucas que te são caras:
- as boas articuladas
em favor de poder dispor
seu contrapoder ao favor
malevolente de um senhor...
6. Faço minhas tuas palavras
no esforço de não calá-las:
- o verbo, desde que o sinto
o penso, neste finito
invólucro em que existimos
com capricho, como bichos...
teu esforço de enunciá-las:
- o verbo, desde o princípio
(se junto dele um princípio)
distingue, quando explícito
as valas dos precipícios...
2. Faço minhas tuas palavras
difíceis por necessárias:
- mesmo instrumentalizadas
contrastando as palatáveis
nos discursos aceitáveis
(sobretudo os detestáveis).
3. Faço minhas tuas palavras
mormente as encalacradas:
- aquelas assujeitadas
a nada significar
além do que é protocolar
segundo os mestres do lugar.
4. Faço minhas tuas palavras
se forem esculachadas:
- se quando o que se apalavra
de manhã, à tarde lavra
enfático o duplipensar
como prática regular.
5. Faço minhas tuas palavras
as poucas que te são caras:
- as boas articuladas
em favor de poder dispor
seu contrapoder ao favor
malevolente de um senhor...
6. Faço minhas tuas palavras
no esforço de não calá-las:
- o verbo, desde que o sinto
o penso, neste finito
invólucro em que existimos
com capricho, como bichos...
quinta-feira, 8 de outubro de 2015
SONÂMBULA
trágica a farsa
Aquela marcha
que muitos marcham
por ser marcada
(os passos acham)
poderá levar
tempo pra acabar
ao acordarmos
[se recordarmos
quando passará]
Aquela marcha
que muitos marcham
por ser marcada
(os passos acham)
poderá levar
tempo pra acabar
ao acordarmos
[se recordarmos
quando passará]
quarta-feira, 7 de outubro de 2015
SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA
quando Messi se machuca, não há chuva, nem Pachuca...
Espero que um dia Lionel
se torne o Senhor dos Anéis
da arte da bola nos pés:
- eterno na imaginação
(com a ajuda das invenções
tecnomágicas de então).
O espero porque o que Lionel
mais tem oferecido, e a nós
(amantes de um ludopédio
a anos-luz do que é médio)
um dia nos deixará sós:
- se hoje órfãos de uma contusão
amanhã permanecerão...
[tal como de Diego e Pelé
(nossos ancestrais lembrarão)
somos penitentes até]
Espero que um dia Lionel
se torne o Senhor dos Anéis
da arte da bola nos pés:
- eterno na imaginação
(com a ajuda das invenções
tecnomágicas de então).
O espero porque o que Lionel
mais tem oferecido, e a nós
(amantes de um ludopédio
a anos-luz do que é médio)
um dia nos deixará sós:
- se hoje órfãos de uma contusão
amanhã permanecerão...
[tal como de Diego e Pelé
(nossos ancestrais lembrarão)
somos penitentes até]
terça-feira, 6 de outubro de 2015
SEXTILHA DO FIM DA SECA
antropomórfica
O céu pesou
de não aguar
e começou
a desaguar
no que secou
do seu pesar.
NECRÓPOLE CANDANGA
O Campo da Esperança
na ponta da outra Asa
(ali, outra morada)
daqui, é o fim da dança.
...
O Campo da Esperança
vejo com desconfiança:
- desde que, na Esplanada
pouco havendo, aventava
se o que via era nada.
...
O Campo da Esperança
me espera desde criança
desistir da Asa Norte:
- abandoná-la à sorte
da vida precipitar
(num vacuum crepuscular)
pela hora da morte!...
...
Do Campo da Esperança
no Setor Hospitalar
guardo alguma lembrança
de fundo domiciliar:
- antes, coube esperança
(sobretudo especular)
por nascer planejada
esta velha jornada...
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
sábado, 3 de outubro de 2015
AGORA CORRENTE
e rapidamente
A chegada de outros
- dos outros nosotros
ao finalmente só
originário pó
tão próxima de nós
vem desatar os nós
- agora, correntes
do tempo-semente:
- aquele amarrado
quando adolescente
que uma vez atado
(e reatado, mente)
não passa, na mente...
[de ilusão somente]
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
DA (IN)DETERMINÂNCIA
diante do paredão climático
As ondulações da brisa artificial do ventilador
nas persianas vitais desta sala enfadada de calor
concentram decerto atenção
ou bem a dispersam também
(espécies de meditação).
Oscilações de cortinas ao vento parecem supor
que a acidentalidade da imagem acima possa impor
(em decorrência suficiente do consequente torpor)
o tipo certo de atenção
da série de mais opções
que aquela miragem sustém
[solitárias na multidão
solidárias com a questão].
...
{cabe-me então recuperar
um corpo são do aquecedor - a ventilar outro lugar}
As ondulações da brisa artificial do ventilador
nas persianas vitais desta sala enfadada de calor
concentram decerto atenção
ou bem a dispersam também
(espécies de meditação).
Oscilações de cortinas ao vento parecem supor
que a acidentalidade da imagem acima possa impor
(em decorrência suficiente do consequente torpor)
o tipo certo de atenção
da série de mais opções
que aquela miragem sustém
[solitárias na multidão
solidárias com a questão].
...
{cabe-me então recuperar
um corpo são do aquecedor - a ventilar outro lugar}
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
SOLICITAÇÃO
por monções até o fim (das estações)
Até que venha
o que me aquiete
cortando a veia
que não se aquiete
a natureza
do que acontece
na terça-feira
na quarta-feira
no quinto teste
da sexta prece
(ver se acontece)
enquanto esteja
na correnteza
um eu que preste...
VESPERTINAS
quatro quadras
1.
A tarde, branca e singela
(à tarde, quando amarela)
é pálida, das janelas
e cálida, nas donzelas...
2.
A tarde, quando encapela
por dentro de uma olhadela
se tarde, faz com que velas
ao centro enfunem estrelas...
3.
A tarde, quando dá trela
destarte, a tempo acautela:
- caso amiúde procelas
de alaúde, ela as parcela...
4.
A tarde, quando encastela
à parte, enquanto flagela
(se sólida a cidadela)
é mórbida, desta cela...
domingo, 27 de setembro de 2015
(SE NÃO JÁ MORTO, QUASE)
Um domingo enfunado
pelo verbo estancado
[por um tempo cansado
de ventos enfurnados]
é o que avento no espaço
deste texto que ameaço
e não desembaraço
{desde cedo esse teor
independente do autor}
sábado, 26 de setembro de 2015
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
POR PARTES
é da idade
Esta tarde
a cidade
caminhei pela metade.
A metade
desta tarde
caminhei pela cidade.
A cidade
na metade
caminhei por estar tarde.
...
[nesta tarde
na cidade
caminhei pela metade]
Esta tarde
a cidade
caminhei pela metade.
A metade
desta tarde
caminhei pela cidade.
A cidade
na metade
caminhei por estar tarde.
...
[nesta tarde
na cidade
caminhei pela metade]
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
DO FIM DA COMPOSTURA
na cena jurídica (duas observações)
1. Ao menos à distância
(à margem, na verdade)
percebo a exuberância
(exótica, destarte)
daquela ignorância
togada da vaidade
cevada na constância
de sua impunidade:
- viceja na abundância
da vitaliciedade;
- atua em consonância
qual a moralidade;
- placebo em substância
tal a necessidade...
2. Par à repugnância
que mais exorbitâncias
ensejem à vontade
(entre um e outro mascate)
percebo uma alternância
(senão uma novidade)
naquela ignorância
tão dada a disparates
cuja deselegância
olente de fragrâncias
paleovernaculares
chegou aos populares:
- na ausência das flagrâncias
urgência de avatares!...
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
EPICURISTA VI
não há realidade a temer
... se me quedo sem escrever
por outra razão que prever
a inutilidade de haver
[esta, aliás - que paixão por trás!]
a mediocridade do ser
que sou impõe-se depender
da disposição do poder
que posso de contradizer
tal imprevisão - e escrever!...
domingo, 20 de setembro de 2015
ZORRO, SOCORRO!... II
hoje cedo
Vou caminhar
daqui a pouco
pra não pensar
(pra compensar)
que não corro
não percorro
nem recorro:
- ao divagar
só decorro
[ao me entregar
tão devagar]
quinta-feira, 17 de setembro de 2015
DA SUBVERSÃO DA SONECA
por que abismo nela?
No meio do dia brilhante
tal escuridão ofuscante
rebrilha no dia potente
opaca escureza presente
em sonhos - certeza o bastante
enquanto sesteio inocente
do quanto o meu sono apreenda
do tanto que não compreendo
- cada qual pesadelo adiante...
No meio do dia brilhante
tal escuridão ofuscante
rebrilha no dia potente
opaca escureza presente
em sonhos - certeza o bastante
enquanto sesteio inocente
do quanto o meu sono apreenda
do tanto que não compreendo
- cada qual pesadelo adiante...
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
PEREBA
recorte
O passe
que passe
dá sorte
(má sorte).
O drible
que tente
(nos livre
que finte!)
- é a morte.
Já o chute
(consorte
do corte)
pro norte:
- seu forte
no esporte!...
O passe
que passe
dá sorte
(má sorte).
O drible
que tente
(nos livre
que finte!)
- é a morte.
Já o chute
(consorte
do corte)
pro norte:
- seu forte
no esporte!...
terça-feira, 15 de setembro de 2015
PERSPECTIVA DE CLASSE
do golpe abaixo da cinta
A eloquência dos de cima
- qual verdade cristalina
de uma ciência repentina
que repetem paulatina
cai violenta nos de baixo
como facada ou balaço
(preocupada todavia
face a tal desembaraço)
[educada no regaço
de que não há mais saída]
{ocupada morro acima
com o que esconde debaixo}
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
EPICURISTA V
Se disponho de café
como dispõe um mané
passo bem sob o boné
como bem fosse um josé...
Se disponho de puré
ou do que come a ralé
(acompanhando o café)
já evito a ação das polés
ou o vaivém das marés
habilitando sopés
sem depressão ou revés
numa montanha ao invés
- porém flanando através
desta galé sem convés...
EPICURISTA IV
Ampara a vida calma
(pretérita a medida)
um sono vindo d'alma
embora ao meio-dia:
- num sonho que enuncia
que no futuro havia
o que o presente empalma...
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
FÁTICA
Uma fina dor de cabeça
(da ausência de café na mesa)
afina a minha benquerença
por esta amena sobremesa
que me lembra a tua presença
depois de saída à francesa
(antes de chegada a despesa):
- nossa conversa ao pé da orelha
sobre assunto que deu na telha...
(da ausência de café na mesa)
afina a minha benquerença
por esta amena sobremesa
que me lembra a tua presença
depois de saída à francesa
(antes de chegada a despesa):
- nossa conversa ao pé da orelha
sobre assunto que deu na telha...
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
EPICURISTA III
fragmento
... sobre a dor e a morte
crê dispor de sorte!
- uma aporta o norte
do prazer que corte;
- outra é outro aporte
sem prover que importe...
terça-feira, 8 de setembro de 2015
EPICURISTA II
Que prazer, que cansaço
contemplo
no que disponho diante
do espaço
mas indisponho adiante
no tempo?
Que dizer que embaraça?
Que fazer que estiraça?
Que porvir os abraça
do seu negror radiante?...
...
[com tempo
o espaço
contemplo
confiante]
segunda-feira, 7 de setembro de 2015
SETE DO NOVE
No dia da pátria
das minervas suas
há septimátrias
na areia das raias
por mais tropicália
à beira das ruas...
No dia da pátria
há minervas nuas
na ombreira das alas
dobradas nas puas
douradas nas praias
sombreadas às duas...
Na data da pátria
eu lembro que a pátria
é a ideia de pátria:
- bandeira dos xátrias
grilheta dos párias
é uma visão casta
que maya, não basta
(aos brâmanes, nada)
domingo, 6 de setembro de 2015
NO ZÊNITE DA SECA
sinais
O tempo do limite
expor sua dinamite.
É pálido o grafite.
Lento qualquer trâmite.
Há falta de apetite.
Nossa a neurodermite
vossa a pneumonite
(parecem proctites
aquelas vaginites).
Rareiam teus palpites.
Da ausência de convites
padecem socialites.
Entre a plebe e as elites
vivos dão mortos quites...
sábado, 5 de setembro de 2015
OTÁVIO
Meu amigo querido
partiste teu destino
num número infinito
de possibilidades
que as probabilidades
igualam no sentido
da gratidão que sinto
por teres existido.
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
A ESTA ALTURA DA EPOPEIA
Ressecada a ressacada
das ideias contra a tela
(recomputadorizada
por mais letras sobre as teclas)
em mais outra temporada
de estações estacionadas
talvez caiba na cadeia
das palavras descoradas
das finadas de poética
melopeias afinadas:
- analfa ou alfabéticas
orais ou hipotéticas
a esta altura da epopeia
cantilenas encurtadas!...
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
ELETROCARDIOGRAMA
Minha vida caminha
apesar de sozinha.
Minha vida encaminha
sopesar que avizinha
em ondas esquisitas
[medidas de batidas
de choques, de subidas
descidas de vencidas
(berloques de feridas)]
aquela reta linha
que a máquina vindica
enfim das cavas lidas
das sondas exauridas
rente à tela - à tardinha...
apesar de sozinha.
Minha vida encaminha
sopesar que avizinha
em ondas esquisitas
[medidas de batidas
de choques, de subidas
descidas de vencidas
(berloques de feridas)]
aquela reta linha
que a máquina vindica
enfim das cavas lidas
das sondas exauridas
rente à tela - à tardinha...
terça-feira, 1 de setembro de 2015
CENSO DOMÉSTICO
senso animal
Amiga
formiga
me diga
se a lida
- na cozinha da Vandecira
é a vida
querida...
Amiga
formiga
me diga
se a lida
- na cozinha da Vandecira
é a vida
querida...
PROJETO DE VIDA
Sob o teto
céu a pino
amarelo
sobre um piso
arquiteto
interciso
o que é belo
dividido
(paralelo
e adstrito)
entre um teto
antevisto
e o novelo
onde piso.
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
FACE A MEDIOCRIDADE
nenhuma honestidade
Toda vez que me sento
diante da tela, tento
(é assim que me apresento)
protegê-la do invento
centrípeto de um vento
(é assim que o represento)
que-interno-ocupa-o-hiato/vácuo-do-pensamento.
Desrespeito o momento
[o vazio do texto]
pretextando um evento?
Ou respeito o cinzento
intentado, a despeito?...
[qual mesmo o sentimento
de fraude em movimento?]
...
{diante da tela, avento}
Toda vez que me sento
diante da tela, tento
(é assim que me apresento)
protegê-la do invento
centrípeto de um vento
(é assim que o represento)
que-interno-ocupa-o-hiato/vácuo-do-pensamento.
Desrespeito o momento
[o vazio do texto]
pretextando um evento?
Ou respeito o cinzento
intentado, a despeito?...
[qual mesmo o sentimento
de fraude em movimento?]
...
{diante da tela, avento}
domingo, 30 de agosto de 2015
DOMINGA III
À noite posso
dizer que nosso
amor de conto
labor perdura
no contraponto
da hora escura.
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
terça-feira, 25 de agosto de 2015
CECIL
ao espécime que o matou
O que se esconde
por trás dos montes
de um horizonte
sem brutamontes
ou caçadores insatisfeitos
a despeito de quase perfeitos?
Imaginemos:
- rinocerontes
brancos e negros?
- sigmodontes
por aqui mesmo?
- bichos com fronte
chifres/presas/pelos/penas/pontes
para as mil fontes do viver pleno?...
...
[imaginemos
retrocedendo: os eucariontes
antes do superior Pleistoceno]
O que se esconde
por trás dos montes
de um horizonte
sem brutamontes
ou caçadores insatisfeitos
a despeito de quase perfeitos?
Imaginemos:
- rinocerontes
brancos e negros?
- sigmodontes
por aqui mesmo?
- bichos com fronte
chifres/presas/pelos/penas/pontes
para as mil fontes do viver pleno?...
...
[imaginemos
retrocedendo: os eucariontes
antes do superior Pleistoceno]
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
NA MINHA CIDADE
todo fim de tarde
como toda arte
que outrossim nos arde
(como se avant-garde)
repete-se à parte
singularidade.
como toda arte
que outrossim nos arde
(como se avant-garde)
repete-se à parte
singularidade.
DOMINGO À NOITE
possibilidades
Todo fim de domingo
(do bom tempo, o respingo
que insistimos distinto)
desatina sentidos:
- é a pior hora de muitos
por calarem seus uivos;
- é a pletora de poucos
por ouvirem-se moucos;
- talvez a espora de outros
considerados loucos
[então nascidos potros
talvez crescendo lobos]
{senão nascidos outros
desenvolvendo os lobos}
Todo fim de domingo
(do bom tempo, o respingo
que insistimos distinto)
desatina sentidos:
- é a pior hora de muitos
por calarem seus uivos;
- é a pletora de poucos
por ouvirem-se moucos;
- talvez a espora de outros
considerados loucos
[então nascidos potros
talvez crescendo lobos]
{senão nascidos outros
desenvolvendo os lobos}
sábado, 22 de agosto de 2015
SENSÍVEL II
O que o brilho do sol anima
(aponta, aquece, aporta, alia)
em sua diária travessia
se logo é tarde fugidia
em minha solitária ilha?
Por que, da solidária trilha
(de estrela que a tudo rebrilha)
presumem-no ser que ilumina
a toda e qualquer superfície
se pródigo, à noite desiste?...
[ainda que vença a madrugada
pontualmente, a cada jornada
o que ao brilho do sol resiste
em mim, se padece com nada]
(aponta, aquece, aporta, alia)
em sua diária travessia
se logo é tarde fugidia
em minha solitária ilha?
Por que, da solidária trilha
(de estrela que a tudo rebrilha)
presumem-no ser que ilumina
a toda e qualquer superfície
se pródigo, à noite desiste?...
[ainda que vença a madrugada
pontualmente, a cada jornada
o que ao brilho do sol resiste
em mim, se padece com nada]
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
PEQUENEZES
aos cãezinhos de Luis Fernando Verissimo
Nossas certezas
intempestivas
nossas destrezas
inexpressivas
- na ventania
respectiva -
quando coincidem
impositivas
cheiram fuligem:
- pulverulentas
ferem as ventas
ao colidirem
poeira apenas.
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
VICE-VERSARIA?
vela e parede, parede ou vela
Teu muro macio
dispensa o que eu digo.
Pura alvenaria
dispensa que eu diga.
Se há cura auditiva
dispensa que o diga...
[dispenso que o digas
(se então recíprocas);
dispenso o que alisas
(duras cantarias);
repenso armistícios
(se os urde 'bem-vindos')]
***
Teu muro maciço
me amura preciso
em duplo sentido.
Teu muro macio
dispensa o que eu digo.
Pura alvenaria
dispensa que eu diga.
Se há cura auditiva
dispensa que o diga...
[dispenso que o digas
(se então recíprocas);
dispenso o que alisas
(duras cantarias);
repenso armistícios
(se os urde 'bem-vindos')]
***
Teu muro maciço
me amura preciso
em duplo sentido.
terça-feira, 18 de agosto de 2015
ANTES DO GELO
à cupidez tropical
Acima, o mundo é solar
mesmo na noite polar...
Abaixo, muito está no ar
arrebentando o colar
bestializando o falar
contaminando o pomar
envenenando o lagar
(submetendo o lugar
vitaminando o dólar)
degenerando polar...
Acima, o mundo é solar
mesmo na noite polar...
Abaixo, muito está no ar
arrebentando o colar
bestializando o falar
contaminando o pomar
envenenando o lagar
(submetendo o lugar
vitaminando o dólar)
degenerando polar...
domingo, 16 de agosto de 2015
ZORRO, SOCORRO!...
retomar Sísifo, suponho
Quando não corro
domingo, eu morro
descendo o morro
caindo o forro
enquanto borro
minguando o jorro
sumindo o esporro...
[velho cachorro
bicho chinchorro!...]
sábado, 15 de agosto de 2015
NO MUNDO DO TRABALHO
ilusões de aço
Eu caço
(mormaço)
eu laço
(cansaço)
eu faço
[bagaço]
eu passo...
{baraço}
...
eu _ (traço!)
domingo, 9 de agosto de 2015
VAN HALEN 1978 II
punturas
Eddie - tua faca
aprimorada
[por meu tempo de escuta da estrada]
Alex, crava
Mike, agrava
Dave, abraça...
Eddie - tua faca
aprimorada
[por meu tempo de escuta da estrada]
Alex, crava
Mike, agrava
Dave, abraça...
VAN HALEN 1978
Neste sábado aprisionado
- cedo rosário de demandas
seculares e cotidianas
apequenando-me - são tantas!
Eddie, David e os rapazes
(será que fizeram as pazes?)
tocam ouvidos impudentes
(e nervos que adentro os espelhem)
de algum movimento que esquente
algum nó cego da corrente
deste passo domesticado.
***
Como de ontem foram capazes
(rookies, rockers especulares)
de vir tão espetaculares?...
- cedo rosário de demandas
seculares e cotidianas
apequenando-me - são tantas!
Eddie, David e os rapazes
(será que fizeram as pazes?)
tocam ouvidos impudentes
(e nervos que adentro os espelhem)
de algum movimento que esquente
algum nó cego da corrente
deste passo domesticado.
***
Como de ontem foram capazes
(rookies, rockers especulares)
de vir tão espetaculares?...
quarta-feira, 5 de agosto de 2015
PROBLEMA LÓGICO-POLÍTICO
para as vestais de plantão e os puros de ocasião
(além de nós e de vós)
A hipocrisia
(sua recidiva
reiterativa)
nos admira:
- por que seria?
- por que haveria?
[admitamos:]
1. A hipocrisia
é seletiva
- mas extensiva.
2. A hipocrisia
generaliza
- mas discrimina.
3. A hipocrisia
pormenoriza
sem empiria.
[e perguntemos:]
4. A hipocrisia
ética alia
se jurídica?
5. A primazia
da hipocrisia
reconcilia?...
(além de nós e de vós)
A hipocrisia
(sua recidiva
reiterativa)
nos admira:
- por que seria?
- por que haveria?
[admitamos:]
1. A hipocrisia
é seletiva
- mas extensiva.
2. A hipocrisia
generaliza
- mas discrimina.
3. A hipocrisia
pormenoriza
sem empiria.
[e perguntemos:]
4. A hipocrisia
ética alia
se jurídica?
5. A primazia
da hipocrisia
reconcilia?...
terça-feira, 4 de agosto de 2015
PARA ALÉM DESTA CIVILIZAÇÃO
fora do lugar, 'bora pra Uranos!
O mundo - tal como o conheçamos
(talvez nem mais o reconheçamos)
desmorona - e vem acelerando
com solidez que o desconheçamos.
A despeito de estranho, entretanto
a carnavais e tais (por enquanto)
quiçá me reste e arraste, salvando
(desta cor que nos finge de brancos)
a minha pele o Cacique de Ramos:
- já que tem cinquenta e quatro anos
de inclusividade desfilando
de solidariedade sambando
de amor pela cidade sobrando
quem sabe abrigue um contemporâneo?...
segunda-feira, 3 de agosto de 2015
O MACHADO DE ITAGUAÍ
no pescoço de alguém daqui
Neste momento da vida nacional
(além desta ficção individual
em que ínfimos nos situamos - na qual
cremos pios como a tal - vida real!)
um midiático Simão Bacamarte
opera de Curitiba, com arte
outra demão de Joseph McCarthy.
Para além do horizonte da experiência
no altiplano dos heróis da inconsciência
(pousada de clamores por decência!)
terceirizamos o que nos compete:
- consertar o que partido apetece.
Neste momento da vida nacional
(além desta ficção individual
em que ínfimos nos situamos - na qual
cremos pios como a tal - vida real!)
um midiático Simão Bacamarte
opera de Curitiba, com arte
outra demão de Joseph McCarthy.
Para além do horizonte da experiência
no altiplano dos heróis da inconsciência
(pousada de clamores por decência!)
terceirizamos o que nos compete:
- consertar o que partido apetece.
sábado, 1 de agosto de 2015
sexta-feira, 31 de julho de 2015
TEMPLO DE VIDRO
No aeroporto
meu desconforto
com o ostensivo
senso acrítico
de um modernismo
moderno pouco
(um entre os ismos
do consumismo
mais boquirroto)
é meu conforto
[não ser tão tolo]
quinta-feira, 30 de julho de 2015
O INDESEJADO DA HORA
e suas formas: história, lembrança, memória
Adentro, agora mesmo
afora, neste momento
o passado, meio a esmo
perpassa, desenterrando
meu passado: vem por todo lado!
Um passado, de repente
repassando no presente
repassando no presente
debruçado no meu poente
se convém pouco avistado;
ente de outro continente
embrulhado de presente
sobrevém de trás à frente:
- na vigília, no sono
na penúria do sonho;
na geleia que ponho
na peleja que colho
sem ideia de como;
sem que eu o passe a limpo
sem que eu o queira vindo
sem que cerveja ou vinho
sem que eu o inveje findo...
O passado me vaza
eu o vazo trespassado:
- ambos ultrapassados
datados, etiquetados
e eu tentando desabraçá-los!...
[o instante - enorme lá fora
o adiante - o que me resta por ora
nesta vida implorando por vida
(o bastante - a estante, a prosa
a poesia corrida, a corrida...)
- e vem o passado e sua tropa
assando o esvaziamento das tripas?!...]
Não bastasse eu estar lento
não bastasse desatento
(nem brancos meus pelos nem negros
nem peles castanhos crescendo
a boca, escurecendo
a mente, se espremendo
nenhum sentimento)
e me apagasse contra o vento
se é passado - vem desconvidado:
- demônio verdoengo
importuno legado!...
terça-feira, 28 de julho de 2015
NO DESERTO
retirado da Laguna
Me sinto um Rommel
um Camisão
- um coronel
sem kamikazes
se retirando
com seus bordados
nos seus farrapos
meio acercado
by Montgomerys
- but del Chaco...
...
(sonhei o Rommel de camisão
esburacado num carroção)
[já não bastasse
o lado errado
em vão custasse
estar errado]
Me sinto um Rommel
um Camisão
- um coronel
sem kamikazes
se retirando
com seus bordados
nos seus farrapos
meio acercado
by Montgomerys
- but del Chaco...
...
(sonhei o Rommel de camisão
esburacado num carroção)
[já não bastasse
o lado errado
em vão custasse
estar errado]
domingo, 26 de julho de 2015
EM SUMA
Eu comecei assim
sem fundo.
Sem forma, conteúdo
vazio no todo.
Depois, veio o mundo
e eu, enfim
recheio de tudo
(e o saco cheio, de novo):
- do cubo, dos tubos
da roda, do tempo
da rosa dos ventos
do quadrado em que circulo.
Agora, escaleno
subo a escada de cupins
para os fins que contemplo
[dos insumos no capim pela raiz]
sábado, 25 de julho de 2015
REVISITA 76: ALADO
Um muro súbito teria erguido
Ou este hiato é o abismo abrindo
Rachando o piso?
(pergunto, ruflando as asas)
As nossas coisas escuras
Embora às vezes pontiagudas
Amo sem arestas - de graça;
Embora contraditórias
(talvez porque delicadas)
Amo-as claras - paradoxalmente
Sem dores, pendores ou amarras.
Mas enquanto eu dormia, abraçado
Às certezas que o teu corpo trazia
Tais coisas se fizeram prisioneiras
De prozaques, efexores, aropaxes:
- a neurotransmissora guerrilha
promessas guarda datadas
qual dia das mães - o que delas não teríamos
da felicidade de branco vestida
laboratorialmente obtida
encapsulada?
Química da alma que vaza
Torpor que beijo algum desperta
De beleza adormecida...
27/08/2002
sexta-feira, 24 de julho de 2015
SEXTA, 24
maio, 17
segunda, 14
julho, 29
quinta, 27
fevereiro, 8
domingo, 1º
outubro, 32...
Quantos calendários
- tanto os necessários
(a favor, contrários)
quanto os arbitrários
(com itinerário)
e os involuntários
(esses, temerários) -
que o tempo oferecer
no espaço de viver
terei de perecer?...
quinta-feira, 23 de julho de 2015
AS LEIS DO IÊ-IÊ-IÊ
na pedagogia da cenoura
{ei-las:}
{ei-las:}
1. instrução
ensino
educação
é (sic) motivação
motivação
mo-ti-va-ção:
motivação
mo-ti-va-ção:
- motivação
para participação.
1(b). participação
- é instrução;
1(c). instrução
- é ensino;
1(d). ensino
- é educação;
1(e). educação
- é lazer;
1(f). lazer
- é entreter;
1(g). entreter
- é prazer;
1(h). prazer
- é felicidade;
1(i). felicidade
- é motivação:
- motivação
para participação nos processos e seus resultados.
{questões (im)pertinentes:}
(mas, e quanto ao resultado dos resultados?)
[e quanto ao(s) termos/efeitos/derivações/consequências
do resultado dos resultados?...]
{questões (im)pertinentes:}
(mas, e quanto ao resultado dos resultados?)
[e quanto ao(s) termos/efeitos/derivações/consequências
do resultado dos resultados?...]
{assim sendo}
x. qual daqueles sempre é cedo?
(o que deles vem primeiro?)
y. qual desses nunca é tarde?
[sua contabilidade?]
quarta-feira, 22 de julho de 2015
TECNOLÓGICA
Os meios
são os fins
dos meios
são afins
aos meios
são a fim
de meios...
São meios
o meio
dos meios:
- são o fim
dos meios
e o fim
dos fins.
[quanto aos fins
enfim...
(alheios)]
GAMIFICAÇÃO
na educação: questão
... enquanto virtual
(se meio virtual
para um fim real)
o quanto real?...
[se quando real]
... enquanto virtual
(se meio virtual
para um fim real)
o quanto real?...
[se quando real]
GAMIFICAÇÃO II
na educação: lógica
Jogo:
- logo
posso.
Jogo:
- logo
passo
[de fase
de turno
de classe
de curso
de quase]
Jogo:
- logo
posso.
Jogo:
- logo
passo
[de fase
de turno
de classe
de curso
de quase]
terça-feira, 21 de julho de 2015
CONFEITARIA
Vandecira
natalícia
a delícia
do teu dia
(doceria)
[padaria]
{poderia}
todo dia!...
20/07/15
natalícia
a delícia
do teu dia
(doceria)
[padaria]
{poderia}
todo dia!...
20/07/15
sábado, 18 de julho de 2015
REVISITA 75: TEZ
Esses dias lassos correm saturados
da tua presença; naturalmente a tua
tez escura, por sobre nossas farturas
sobe aos lábios quenturas, pernas e abraços...
Teu tempo absoluto, presente agora
corta-me dentro e fora; da carne exposta
reviro outras vísceras, antes de ativas
solvendo carências no gozo corrente...
Mas o irrevogável, maré recorrente
quase revoga-me; como se à lua nova
se pedisse estagnasse a água grossa
que sal tortura uma velha queimadura...
O velho à tarde, indo destarte - que importa?
Cedo eu gostaria de outros dias e horas...
(esta nudez, antiga
face a tua tez, por ora
na verdade, saliva
rediviva, jaz morta)
30/08/2001
sexta-feira, 17 de julho de 2015
INSONOLÊNCIA
Nesta estadia
da calmaria
(noites e dias
de calmaria)
[sem vento ou brisa
pois calmaria]
o que haveria?
O que teria
tal calmaria?
O que teria
tal calmaria?
O que seria
(definiria)
bem calmaria?
(dela veria
que acalmaria?)
(dela veria
que acalmaria?)
Que pensaria
(em calmaria)
dessa estadia
sem vento ou brisa?...
[na calmaria
à noite há dia:
- pernoitaria
anomalia
que o dia adia
e a noite expia]
***
{o que teria
tal calmaria
a ver com minha?}
***
{o que teria
tal calmaria
a ver com minha?}
quinta-feira, 16 de julho de 2015
KAMIKAZE
uma afinidade
... avindo
talvez calhe
tão lindo
do teu talhe
ubíquo
o rebrilho
o rebrilho
de um detalhe:
- dois entalhes
oblíquos
sumindo
sorridos
de tua face.
terça-feira, 14 de julho de 2015
INTERGERACIONAL
Vozes dos descendentes
que em mim falam, crescentes
no seu frescor recente;
vozes adolescentes
que a mim faltam, descrente
do favor da corrente
dizem pedir, ardentes
ao futuro silente
que eu não me assuste, à frente:
- não será diferente
do que foi, finalmente
com quaisquer ascendentes.
segunda-feira, 13 de julho de 2015
REVISITA 74: NO ESPELHO
É esta a sala de espelhos
onde te buscando venho
nas ondas entre reflexos
quando disso nada tenho
(em que nada disso fico)
- nas confusões meio perdido
das pororocas que te agito...
No entanto atento o quanto
remanescerei todo
alheio admirando
o que oco e luminoso
esvazia do insosso
recheio a tua espuma?...
11/04/1999
domingo, 12 de julho de 2015
QUEREIS MAIS?
when enough is never enough
Sempre mais!
Sempre mais!
Nunca é mais!
Nunca a mais!
- ademais
algo a mais
é demais?
(um a mais
dois a mais
três a mais
não cessais?)
[dez a mais
cem a mais
mil a mais
não contais?]
Sempre mais
nunca é mais!
{dedo e mais
mão e mais
braço e mais
eu jamais}
Sempre mais!
Sempre mais!
Nunca é mais!
Nunca a mais!
- ademais
algo a mais
é demais?
(um a mais
dois a mais
três a mais
não cessais?)
[dez a mais
cem a mais
mil a mais
não contais?]
Sempre mais
nunca é mais!
{dedo e mais
mão e mais
braço e mais
eu jamais}
sábado, 11 de julho de 2015
REVISITA 73: GAROTA SÉRIA A PASSEIO
Vejo a gêmea da garota da lua
pés de mimo retos pela rua
num passo, acho, de um lugar passado
que ainda pressinto;
canto de alameda colorida de menino
que tornei cinza;
sonho róseo dos meus olhos
desbotado no azar dos meus óculos...
A moça que leve andava, caraminholada
tão agora concentrada, penso, absorvida
(seria a mente minha?)
passa rápida, a mover-se tão precisa
(e à minha imaginação torcida)
que parece jogar, num já indo pela vida
a próxima cartada - garota danada!...
Sua fronte ruiva riscada (preocupada?)
faísca sob o sol, cega a minha vista
(mal acordada)
da imagem mais alva, deusa mais grega
quanto enfim irreal;
quando assim a vejo, uma criatura de marcas
ondula concreta, a tempo de garras...
[mas como a pressinto funda, e pura
driblando o lado escuro da lua
importa nada: apesar de mim, de ruas
de pesadelos, horrores, loucuras
a cartada é sempre dela, tua; e toda a vida]
26/07/1998
sexta-feira, 10 de julho de 2015
BRASILIENSE
poema sobre a estação seca
Ouro brilha
de planilhas
pela ilha
das vasilhas:
- da côncava
grã-matilha
à convexa
camarilha
rabadilhas
encarquilham
de quadrilhas
que encorrilham
armadilhas
e partilhas...
quinta-feira, 9 de julho de 2015
REVISITA 72: SETAS
três haicais
O meu quarto
acordou suado
o teu verão.
***
De que arco
refez-se à frente
o ar riscado?
***
A seta cede
da seda tua
a nua pele.
1997
quarta-feira, 8 de julho de 2015
VELHO CAVALO A DOMAR
da luta que reluta
Como cuidar de um corpo
contra si, de alma e corpo?
Como movê-lo agora
cedo, que é boa hora?
Como ter provimento
antes de vê-lo ao vento?
Exercitá-lo um pouco:
- exercitar o corpo
como se fosse idoso?
...
Antes que a alma o deixe
resfriado como um peixe
1. gerar primeiro um passo
(o mais difícil ato);
2. encaminhá-lo a marchar
(é mais fácil, de fato);
3. evoluí-lo até trotar
(mas galope, nem pensar)
[velho cavalo sem ar]
Como cuidar de um corpo
contra si, de alma e corpo?
Como movê-lo agora
cedo, que é boa hora?
Como ter provimento
antes de vê-lo ao vento?
Exercitá-lo um pouco:
- exercitar o corpo
como se fosse idoso?
...
Antes que a alma o deixe
resfriado como um peixe
1. gerar primeiro um passo
(o mais difícil ato);
2. encaminhá-lo a marchar
(é mais fácil, de fato);
3. evoluí-lo até trotar
(mas galope, nem pensar)
[velho cavalo sem ar]
terça-feira, 7 de julho de 2015
REVISITA 71: RUIVA ORQUÍDEA
Enfocar, e abordar, e estudar.
Anatomizar.
Transparecer, desdizer...
Classificar o caleidoscópio floral semeado
por um par divino de lábios
no sapo pródigo do princípio:
- perderá seu mágico encanto, metafísico
se sob olhar raso, analítico - de óculos?
Talvez outras cores. Mas não a flor dos meus ósculos
de zangão; de perfumes e amores
(de feição irredutível, natureza insubmissa)
alheios a razões que não as das paixões.
Ruiva orquídea, excêntrica - flor de única formosura
túmida, terapêutica beleza - capricho em minha estufa
síntese indizível dos cheiros e humores
(e odores de jardineiros)
do Éden primeiro das criações...
06/07/1997
IN THE MIDST OF WINTER
Uma tarde calorenta
à vontade e desatenta
cai pesada sobre a mesa.
É uma tarde fraudulenta
que nos arde e desalenta
a que estraga a sobremesa:
- nem que ensolarada seja
ou nublada se arrependa
se poeira esquenta - é poeirenta!...
QUE O MÉTODO DURE
e o tolo perdure
Sonhei que cairia
que suicidaria
(a vida caíra
depois se acabara);
mas sonho não mata
(sua cova é mui rasa)
- e assim percebida
a queda não vinha;
e como não veio
(sou eu que o descrevo)
que sinto, que penso
do tempo suspenso?
Se é sonho lógico
se é pedagógico
- tentativa e erro?
[se for pesadelo
tentativa que erro?...]
Sonhei que cairia
que suicidaria
(a vida caíra
depois se acabara);
mas sonho não mata
(sua cova é mui rasa)
- e assim percebida
a queda não vinha;
e como não veio
(sou eu que o descrevo)
que sinto, que penso
do tempo suspenso?
Se é sonho lógico
se é pedagógico
- tentativa e erro?
[se for pesadelo
tentativa que erro?...]
segunda-feira, 6 de julho de 2015
QUADRA (QUASE) RETIRADA
... este cotidiano banal-burguês
em vão citadino, tão descortês
- quisera não querer mais seu freguês!
[pudera aposentar-me de uma vez!...]
HAJA DÊ-ERRE CONSIGO MESMA!...
Vamos falar de expectativas.
Conversar sobre expectativas:
- aquilo entre nós que recíproco
é mutuamente respectivo.
Vamos tratar de expectativas.
Cuidar de conciliar diferenças
nas costas largas desta querença:
- diferenças de crença, descrenças
de personalidade, nascenças
de projeto, vontades, ensinos;
- diferenças de classe, partidos
de transporte, passagens, destinos
recursos, escolhas, equívocos
da longa lista constitutivas.
[no tatibitate dos corações
redesenhando infantis soluções
cuidemos de operar seus sentidos
(de vedar de olhar seus orifícios):
subtrair, dos cafés, cafunés
rodapés a trair parangolés]
Conversar sobre expectativas:
- aquilo entre nós que recíproco
é mutuamente respectivo.
Vamos tratar de expectativas.
Cuidar de conciliar diferenças
nas costas largas desta querença:
- diferenças de crença, descrenças
de personalidade, nascenças
de projeto, vontades, ensinos;
- diferenças de classe, partidos
de transporte, passagens, destinos
recursos, escolhas, equívocos
da longa lista constitutivas.
[no tatibitate dos corações
redesenhando infantis soluções
cuidemos de operar seus sentidos
(de vedar de olhar seus orifícios):
subtrair, dos cafés, cafunés
rodapés a trair parangolés]
domingo, 5 de julho de 2015
ANIMA MORTIS
O desânimo
pusilânime
que me acomete
magnânimo
faz-se equânime:
- o que oferece
do que promete
(que se repete)
por exânime
não acontece.
sábado, 4 de julho de 2015
REVISITA 70: SOBRE O MEU AMOR POR TI
Se o que existe de bom na vida
perdura em alguma florada eterna
num canto de galáxia,
buscarei, e trarei a água azul-clara
que lembrar-te-á, e às rosas da tua sacada
o que existe de bom na vida.
O que perdura em alguma florada eterna
num canto de galáxia.
03/07/1997
sexta-feira, 3 de julho de 2015
POESIA TEMPORAL
... oito e trinta e quatro
da manhã divinal!...
(da manhã ancestral)
[do amanhã eternal]
{de manhã, habitual}
... oito e trinta e cinco
pelo açúcar e o sal...
(pouco não fará mal)
... oito e trinta e sete
e um sol fenomenal...
... oito e trinta e oito
(que farei, afinal?)...
... oito e trinta e nove...
... oito e trinta e nove...
... oito e trinta e nove...
quinta-feira, 2 de julho de 2015
PELA DEMOCRACIA
contra a plutocracia
A dívida grega.
A lívida grega
da foto funérea
(mulher de beleza).
[cadê deusa Atena?
Leônidas? Péricles?
suas efemérides?]
A dívida etérea
(qual dívida aérea)
- e a dúvida pétrea.
Que a dúvida grega
rejeite quem pensa
(da Helena que ajoelha)
que a Grécia já era!...
quarta-feira, 1 de julho de 2015
REVISITA 69: O CANTAR DA HORA PRÓXIMA
Sob o troçar das nuvens, a conversa com o tempo
Ora calma ou sibilante, vez tronante, acareada
Converte-se, na calçada, meu passo ao léu do vento
Em tardes de pensamento, contigo e um sol brilhante;
Mas quando o clima hesita - e a brisa, então tão tímida
Mal caminha - num momento esquecido de venturas
Toca o rosto dos teus dedos meu medo de perdê-los
Embora fina a chuva, sob um céu último de ilha;
O ser crestado que briga contrafeito a tua falta
Cansado dos pedaços travestidos de certezas
Quer a paz das inteirezas - o rito dos abraços;
O ar frio que anoitece o entardecido no horizonte
No desvão da lua, pela costura das estrelas
Enternece, da líquida memória - o fim da chuva...
02/07/1997
terça-feira, 30 de junho de 2015
segunda-feira, 29 de junho de 2015
REVISITA 68: BRINCOS DE ANIVERSÁRIO
Para ornar o sorriso
Dos teus olhos
E as covas onde o meu desejo
- beijo - se perde
(e aparar o que ouves
da música desigual do mundo)
Dois pedaços de lua prata
Seis janelas do fundo azul.
17/06/1997
SERÁ FALTA DE VINHO?
Há um desespero fino
neste sofá de linho
nesse sofá de vinho
que emborco acontecido.
Nesse sofá tecido
de linho amarelado
por desesperos idos
(depois de amarelados)
há um desespero, creio
(receio exasperado)
de falta de sentido.
De um significado
que, bem acomodado
possa, bebericado
ser enfim digerido
ao invés deste hiato
desse vácuo emborcado;
que possa ser sentido
ao invés de, sentado
dissolver-se, pensado
que deveria, vivo...
terça-feira, 23 de junho de 2015
REVISITA 67: GAROTA DE LUA
A menina dos meus olhos não é tão loira
Nem parece assentada.
Mas acredite! É gêmea da garota da lua:
- tem a mente tão caraminholada
quanto dourada, e pura.
Esvoaça entre véus, espreguiçada
Da mesma forma, no banco da rua:
- se sob o sol, imagem tão ruiva
ou enluarada, grega coluna
(alva de tanta brancura)
Não importa: captura a alma num anseio
Que não é mais desejo
- é sonho e loucura!...
02/06/1997
DA RAZÃO MECÂNICA
de estelar distância
Claridade tanta
(matematizada)
de extração quântica
(teórica, aplicada)
na vida penada
(tida cartesiana)
nessa nossa escala
(larga a observância)
escurece os quanta:
- quando e como o quanto?...
- de onde, aonde o plano?...
- quem o quê, portanto?...
[porque, por enquanto
(onda ou partícula)
pouco cotidiano
tampouco ilumina]
domingo, 21 de junho de 2015
SERÁ QUE SAIO?
Nublada e frienta
seca e opaca
passada lenta
(lesa e coçada)
parada esteja:
- manhã de lesma
lamber a pedra
(manhã da mesma
correr depressa)
sábado, 20 de junho de 2015
A ESPIRAL VITAL
É doce esta lembrança
de quando fomos crianças
e éramos só esperança...
Adiante, a recordação
da adolescência em ação
(embora a sua história, não).
Futuros, quando à frente
dispõem-nos diferente
de agora, vãos presentes...
Agora, aquela idade
distante das vontades
(distante da verdade
próxima das vaidades)
impõe-se realidade
picada de saudades;
e o desencanto que vem
o escatológico trem
- é a estação também, meu bem!...
...
[o desenlace, depois
tudo trivializa, pois
não se trata de nós dois]
quinta-feira, 18 de junho de 2015
MAS SERÁ POR QUÊ?
Ando cansado
passo cansado
corro cansado
vivo cansado
morro cansado.
(ando cansado
mas não sei do quê)
[corro cansado
e não sei pra quê]
{irei cansado
mas não de você}
REVISITA 66: DENVER INTERNATIONAL AIRPORT
Se é a mim que mira
teu turbilhão de dúvidas
aquém do mar bravio
- refém da noite escura
da bruma espessa
da vida turva
apague a chama
tome a harpa
bata as asas!
No outro, vasto
lado do continente
(a pé de um pesadelo)
meu sonho-aeroporto
aparará teu vôo
pelo raiar do dia...
02/06/1997
quarta-feira, 17 de junho de 2015
MINHA NETA
A Cecília
conhecida
- a mais bela
- a mais linda
- a mais lida
que poetisa
(senão poeta)
- foi menina
ou moleca?
- foi boazinha
ou sapeca?
- se Cecília
(pois sabia)
mais querida?...
***
A Cecília
que vem vindo
- se poética
ou prosaica
- se moderna
ou arcaica
- ascética
- hedonista
- profética
- niilista
da delícia
tão bem-vinda
que pressinto
é a primícia!...
REVISITA 65: VARAL
A leveza aérea, nervosa, ligeira
com que penduras no futuro o meu presente
(na hora transitória de lua insinuada
entardecendo um tempo sem lugar)
convida certo olhar, que a mim já não pertence
a estender o horizonte, ou ao ventre retornar
***
Minha dúbia natureza vibra a freqüência
do bater elétrico de tuas asas
(o cuidado alegre de tuas lides);
entre as tuas antenas, sob a ruiva coroa
conjugam-se no espírito as tuas idéias
(rosário eterno que à minha vida ocupa)
***
Nas asas de vidro, janelas para o infinito
(fendas por onde passo) um pássaro calo
à noite espantado (nem tanto do espaço)
sob a tenda estrelada onde voa, etéreo
(a pretender teu ventre no leito do horizonte)
num governo que a mim já não pertence...
25/05/1997
TRANSIÇÃO
o papel branco
a tela branca
caneta branca
teclado branco
o papel brando
a tela plana
caneta manca
teclado quando
o papel suja
a tela pena
caneta vaza
teclado pifa
no papel penso
da tela sinto
caneta tento
teclando minto
o papel dança
a tela avança
caneta cansa
teclando ranço
terça-feira, 16 de junho de 2015
ELAS FOGEM DE MIM
Às pencas, elas somem de mim.
As palavras. E somem assim
- sentidos de frases, sentenças
em versos de estrofes de poemas
quando meu fracasso em lavrá-las
(jazidas ou fertilizadas)
deteriora, indeterminado
indefinindo, incerto e vago
talvez do cansaço - o que faço?
...
Anteontem. Ontem, por exemplo
sumiram. Parecia que iam
em meio a um lamento do tempo
exausto - como em desavenças
expelindo tal descontento
do que significariam.
...
Porque as mediocrizo lavradas
palavras em vão, são difíceis:
- o talento a menos faz crível
seu crivo tampouco acessível.
segunda-feira, 15 de junho de 2015
QUADRA SECA DE VONTADE III
Um tempo pantanoso
ressecando espantoso
(como certo desgosto)
percorro doloroso!...
domingo, 7 de junho de 2015
QUADRA SECA DE VONTADE II
Num dia preguiçoso
que parte comatoso
(como já fosse agosto)
eu corro buliçoso!...
sexta-feira, 5 de junho de 2015
A PREFERÊNCIA É MINHA
embora relativa
Pergunto, vez em quando
sobre Leo e Cristiano.
Me perguntam, todo ano
entre Messi e Ronaldo
- com quem a mais me encanto?
Embora a preferência
entre a força e a magia
por tal arte ou qual ciência
mais futebolística
seja somente minha
a minha (in)competência
cria e conclui infinda:
- mais importa quem, do alto
ao outro, alça mais alto!...
REVISITA 64: PRINCIPESCA
Sob a chuva intensa, parede de um céu desmoronando,
Alagada inteira a floresta, prenhe, inchada de oceanos,
Meu olhar batráquio, encantado, boiando vítreo, extático,
Pétreo te contempla borboleta, princesa dos meus sonhos!...
Sob um cogumelo envergado, no suspenso espaço,
Suspendo as palavras - encerrada a bocarra enigmática
Em dúvidas - embora às tuas asas, submissas borrifadas
Destile, principescas - colar de caricatas gentilezas...
O sapo sapo! que sou aguarda, paciente,
Um arrastar teu de asa, sapiente?
Antes que passe a água, e a borboleta espreguice;
O sapo príncipe? que não pareço barganha, pedinte,
O teu ósculo improvável, haja sapo a engolires
Entre os vários verdes pétreos que remanescem...
23/05/1997
quinta-feira, 4 de junho de 2015
QUADRA SECA DE VONTADE
Num dia glorioso
que arde luminoso
junho/julho, a gosto
eu corro até o osso!...
quarta-feira, 3 de junho de 2015
REVISITA 63: CLARA AINDA DESERTA
Às vezes pressinto, quando alço a vista acima
Da rotina quase prazerosa, pacífica cotidiana,
O que de mim surpreso ainda não veio:
- um gesto cego, no espelho outra sombra
indo além do silêncio leve e tranqüilo
que hoje desfalece poeirento.
Às vezes penso, quando meço o tempo à frente
Do deserto luminoso atravessado na garganta,
No que de ti terá de vir, veio d'água em terra seca:
- a umidade das saliências, o suco das reentrâncias,
a promessa que a fotografia toda sorriso antecipa
do que hoje me impele a braçada na areia.
Amor, às vezes acho que sou tão teu,
Binóculo tão enfocado no que é teu,
Que te enxergo clara, duna ensolarada,
Nos grãozinhos da areada vida esfarelada;
Amor da foto quase poeira sobre a mesa,
Da bruma cega da promessa ainda futuro,
Traga a surpresa-oásis do vir-que-veio-mesmo!
Ao espelho vislumbrado quando alço o eu acima...
19/05/1997
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